Terça-feira, 05.05.09

Era para custar 30 milhões. Custou 71 milhões. É um fado português, com certeza, é com certeza um fado português.



publicado por Jorge Ferreira às 09:39 | link do post | comentar

Segunda-feira, 22.12.08

O Tribunal de Contas detectou deficiências na Conta Geral do Estado de 2007 e, por isso, mantém "reservas" sobre as receitas, as despesas e o défice na óptica de caixa, segundo o parecer entregue hoje na Assembleia da República. Se fosse no tempo de Santana Lopes tínhamos artigo de Cavaco Silva no Expresso, corropio jus-financeiro em Belém para analisar a credibilidade do Estado e colunistas a desabrir no Governo. Todavia, agora, nada sucederá.
 



publicado por Jorge Ferreira às 20:21 | link do post | comentar

Sexta-feira, 19.12.08

O Tribunal de Contas confirmou hoje o chumbo ao empréstimo de 360 milhões de euros que a Câmara Municipal de Lisboa (CML) queria contrair junto da Caixa Geral de Depósitos (CGD) para saldar dívidas a fornecedores. Terceira má notícia em dias seguidos para António Costa. Não vai ser possível pagar a dívida da Camara com mais dívida da Camara. Depois da fava Santana Lopes, da favinha Helena Roseta, a favona do Tribunal de Contas saiu a António Costa.



publicado por Jorge Ferreira às 11:34 | link do post | comentar

Sexta-feira, 05.12.08

230 % a mais, de 34 para 111 milhões de euros. É a Casa da Música, senhores. É a Casa da Música.



publicado por Jorge Ferreira às 12:11 | link do post | comentar | ver comentários (2)

Sexta-feira, 19.09.08

A dívida e o empréstimo para pagar a dívida da Câmara de Aveiro, se vivêssemos num país com uma indústria audiovisual razoavelmente desenvolvida, dava para fazer uma série tipo-Dallas ou então uma série dos Monthy Pyton, com capacidade para divertir cinco gerações de telespectadores. Não desesperemos, porém. Haja esperança que um dia os Gato Fedorento peguem no assunto.

 

Ora, vejamos as coisas como elas são, a frio e o mais objectivamente possível:

 

1º A Câmara Municipal de Aveiro, uma entidade pública que recebe o dinheiro dos contribuintes, que é suposto gastar com parcimónia e sem desperdício, gastou mais do que aquilo que podia e contraiu uma assustadora dívida.

 

2º A Câmara Municipal de Aveiro, uma entidade pública que recebe o dinheiro dos contribuintes, que é suposto gastar com parcimónia e sem desperdício, decidiu resolver o problema contraindo outra dívida, para pagar a dívida anterior.

 

3º A Câmara Municipal de Aveiro, uma entidade pública que recebe o dinheiro dos contribuintes, que é suposto gastar com parcimónia e sem desperdício, celebrou, para o efeito, um contrato de empréstimo de 58 milhões de euros com a Caixa Geral de Depósitos em 27 de Novembro de 2007.

 

4º A Caixa Geral de Depósitos é um banco do Estado, uma entidade pública que recebe o dinheiro dos contribuintes, que é suposto gastar com parcimónia e sem desperdício, e vive exclusivamente de capitais públicos, que vêm do dinheiro dos contribuintes.

 

5º O Tribunal de Contas, entidade pública que também é paga com o dinheiro dos contribuintes para assegurar que as outras entidades públicas que vivem com o dinheiro dos contribuintes o usam como deve ser,  com poderes de julgar os actos financeiros das outras entidades públicas, aprovou o contrato de empréstimo entre a C. M. A. e a C. G. D. no Acórdão 47/08, de 27 de Março.

 

6º Neste momento, a Câmara Municipal de Aveiro está a aguardar um esclarecimento da Caixa Geral de Depósitos (CGD) para saber se mantém as condições do empréstimo de 58 milhões de euros anteriormente contratado e já autorizado.

 

Bom, para ser suave, ocorre-me a expressão gozar com o pagode. Se fosse mal criado poderia usar outro tipo de vocábulos. Mas tenho processos judiciais suficientes com que me entreter no escritório, não necessito de mais e por isso fico-me por aqui.

 

Apenas faço as seguintes perguntas:

 

1ª Se as condições contratuais forem alteradas a autorização do Tribunal de Contas continua válida?

 

2ª Por que razão a Câmara Municipal de Aveiro não acautelou esta situação no próprio contrato?

 

3ª Se a Caixa Geral de Depósitos disser que vai aplicar um spread diferente do que está previsto no contrato, todo o processo do empréstimo não tem de voltar ao princípio dos princípios, a começar por nova deliberação favorável dos órgãos autárquicos e demais actos legais subsequentes?

