Sexta-feira, 01.02.08
Francisco Correia de Heredia, foi feito visconde da Ribeira Brava por D. Luís I. Formado em Letras, notável esgrimista, poli-comendador, cavaleiro-fidalgo da Casa Real, governador civil de um sortido de distritos, Beja, Bragança e Lisboa e deputado antes e depois de 1910. No combate contra a monarquia, republicanos e dissidentes do Partido Progressista formaram um comité revolucionário: Herédia e Alpoim de um lado, e Afonso Costa, que o visconde admirava, e Alexandre Braga, de outro. O comité reunia em sua casa. Teria aí nascido o plano do movimento revolucionário de 28 de Janeiro de 1908, para depor João Franco, anulado três dias depois. As armas do 28 de janeiro foram compradas e guardadas pelo visconde da Ribeira Brava. Após o homicídio de D. Carlos I e do príncipe real, Francisco filiou-se ao Partido Republicano e exerceu grande influência política na Madeira. Perseguido pelo sidonismo, foi morto em tiroteio, em Lisboa. Francisco Correia de Herédia é o trisavô paterno de D. Isabel de Herédia, esposa de D. Duarte Pio, o duque de Bragança e pretendente ao trono. Tese monárquica antiga considera que o visconde da Ribeira Brava foi o mentor, uma espécie de autor moral, quiçá o fornecedor das armas do regicídio. A monarquia está, pois, reconciliada com a história.
(Foto)


publicado por Jorge Ferreira às 17:17 | link do post | comentar | ver comentários (1)

(O regicídio)


Ocorre hoje o centenário do regicídio. A data despertou paixões latentes e escondidas no dia-a-dia e suscitou um debate sobre D. Carlos e a monarquia. De repente, passou a ser moda, nalguns círculos com pouca memória e pouca informação histórica, elogiar D. Carlos e a monarquia. A propósito do centenário do regicídio e do centenário da República, tem recrudescido o debate sobre o virtuoso rei assassinado à queima-roupa no Terreiro do Paço e, de passagem, sobre a bandalheira em que o Partido Republicano transformou a Pátria.

A experiência da I República ajuda à festa da celebração monárquica. Sabe-se que até à chegada de Oliveira Salazar, o país afundou-se em lutas, gastos, desordens e escaramuças de rua sortidas, depois do derrube da Monarquia. Em continuidade, aliás, com o que já sucedia antes.

Mas além do centenário do regicídio, sobrevem um outro: o da própria República, que ocorre em 2010. O regime, sem perceber os tempos, decidiu comemorá-la da pior forma. Decorou o Diário da República com uma comissão, mais outra de honra, um conselho científico, uma sub-comissão, tudo certamente bem regado de actas, instalações, senhas de presença e ajudas de custo. Lamentável. Mais parece uma comemoração monárquica da República.

Eu sou convictamente republicano. Mas não tenho da República a noção das romarias aos cemitérios e das charangas de brigadas do reumático. Julgo até que a questão do regime não é actualmente uma polémica. Mas sempre me declarei favorável ao tira-teimas por que tantos monárquicos anseiam: um referendo sobre a forma republicana de Governo. Quando o pude fazer, propus essa alteração constitucional, sem sucesso. Por mim, faça-se já e arrume-se com a questão, embora, sinceramente, me pareça que os próprios monárquicos decidiram, pelo menos por uns tempos, congelar a ideia.

O ponto importante neste momento é este: republicanos ou monárquicos, importa saber quem concorda e quem discorda com o homícidio como forma de luta política. Em 25 de Abril de 1974 não foi preciso matar ninguém. Para derrubar a monarquia também não era preciso. É por isso que o regicídio deve incomodar qualquer cidadão de bem, independentemente da sua convicção de regime.

Um ministro da República, esta semana, por pressão do inenarrável Bloco de Esquerda, que desde o referendo do aborto anda à procura de causas, proibiu a banda do Exército de participar numa comemoração do regicídio. Julgo que daqui a cem anos ninguém se lembrará desse ministro. Mas continuar-se-á a lembrar o regicídio. Por culpa de alguns republicanos facínoras.


