Sexta-feira, 02.10.09
Provavelmente os irlandeses dirão "sim" à segunda, no referendo de hoje ao famigerado Tratado de Lisboa. O medo da crise, a chantagem monetária de Bruxelas e a devolução aos irlandeses do comissário perdido, terá invertido o sentido de voto relativamente ao primeiro referendo. Restará então a esperança checa, a esperança polaca e a esperança Cameron.
Quinta-feira, 11.12.08
A Irlanda vai ser obrigada a realizar o segundo referendo sobre o Tratado de Lisboa, depois de o povo irlandês o ter rejeitado em Junho passado. Nas democracia europeias os referendos realizam-se tantas vezes quantas as necessárias para dar o resultado pretendido. As pessoas que representam actualmente os Estados da União deviam reflectir se estão mesmo à altura da empreitada. Para mim, não estão. E vão cavando mais fundo o divórcio entre os povos e a União. Obviamente espero que os irlandeses voltem a dar uma resposta adequada à batota política, à chantagem política e a todas as manobras no sentido de desrespeitar a sua vontade já legitimamente expressa.
Segunda-feira, 23.06.08
"Durão Barroso disse: "não há um plano B" para o chumbo irlandês ao Tratado de Lisboa (http/www. eubusiness.com/news-eu/ 208419320.63/). Após o chumbo, começou logo a falar da alternativa. Esta displicência com a verdade inspira-se num dos seus autores de juventude: "Em geral, aquilo que obtém bom resultado é correcto, e o que fracassa é incorrecto, principalmente se se trata da luta dos homens contra a natureza. Na luta social, as forças que representam a classe avançada registam por vezes fracassos, não porque elas tenham ideias falsas, mas sim porque, na correlação das forças em luta, elas são temporariamente menos poderosas do que as forças da reacção. Assim elas fracassam temporariamente mas, tarde ou cedo, acabam por triunfar.(...) Não há outro meio de fazer a prova da verdade." Pequeno Livrinho Vermelho, Citações do Presidente Mao Tsetung, cap. 22, Editorial Minerva, 1975, p.145-146).|"
João César das Neves, no Diário de Notícias.
Sexta-feira, 20.06.08
Quinta-feira, 19.06.08
Há quem queira lançar umas bombas atómicas sobre a Irlanda, presumo que por causa do resultado do referendo do Tratado! O delírio a que se chega já raia o absurdo.
(Via A Destreza das Dúvidas)
O Primeiro-Ministro irlandês pediu tempo para ultrapassar o impasse que resulta do Não do povo irlandês ao Tratado porreiro. Primeiro, não entendo qual é o impasse. A União não morreu nem desapareceu. Funciona todos os dias. Tem regras, algumas delas bem nocivas, que só existem porque negaram referendos sucessivos aos cidadãos dos Estados. Segundo, não entendo essa do tempo. Querem que os irlandeses se esqueçam? Querem comprar-lhes o voto com mais dinheiro, para que eles deixem de ser ingratos, como o insuportável socialista que Sarkozy meteu no seu Governo na pasta dos Negócios Estrangeiros lhes chamou? Querem mais batota?
(publicado no Camara de Comuns)
Domingo, 15.06.08
Os líderes de ocasião da União Europeia, que odeiam referendos, afinal, amam referendos. Quando perdem um, pedem logo outro!
(publicado no Camara de Comuns)
Sexta-feira, 13.06.08
O Não ganhou na Irlanda. O Tratado de Lisboa devia ser abandonado como sucedeu à sua mãezinha Constituição europeia e ser negociado um outro que abandone o federalismo.
José Barroso, o alto funcionário europeu, já disse que o processo de ratificação do Tratado que os irlandeses não acharam porreiro é para continuar. Seria demais esperar bom senso desta nomenclatura europeia que desrespeita o voto popular e só é capaz de de governar nas costas da vontade popular democraticamente expressa. Como previ, está em marcha o rolo compressor. Estes democratas de ocasião vão expulsar a Irlanda da União?
