Como seria de esperar (convém a todos...) prossegue o entretém Saramago. Mas creio que laboramos num equívoco. O Nobel dele é da Literatura, não da Paz...

A Igreja, a comunidade judaica e mais uns quantos de costume e bonita farpela mediático-intelectual, acabam de constituir a "Associação de Amigos de Saramago". Desataram a dar-lhe troco e, assim, a fazer as vezes da distribuidora e a vender-lhe os cadernitos.

Sete cristãos, entre os quais quatro mulheres e uma criança, foram queimados vivos no último fim-de-semana numa povoação do Paquistão, acusados de profanar o Corão. Obama terá certamente alguma coisa a dizer. Os compreensivos adeptos do diálogo das civilizações também. Digo eu...

Ban Ki-moon diz que islamofobia é “forma de racismo”. E a cristianofobia é o quê? O senhor não disse.

A civilização que acaba de se lambuzar durante uma semana a gozar com o Papa por causa de uma frase sobre preservativos aceita, sem pestanejar, pedir desculpa por ter gozado com Maomé para ter a Turquia não sei aonde ou para garantir o apoio da Turquia não sei para quê, ou, ou, ou. Quem não se dá ao respeito não pode esperar respeito dos outros. Estamos entregues aos Rasmussen's desta vida.

(Via Blasfémias)

D. Januário Torgal Ferreira, bispo das Forças Armadas considerou hoje que proibir o preservativo é consentir em muitas mortes. Eu não conheço ninguém que, até agora, tenha defendido a proibição do preservativo. D. Januário fala de quem?

"Impensável. Um deputado holandês foi impedido de entrar na Grã Bretanha por difundir opiniões “radicais” sobre o Islão. (...) medidas como esta não só não contêm a xenofobia (pelo contrário, alimentam-na ao fornecer-lhe a vitimização) como colocando uma religião salvaguardada da controvérsia (e nem do risco da blasfémia o devia ser) limita-se o exercício do contraditório, baixando-se as guardas do laicismo democrático (que comporta o direito ao disparate) perante sociedades extremistas, fanáticas e de religião oficial e obrigatória, copiando destas os métodos de exclusão."

Se é o João que o diz...

Centenas de pessoas assistiram a uma missa diferente na restaurada igreja do Mosteiro de Pedroso, em Vila Nova de Gaia. A homilia contou com a presença do presidente da Câmara de Gaia, Luís Filipe Menezes, acompanhado de outros elementos do executivo camarário, como o vice-presidente Marco António Costa. Em vez da circunspecção que normalmente costuma caracterizar a celebração cristã ouviram-se fortes salvas de palmas à medida que o autarca anunciou investimentos. Se  Menezes tivesse chegado a Primeiro-Ministro passaria a pregar na Sé de Lisboa? Quem pensa que só vêm tristezas do PS, desengane-se: a cultura política em Portugal está muitas vezes ao nível da de Chavez. O padre Luís já está em campanha junto do Altíssimo. Eis o grau zero da política no seu máximo esplendor.

O Cardeal Patriarca de Lisboa disse uma evidência: que as mulheres portugueses que casarem com muçulmanos se  podem meter num monte de sarilhos que nem Alá sabe como podem terminar. Esta evidência corre o risco de sofrer um vendaval de críticas politicamente correctas. Mas a forma como muitas interpretações do Alcorão tratam as mulheres é incompatível com as concepções ocidentais de igualdade de tratamento e de direitos entre homens e mulheres. Fez muito bem em dizê-lo.

Alheado como tenho andado das coisas mais ou menos terrenas, leio no João Gonçalves que Cavaco Silva se terá declarado católico praticante à saída de uma audiência com o Papa. Por mim, nada a opôr. Enoja-me a hipocrisia de as pessoas terem de fazer de conta que são o que não são para exercer certas funções, das quais pode ser, por exemplo, a de Presidente da República. Mas já acho muito estranho que o país tenha ficado sem saber como votou Cavaco Silva no referendo sobre o aborto. Coisas estranhas.

Circula uma polémica por alguns blogues sobre se os padres têm direito à opinião ou não. Extraordinária polémica esta. Há duas razões para negar o direito à opinião dos padres: temê-la por supor uma força nessa opinião que nos desgrada, será o caso dos militantes, ou desprezá-la por se entender que há cidadãos de primeira e de segunda, será o caso dos adversários da liberdade, que gostam de a reservar apenas para si próprios.