(publicado na edição de hoje do Diário de Aveiro)


publicado por Jorge Ferreira às 00:02 | link do post | comentar | ver comentários (2)

Quinta-feira, 31.01.08
Os portugueses comemoram pouco e mal. Comemoram pouco porque abandonaram a sua história. Quando comemoram, comemoram mal, à base da comenda, das comissões e dos feriados. Entre nós, as comemorações são normalmente um bom pretexto para a preguiça.

Agrada-me que os monárquicos comemorem o homicídio político do rei D. Carlos. Significa que há gente viva, que não perdeu o sentido das suas convicções. O homicídio como método de luta política chama-se nos nossos dias terrorismo, no que os regicidas terão sido percursores. Tenho para mim que se tratou, não apenas de um crime, como de um acto inútil, já que a monarquia cairia por si.

Essa comemoração permite-me a mim comemorar desde já, a República. Comemorar o princípio democrático fundamental, segundo o qual, a sede do poder é o povo e o mérito e não o sangue e a herança de uma família especial. Aí reside a essência da diferença. E essa deve comemorar-se sempre. Para um republicano como eu, pelo menos.
(publicado na edição de hoje do Democracia Liberal)


publicado por Jorge Ferreira às 21:47 | link do post | comentar

JORGE FERREIRA
Novembro 2009
Dom
Seg
Ter
Qua
Qui
Sex
Sab

1
2
3
4
5
6
7

8
9

20
21

22
23
24
25
26
27
28

29
30


ARQUIVOS

Novembro 2009

Outubro 2009

Setembro 2009

Agosto 2009

Julho 2009

Junho 2009

Maio 2009

Abril 2009

Março 2009

Fevereiro 2009

Janeiro 2009

Dezembro 2008

Novembro 2008

Outubro 2008

Setembro 2008

Agosto 2008

Julho 2008

Junho 2008

Maio 2008

Abril 2008

Março 2008

Fevereiro 2008

Janeiro 2008

Dezembro 2007

Novembro 2007

Outubro 2007

Setembro 2007

Agosto 2007

Julho 2007

Junho 2007

Maio 2007

Abril 2007

Março 2007

Fevereiro 2007

Janeiro 2007

Dezembro 2006

subscrever feeds
tags

efemérides(867)

borda d'água(850)

blogues(777)

josé sócrates(537)

ps(339)

psd(221)

cavaco silva(199)

pessoal(182)

justiça(180)

educação(150)

comunicação social(139)

política(137)

cds(126)

crise(121)

desporto(120)

cml(116)

futebol(111)

homónimos(110)

benfica(109)

governo(106)

união europeia(105)

corrupção(96)

freeport de alcochete(96)

pcp(93)

legislativas 2009(77)

direito(71)

nova democracia(70)

economia(68)

estado(66)

portugal(66)

livros(62)

aborto(60)

aveiro(60)

ota(59)

impostos(58)

bancos(55)

luís filipe menezes(55)

referendo europeu(54)

bloco de esquerda(51)

madeira(51)

manuela ferreira leite(51)

assembleia da república(50)

tomar(49)

ministério público(48)

europeias 2009(47)

autárquicas 2009(45)

pessoas(45)

tabaco(44)

paulo portas(43)

sindicatos(41)

despesa pública(40)

criminalidade(38)

eua(38)

santana lopes(38)

debate mensal(37)

lisboa(35)

tvnet(35)

farc(33)

mário lino(33)

teixeira dos santos(33)

financiamento partidário(32)

manuel monteiro(32)

marques mendes(30)

polícias(30)

bloco central(29)

partidos políticos(29)

alberto joão jardim(28)

autarquias(28)

orçamento do estado(28)

vital moreira(28)

sociedade(27)

terrorismo(27)

antónio costa(26)

universidade independente(26)

durão barroso(25)

homossexuais(25)

inquéritos parlamentares(25)

irlanda(25)

esquerda(24)

f. c. porto(24)

manuel alegre(24)

carmona rodrigues(23)

desemprego(23)

direita(23)

elites de portugal(23)

natal(23)

referendo(23)

apito dourado(22)

recordar é viver(22)

banco de portugal(21)

combustíveis(21)

música(21)

pinto monteiro(21)

bcp(20)

constituição(20)

liberdade(20)

saúde(19)

augusto santos silva(18)

cia(18)

luís amado(18)

todas as tags