O ministro da Justiça irlandês admitiu já a vitória do “não” no referendo ao Tratado de Lisboa, confirmando os números que estão a ser divulgados pela imprensa. Segundo a televisão pública, os opositores ao novo tratado europeu foram maioritários em 37 das 43 circunscrições do país. Hoje, sinto-me irlandês. As ameaças e as chantagens de toda a ordem não intimidaram o povo irlandês. A acreditar nas interpretações politicamente correctas, segundo as quais os adeptos desta União não foram votar e os adversários dela é que foram militantemente votar, então temos de concluir que nem os adeptos esta Europa burocrática, distante dos cidadãos e em que os grandes subjugam os legítimos interesses e soberanias dos Estados menos poderosos, se conseguem entusiasmar com os líderes porreiros da União. E fica também claro que o PS e o PSD traíram os seus eleitores não fazendo o referendo porque tiveram MEDO da vontade soberana do povo português. Unma só palavra aos irlandeses: PORREIRO, PÁ!
(Foto)
(publicado no Camara de Comuns)
Para acompanhar aqui, no Irish Times.
Ainda ninguém sabe os resultados do referendo irlandês. Mas a elevada abstenção dá alento ao Não, mostrando o fraco interesse que o estado actual da União Europeia desperta nos cidadãos. Se o Não ganhar está tudo preparado para meter os irlandeses num "passe-vite".
(Foto)
Quarta-feira, 11.06.08
"Qualquer que seja o resultado, o referendo irlandês sobre o Tratado de Lisboa mostra a insanidade política que é submeter a decisão popular um texto incompreensível para quase toda a gente", Vital Moreira, no Causa Nossa. Uma pérola esta afirmação. Uma pérola.
Sexta-feira, 06.06.08
Pela primeira vez desde que começou a campanha o Não lidera as sondagens para o referendo ao Tratado de Lisboa, que se realiza no dia 12 de Junho.De acordo com uma sondagem divulgada pelo jornal Irish Times, o 'Não' recolhe 35% das preferências (mais 17% em relação ao último estudo de opinião divulgado por este jornal há três semanas), enquanto o 'Sim' se fica pelos 30% (menos 5%).É de prever a intensificação das ameaças e da chantagem sobre os irlandeses nos próximos dias. Ainda há esperança.
(Irish Times)
Sábado, 31.05.08
O referendo para ratificação do Tratado de Lisboa, que a Irlanda organiza a 12 de Junho, está a preocupar os partidários do 'Sim', que vêem o número de votantes no 'Não' a crescer de sondagem para sondagem. Os últimos números continuam a dar vantagem ao 'Sim', com 41%. No entanto, o 'Não' cresceu 5%, para os 33%, e começa a preocupar o Governo irlandês. Ler no Sol.
Quarta-feira, 28.05.08
O chefe da União Europeia, como lhe chama The Independent, ameça os irlandeses: ou votam sim no referendo sobre o Tratado de Lisboa ou pagam o preço. Nervos?
Quarta-feira, 30.04.08
Terça-feira, 29.04.08
A propósito do referendo sobre o Tratado de Lisboa na Irlanda, a Comissão do Referendo vai enviar para casa dos eleitores dois milhões de exemplares do Tratado para que todos possam lê-lo e votar sabendo o que está em causa. Trata-se, evidentemente, de uma bizarria irlandesa. Por cá, temos sim um amplo debate público como se tem visto, ouvido e lido e uma ideia destas mereceria certamente uma objecção orçamental de Teixeira dos Santos. Os opinantes encartados objectariam que o povo não lê jornais, quanto mais Tratados e que o texto é complicado demais para ser entendido pelo comum dos mortais. Deve ser por estas e outras que Cavaco Silva argumentava em 1992 que um referendo sai caro. Gastar quase 6 milhões de euros num referendo seria de facto um luxo democrático. Por estes dias, sinto-me mesmo irlandês.