 

4ª Acaso alguém na C. M. A., sei lá, um vereador, um assessor, um técnico, um funcionário, não se lembrou de acautelar esta situação no contrato com a C. G. D.?

 

O que eu desejo, já que todo o mal está feito, é que tudo isto seja, apenas ficção, e, no fim, acabe tudo em bem.

 

Porque senão acabar a vergonha de tanta incompetência a lidar com assuntos sérios não pode deixar de ter consequências políticas. Designadamente a demissão do executivo municipal, responsável por este indescritível processo.

(publicado na edição de hoje do Diário de Aveiro)

 



publicado por Jorge Ferreira às 11:42 | link do post | comentar

Sexta-feira, 05.09.08

O Tribunal de Contas autorizou finalmente a Câmara Municipal de Aveiro a contrair um empréstimo, no valor de 58 milhões de euros para pagamento de dívidas a fornecedores. O visto do Tribunal foi dado após a autarquia ter alterado e corrigido o plano de saneamento financeiro e após ter tido que fornecer diversos esclarecimentos sobre o plano, o qual é, pelos vistos, suficientemente esotérico para que nem os juízes do Tribunal de Contas o tivessem entendido à primeira.

 

Os 58 milhões servirão para a Camara liquidar as dívidas de curto prazo a fornecedores. No entanto, o passivo total situa-se entre os 128 milhões e os 150 milhões, conforme os resultados de duas auditorias. Existem ainda compromissos, entre os 18 milhões e os 30 milhões de euros, que poderão onerar igualmente os cofres do município. Ou seja, falta o resto. Quase tudo o que diz respeito ao futuro do desenvolvimento de Aveiro.

 

Depois de garantir a possibilidade de contrair uma dívida para pagar uma dívida, solução tipicamente socialista e despesista muito em voga na administração pública portuguesa, central, regional e autárquica, falta a Câmara explicar como vai resolver estruturalmente o problema do passivo.

 

Repare-se como parte substancial do dinheiro da nova dívida do município à Caixa Geral de Depósitos vai servir para pagar dívidas a instituições públicas, como as juntas de freguesia, por exemplo. O vereador que tutela as Finanças municipais e o presidente da Câmara, Élio Maia, já esclareceram que as juntas de freguesia serão as primeiras entidades a receber os montantes em atraso.  N

 

Não é só na Câmara de Aveiro que se revela o problema da má utilização do dinheiro dos contribuintes. Muitas outras têm passivos inadmissíveis, resultantes de uma deficiente cultura política e de gestão dos autarcas. Criam-se departamentos que geram automaticamente milhares de euros de despesa em pessoal e logística, utilizam-se bens da autarquia para uso pessoal, não se fiscalizam devidamente as despesas dos projectos de urbanização, permitem-se aos privados ganhos supérfulos, criam-se empresas municipais que são sorvedouros inúteis de dinheiro, criam-se empregos para amigos e clientelas, fazem-se festas faraónicas enquanto se devem milhões aos fornecedores, constróiem-se infraestruturas faraónicas e desnecessárias para encher o olho.

 

Em Aveiro, para além do novo endividamento ninguém sabe como pretende a Câmara Municipal resolver o problema estrutural do passivo, sobretudo como pretende resolvê-lo sem pôr em causa as necessidades de desenvolvimento do concelho. Ou seja, agora falta o resto. Haverá resto?

(publicado na edição de hoje do Diário de Aveiro)

 



publicado por Jorge Ferreira às 10:09 | link do post | comentar

Sexta-feira, 04.04.08
O milagre das rosas preparado pela Câmara Municipal de Aveiro para resolver o problema financeiro das dívidas de curto prazo já não se vai concretizar. A rainha D. Isabel não gostou das flores. O Tribunal de Contas recusou o empréstimo de 58 milhões de euros que a Câmara de Aveiro pretendia contrair no âmbito do Plano de Saneamento Financeiro para o município.

O Tribunal justifica a decisão com o facto de o Plano de Saneamento Financeiro não estar densificado como agora preceitua o artigo 4.º do Decreto-Lei 38/2008 de 7 de Março.

A Câmara de Aveiro, que como se viu adoptou uma estratégia temerária, já garantiu que vai «adaptar o Plano em consonância com a referida lei, densificando-o nos termos indicados, a fim de ser submetido à análise dos órgãos municipais e, posterior, remessa ao Tribunal de Contas».

O pedido de empréstimo bancário de 58 milhões de euros foi remetido ao Tribunal em fins de Novembro, depois de ter sido aprovado por unanimidade em Assembleia Municipal. O recurso à banca é uma medida prevista na nova Lei das Finanças Locais para os municípios que se encontrem em situação de desequilíbrio. O pedido motivou quatro pedidos de esclarecimento à Câmara de Aveiro, em Dezembro de 2007, Fevereiro e Março últimos.