Na Irlanda, pelos vistos o único Estado da União Europeia que vai realizar um referendo ao Tratado de Lisboa, por adequada imposição constitucional, 31% das intenções de voto apontam para um "não" no referendo marcado para 12 de Junho. Há dois meses, a oposição ao tratado era apenas de 24 por cento; a percentagem de indecisos aumentou um ponto. A oposição ao Tratado na Irlanda cresceu substancialmente nas últimas semanas, provocando pela primeira vez um risco real de voto negativo no referendo para a sua ratificação. A última sondagem publicada no domingo no jornal irlandês Sunday Business Post diz que o número de opositores ao Tratado cresceu sete pontos desde há dois meses, para atingir 31 por cento das intenções de voto. Pelo contrário, a proporção dos que contam votar a favor caiu oito pontos, para 35 por cento, enquanto os indecisos cresceram um ponto, para 34 por cento. E se? ...
Quinta-feira, 24.04.08
A Assembleia da República aprovou esta semana o Tratado de Lisboa. Depois de todos os partidos terem prometido um referendo, a verdade é que negaram aos portugueses o direito de se pronunciar directamente sobre o Tratado. Não é por não ser a primeira vez que deixa de ser uma vergonha.
O Tratado em si retira mais uma suculenta fatia de soberania ao Estado. E consolida uma Europa dos grandes Estados, subordinando os Estados mais pequenos à sua vontade e aos seus interesses.
Os portugueses continuam a ser tratados como capachos da vontade de um punhado de dirigentes submetidos a interesses estrangeiros, fazendo-o sem legitimidade, pondo assim em causa o mecanismo da representação política democrática.
(publicado na edição de hoje do Democracia Liberal)
Está
armado o
31 de que vos falei há dias. O Medo do Voto.
Quarta-feira, 23.04.08
José Sócrates abriu hoje a sessão plenária que ratificará o Tratado de Lisboa na Assembleia da República, vincando que existe “um grande consenso político e social em torno do Tratado de Lisboa”. Engraçado. Com que máquina calculadora é que o Primeiro-Ministro chegou a esta conclusão? Mas qual consenso? Isso ficar-se-ia a saber se houvesse referendo. Mas Sócrates violou a sua promessa eleitoral e "baldou-se" ao referendo prometido em campanha e no Programa do Governo. Consenso sobre o Tratado apenas existe nas direcções do PS, do PSD e do CDS. Esse consenso é muito diferente de um consenso nacional. Fique lá com as passadeiras, com os holofotes e com a vida porreira de Bruxelas, mas, ao menos por decoro, abstenha-se de propaganda barata, especialmente chocante quando, como é o caso, é feita à custa da falta de respeito pelos compromissos assumidos com os portugueses.
Sexta-feira, 14.03.08
A Polónia pode vir a fazer um referendo ao Tratado de Lisboa. Ora aí estaria um bom exemplo.
Quinta-feira, 07.02.08
Manuel Alegre queria o referendo, mas não queria o referendo. Por um lado queria, mas por outro não queria. Acabo de o ouvir declarar que se absteve porque tem dois valores. O valor da promessa e o valor da eficácia. Ora aí está um Marco Paulo da política. "Eu tenho dois valores".
Pedro Santana Lopes diz que o PSD deixou de querer o referendo sobre a Constituição europeia recauchutada porque seria
uma perda de tempo. O problema é que o PSD, de tão reverso do verso também se tornou uma perda de tempo para quem quer uma alternativa ao PS.
Sexta-feira, 11.01.08
Assim parece que somos. Assim parece que vamos. Atentos, venerandos e obrigados. Seguidistas, flexíveis até onde fôr preciso para obedecer, bem comportadinhos para não destoar. Os outros não querem? Não se faz. O resultado não é certo? Não se faz. Cai mal nas chancelarias? Não se faz. Este é o país “óbvio” da geração dos Luíses Amados que nos desgovernam, ostentando com garbo, mas singular amnésia, o voto quadrienal na lapela, que lhes serve para tudo. Para não receber o Dalai Lama por razões óbvias. Para não fazer referendos por razões óbvias. Para trair compromissos eleitorais por circunstâncias óbvias. O voto, para esta geração de políticos de plástico não é um compromisso, apenas um trampolim.