O empréstimo seria contraído junto da Caixa Geral de Depósitos e liquidado em 12 anos (com três anos de carência). Os 58 milhões tinham como destino o abatimento de parte da dívida de curto prazo aos credores do município, como fornecedores, associações e juntas de freguesia. A Câmara de Aveiro deve 24,8 milhões de euros a fornecedores, 19,9 milhões a sociedades de factoring, tem uma divida de 150 milhões respeitante à administração autárquica, de 2,1 milhões relativa a protocolos e subsídios e deve a outros credores, como a sociedade Polis, a ADSE ou a Refer, um total de 5,8 milhões de euros.

Depois de ter demorado uma eternidade até conseguir calcular a dívida municipal, a Câmara Municipal de Aveiro revela agora mais incompetência ao não conseguir autorização do Tribunal de Contas para contrair o empréstimo. Independentemente de se considerar a contracção de mais dívida como a solução adequada, este episódio revela uma vez mais que o executivo municipal não está à altura das responsabilidades.

Mas pior do que a recusa do empréstimo, é o prolongamento da agonia financeira do município. Nem uma medida concreta que se veja a Câmara Municipal tomou para resolver o problema estrutural da dívida. Nem uma. E isto significa que, com ou sem empréstimo, a Câmara Municipal de Aveiro vai continuar por muitos anos paralisada e sem capacidade de decisão. O tempo não resolve por magia o que os homens não são capazes de resolver por competência.

Veja-se o exemplo das empresas municipais. Aí continuam elas em todo o seu esplendor, a acumular gasto, despesa e dívida sem que a Câmara Municipal saiba o que fazer.

Aveiro merece melhor.

(publicado na edição de hoje do Diário de Aveiro)
(Foto)


publicado por Jorge Ferreira às 10:47 | link do post | comentar

Sábado, 22.12.07
O Tribunal de Contas não certifica as contas do défice feitas pelo Governo PS em 2006. Afinal, isto equivale a não se saber quanto é ao certo o montante do défice. Uma nódoa no ministério de Teixeira dos Santos. Mas não há volta a dar. O mundo considera o senhor um excelente ministro. Sendo assim, não há realidade que valha. Durante a tarde, Campos e Cunha passeava nas Amoreiras. Trazia um equívoco sorriso na cara.


publicado por Jorge Ferreira às 20:09 | link do post | comentar | ver comentários (1)

Quinta-feira, 05.04.07
Esta semana, o PS aprovou uma lei da televisão sózinho. Pode? Pode. Teve os votos, tem os deputados. Usa o poder que tem. Não precisa de ninguém. Cavaco Silva, antes de ter aderido à cooperação estratégica, fez exactamente o mesmo e o PS então não gostava.

Esta semana, o PS impediu, sózinho, o acompanhamento parlamentar da construção do aeroporto da Ota. Pode? Pode. Teve os votos, tem os deputados. Usa o poder que tem. Não precisa de ninguém. Cavaco Silva, antes de ter aderido à cooperação estratégica, fez exactamente o mesmo e o PS então não gostava.

O ministro das Finanças, esta semana, reagiu enervadamente a um relatório do Tribunal de Contas, que aponta os desmandos com os gastos nos gabinetes dos membros dos três últimos Governos, incluindo o imaculado Governo Sócrates. O ministro acusou o Tribunal de fazer relatórios sem rigor e a comunicação social de os relatar sem rigor (imaginem Santana Lopes a fazer isto…). Cavaco Silva, antes de ter aderido à cooperação estratégica, fez exactamente o mesmo e o PS então não gostava. Eram os gloriosos tempos das forças de bloqueio. Com a sensível diferença de que, desta vez, ao contrário do que sucedia então, o Presidente do Tribunal de Contas é absolutamente insuspeito de antipatias políticas para com o Governo.

Esta semana, enfim, revelou-se em plenitude a crise do curso do Primeiro-Ministro. Não é o ter ou não uma licenciatura que é relevante. O que é relevante é o Primeiro-Ministro ter alterado a sua biografia profissional e não ter tido a capacidade de desfazer as dúvidas suscitadas pela regularidade do seu processo de licenciatura. Apanhado em contra-pé, José Sócrates não resistiu à apertada e contida farda do marketing profissional que vestiu para chegar onde chegou e perdeu as estribeiras.