O problema é que o óbvio é inimigo do bom.
José Sócrates está disposto a sacrificar tudo, incluindo a sua palavra, a uma eventual carreira internacional sob as ordens dos grandes da Europa e às palmadinhas nas costas dos mandarins europeus. Portugal é um país que não tem posições a não ser acompanhar. Hoje, não passa de uma espécie de Eslovénia Ocidental, assim uma espécie de moço “escort” do projecto federalista da França e da Alemanha.
Os cientistas de serviço não deixarão os seus créditos por mãos alheias. No esoterismo das remissões e novas redacções explicarão em períodos curtos, frases assépticas e tecno e tiradas eloquentes, que o Tratado não é constitucional e não é legível. A primeira palavra foi tirada do tratado. A ilegibilidade é dolosa. Justamente para ocupar a passadeira vermelha do voto popular.
A razão pela qual o Tratado de Lisboa não pode ser referendado é simples. O Tratado seria derrotado. Por outra razão simples: os cidadãos não querem esta União Europeia. Como os seus autores, bem instalados na vida, não admitem outra União Europeia senão esta, não se pode votar.
Ouvi José Sócrates justificar a sua cambalhota política sobre o referendo que prometeu e não vai fazer com a “ética da responsabilidade”. Primeiro fiquei atordoado. Depois, deu-me apenas para sorrir. Ética? Para com quem? Para com os eleitores que votaram PS e foram, apenas, enganados? Como aliás os do PSD, que também foram enganados? Ética? Haja pudor… Menezes preza tanto os compromissos eleitorais do seu partido como Sócrates. Ou seja: nada. São os políticos pequeninos do Portugal de hoje.
Esta decisão de Sócrates apoiada por Menezes é um abate à democracia, à própria democracia representativa que tanto dizem prezar. Porque quando os eleitores elegem para os representar pessoas que faltam aos compromissos é a própria representação que sai irremediavelmente diminuída.
(publicado na edição de hoje do Semanário)
Terça-feira, 08.01.08
"O Presidente da República Cavaco Silva advertiu hoje para o "preço elevadíssimo" a pagar pela UE, em caso de fracasso do Tratado de Lisboa, que só pode entrar em vigor depois de ratificado por todos os 27 Estados membros." (...) O novo Tratado europeu já foi ratificado na Hungria, por via parlamentar, opção que deverá ser adoptada pelos restantes 26 Estados membros, à excepção da Irlanda que tem de submeter a ratificação do documento a referendo, por imperativos constitucionais. O Governo de Lisboa deverá anunciar em breve a sua decisão sobre a forma de ratificação do documento em Portugal. Se optar pelo referendo, a última palavra será do Presidente da República, a quem compete convocar ou não a consulta popular".
Isto diz uma peça da Lusa. Ficamos sem saber se a frase a bold é um palpite da agência, uma afirmação do Presidente em off, um recado universal para quem a apanhar ou um recado particular ao Governo. Registe-se a preocupação de Cavaco Silva com um referendo sobre o Tratado, inversamente proporcional à que demonstrou sobre o referendo de há um ano sobre a liberalização do aborto. À parte o pormenor, registe-se o desagrado presidencial com a perspectiva do cumprimento de uma promessa eleitoral dos partidos, Presidente que enquanto candidato chamou a atenção e bem para o elevado grau de incumprimento das promessas eleitorais pelos partidos como fonte de indiferença dos eleitores e factor de descrédito dos mesmíssimos partidos. Ou será que Cavaco Silva apenas decidiu entrar já na campanha eleitoral do referendo sobre o Tratado com um pré-manifesto eleitoral?
Segunda-feira, 07.01.08
"O primeiro-ministro da Eslovénia e presidente em exercício da União Europeia, Janez Jansa, aconselhou hoje Portugal a ratificar o Tratado de Lisboa por via parlamentar e não por referendo. ", leio no
Diário Digital. Desde logo cabe esclarecer o Senhor jornalista que a União Europeia não tem Presidente. O Sr. Janez Jansa é Presidente do Conselho da União e não da União. Depois cumpre recomendar vivamente ao esloveno que se meta na sua vidinha e deixe de dar palpites sobre a vida interna dos Estados. Ninguém lhe encomendou sermão. Cada Estado é maior e vacinado e dispensa bem os conselhos de tão atentos, venerandos, obrigados e obedientes conselheiros.
Sexta-feira, 21.12.07
"Quem é a favor do referendo é contra a Europa", disse Miranda Calha ao
Semanário. Mais um maniqueísta. Este socialista de aparelho, prestador de serviços políticos à bruxelocracia vigente. Há gente disposta a dizer tudo para mostrar serviço.
Quinta-feira, 20.12.07
"Nenhuma razão política séria impede que o referendo sobre o Tratado Constitucional Europeu seja realizado em conjunto com as eleições autárquicas, favorecendo a participação cívica e confiando na capacidade política dos portugueses. Por isso, com total respeito pelas competentes decisões que na matéria incumbem ao Senhor Presidente da República, empenhar-nos-emos numa revisão da Constituição que permita esta simplificação e este enriquecimento da nossa vida cívica e política. "
José Sócrates, 12.Março 2005 (na tomada de posse do Governo)
Sábado, 15.12.07
“Se fizer um referendo, Sócrates é um traidor”, diz o conselheiro de Sarkozy, Alan Lamassoure, hoje ao Expresso. Portanto, sempre há um compromisso às escondidas de não se fazer um referendo ao Tratado Complicado. Ora, tendo prometido aos portugueses fazer o referendo e aos seus colegas de nomenclatura europeia não fazer o mesmo referendo, alguém Sócrates vai trair. Cheira-me que vai trair os mesmos de sempre.
Quarta-feira, 12.12.07
Aqui. "Eu quero um referndo sobre o Tratado. Qual Tratado? Sobre o Tratado Complicador.
Sábado, 27.10.07
José Sócrates, afirmou hoje que as duas formas de ratificação do novo tratado da União Europeia (UE), pelo Parlamento ou por referendo, são legítimas, acrescentando que ambas estão em cima da mesa. "A ratificação pelo Parlamento é tão válida quanto a ratificação por referendo", afirmou José Sócrates aos jornalistas, no final do Fórum Novas Fronteiras, no Centro Cultural de Belém
."Como não dissemos como vamos fazer, naturalmente as duas possibilidades estão em cima da mesa" (ler
aqui).
É preciso lata.
"O Governo entende que é necessário reforçar a legitimação democrática do processo de construção europeia, pelo que defende que a aprovação e ratificação do Tratado deva ser precedida de referendo popular, amplamente informado e participado, na sequência de uma revisão constitucional que permita formular aos portugueses uma questão clara, precisa e inequívoca." (Ler
aqui).
E depois, José Sócrates admira-se do que lhe chamam nas manifestações.
E se José Sócrates tirasse um coelho da cartola e optasse por cumprir o que prometeu e fazer um referendo ao novo Tratado europeu? Aparentemente eram só vantagens. Cumpria a promessa, o que valeria ouro no seu percurso de faltas à palavra política dada. Deixava o PSD e o seu novo líder, cheios de viço nas sondagens, a falar sózinhos contra o referendo. Empurrava para Cavaco Silva o eventual odioso de decidir não convocar o refrendo, cooperando estrategicamente retribuindo os vetos de Agosto. Não o subestimemos. Terá o golpe de asa?
Terça-feira, 23.10.07
Vital Moreira,
22 de Outubro de 2007: Os que defendem o referendo sobre o Tratado de Lisboa já experimentaram lê-lo? E acham que algum cidadão comum consegue passar da segunda página? Não será tempo de deixar de brincar aos referendos?
Vital Moreira,
15 de Abril de 2007: Penso que não faz sentido recuar na perspectiva de referendo, a não ser que o “tratado constitucional” venha a ser substituído por um “minitratado” de âmbito puramente institucional.