Estes episódios mostram como em política nem tudo se controla, nem tudo é cientificamente exequível e, sobretudo, os limites das poses da propaganda. E, pasme-se, tudo graças a um blogue. Sim, um simples blogue, que durante meses investigou metodicamente um assunto, como todos pensávamos que só o jornalismo profissional de investigação podia fazer. A seguir, o Público, seguiu as pisadas da informação e fez estalar o verniz governamental. Para um observador descomprometido não se entende como é que se José Sócrates tem a consciência que tudo está bem mostrou tanto nervosismo, precipitando-se para os jornalistas tentando impedir notícias (imaginem Santana Lopes a fazer isto…).

Em tempos passados mas não muito distantes, talvez viesse esta semana um ex-líder socialista lamentar-se da má moeda e talvez um Presidente da República permanentemente preocupado tivesse chamado o Primeiro-Ministro a Belém para dar explicações. Mas nos imaculados tempos actuais, apenas resta uma dúvida: será que o país fará a vontade a António Vitorino e habituar-se-á mesmo? É que as maiorias absolutas não são sinónimo de eternidade e, muito menos de infalibilidade. Não sei se, nesta fase do campeonato, o PS ainda vai a tempo de o perceber.
(publicado na edição de hoje do Semanário)


publicado por Jorge Ferreira às 11:52 | link do post | comentar

Sábado, 24.03.07
O Tribunal de Contas vem finalmente confirmar o que já se sabia. As empresas municipais são o regabofe da despesa, do clientelismo, das mordomias e quase sempre da inutilidade. Remunerações mais elevadas do que o permitido na lei, vários vencimentos adicionais não autorizados, acumulação de vencimentos com os auferidos noutras funções e falhas nas declarações de rendimentos e de inexistência de incompatibilidades. Estas foram algumas das irregularidades encontradas pelo Tribunal de Contas à auditoria que realizou junto de 31 empresas municipais durante os anos de 2003 e 2004. Em 14 empresas (o equivalente a 45% do número total analisado), serem atribuídos aos administradores vencimentos-base e despesas de representação que ultrapassam o que estava previsto no Estatuto dos Gestores Públicos. A diferença mais elevada em relação ao permitido é de 189 por cento, registada no vencimento de um vogal do conselho de administração da MafraAtlântico. Logo em seguida surgem diferenças em torno dos 40 por cento registadas nas remunerações dos responsáveis máximos de empresas como a EPUL e a EMEL. Em nove empresas, tendo em conta os vencimentos acumulados no exercício de outros cargos, muitas vezes na própria Câmara Municipal, a remuneração destes gestores ultrapassa os 75 por cento do vencimento do Presidente da República, incluindo despesas de representação. Um verdadeiro regabofe. E não se pode exterminá-las?


publicado por Jorge Ferreira às 12:45 | link do post | comentar

Sexta-feira, 16.03.07
O Tribunal de Contas acaba de arrasar o Governo CDS, isto é, Portas na Defesa e Cardona na Justiça. Despesas prejudiciais para o Estado na aquisição de equipamento militar, verbas gastas sem suporte, contratos duvidosos, dinheiro pago a empresas sem contrapartidas, já para não falar dessa pérola da ruína pública da célebre sede da PJ em Caxias que custou aos bolsos dos contribuintes uns largos milhões de euros, graças à especial competência política da actual jubilada administradora da Caixa Geral de Depósitos.

Manda a verdade que se diga que estes dois não são os únicos governantes visados nos relatórios do Tribunal de Contas. A acompanhá-los estão vários dos clássicos PS e PSD. Mas esta parece ser mesmo uma boa altura para lembrar ao país o que se ganhou com o CDS no Governo. Presumo que este item comparecerá no debate ideológico interno que emociona actualmente este partido e que se centra no estimulante dilema sobre se o líder há-de ser eleito pelos mesmos em directas ou pelos mesmos em Congresso.
(publicado na edição de hoje do Democracia Liberal)


publicado por Jorge Ferreira às 00:47 | link do post | comentar

Sábado, 03.02.07
Com o país distraído a discutir sim's e não's ao aborto, a vida tem-lhe passado ao lado. Ninguém reparou, por exemplo, nesta pérola. O Tribunal de Contas acusa o Governo de ter travado a modernização da linha ferroviária do Norte, que liga Lisboa ao Porto, para garantir que o TGV venha a ter clientes. O Tribunal de Contas (TC) usa este caso para exemplificar as falhas permanentes na execução dos projectos de investimento programados pelos governos e no desperdício de recursos que essa atitude acarreta. Ora aí está um tema que já ninguém parece estar interessado em debater. O Governo, evidentemente, está ocupado com outros assuntos e o pessoal anda a preparar a folia do Carnaval. O nosso dinheiro, entretanto, anda por aí. A quem aproveitam estas decisões do Governo que nos vão custar os olhos da cara?


publicado por Jorge Ferreira às 12:56 | link do post | comentar

JORGE FERREIRA
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