Segunda-feira, 22.10.07
"Não deixa de ser curioso que os grandes defensores da ratificação do Tratado de Lisboa pela via parlamentar sejam os mesmíssimos senhores que foram eleitos através da democracia directa aplicada aos seus partidos. Estou a falar de José Sócrates e de Luís Filipe Menezes (de Paulo Portas não tenho ouvido falar, por onde andará?).", por
Francisco Almeida Leite, no Corta-Fitas.
Domingo, 21.10.07
Vital Moreira, sempre vigilante agora de umas coisas como outrora de outras causas, acusa a França de ter perdido a honra quando em 2005 recusou a Constituição europeia em referendo. Aí está o conceito de democracia bacteriologicamente puro: dizer não é perder a honra. O camarada Vital Moreira anda a precisar de ler outra vez Manuel Alegre e ouvir Adriano Correia de Oliveira: eles têm alguma coisa a dizer sobre o dizer não.
"DN-Não deve haver referendo?
LFM-Acho que é tão legítima a ratificação popular através do sufrágio directo e universal quanto a ratificação parlamentar, num órgão que, ele próprio, decorre do sufrágio directo e universal. A minha posição, que proporei ao Conselho Nacional do meu partido, é que com sentido de responsabilidade, e atendendo àquilo que foi a realidade europeia nos últimos dois anos e meio, o PSD defenda a ratificação parlamentar. Mas sem prejuízo de o partido de Governo, que tem um compromisso com o eleitorado de sufragar o Tratado, conversar com os outros partidos, nomeadamente com o PSD, para se encontrar um consenso nacional alargado nesta matéria.
DN-Portanto admite a possibilidade de José Sócrates querer promover um referendo?
LFM-Claro que sim. O Governo socialista tem um compromisso com o eleitorado e lá saberá se o quer cumprir ou não. Se se colocar a questão da ratificação parlamentar, o PSD poderá vir a defender a ratificação parlamentar. Mas a lógica da iniciativa tem de estar do lado do PS. Faz todo o sentido uma aprovação célere no Parlamento."
Em entrevista à edição de hoje do Diário de Notícias,
Luís Filipe Menezes revela a sua doutrina sobre o referendo à nova versão da Constituição europeia. Traduzindo, é assim: Sócrates tem um compromisso eleitoral de fazer o referendo, logo que o faça. O PSD tem um compromisso eleitoral de fazer um referendo mas não é obrigado a fazê-lo. As figuras que esta União Europeia obriga as pessoas a fazer... figuras tristes, é claro. A posição do PSD sobre o referendo europeu é uma ciência oculta.
Quinta-feira, 04.10.07
(
Mini-bandeira)
No léxico político corrente convencionou-se chamar “bandeiras” aos assuntos, às matérias, às ideias ou às propostas que um partido decide afirmar como prioridade do seu discurso público, da sua acção governativa ou parlamentar ou como simples meio de diferenciação face aos concorrentes directos.
Na passada sexta-feira o PSD mudou de líder. Trocou um Luís por outro, basicamente porque os militantes do partido, aliás, uma imensa minoria dos seus eleitores, acha que com o novo Luís será mais fácil ganhar as próximas eleições legislativas ao PS e, sobretudo, a José Sócrates. É natural. Os partidos existem para o poder e quando sentem que com um determinado líder não chegam lá, mudam. As ideias, as propostas, as tais “bandeiras” são remetidas para segundo plano.
Em jeito de balanço e após a vitória de Luís Filipe Menezes, o estado da questão, relativamente à comparação entre o PS actual e o PSD que passou a ser actual, é a seguinte:
1º O PS tem dito que é contra a descida dos impostos neste momento, pelo menos até as contas públicas estarem em ordem. Luís Filipe Menezes é contra a descida dos impostos, pelo menos até as contas públicas estarem em ordem.
2º José Sócrates, em resposta a pressões externas, em resposta à vontade da Comissão Europeia e em resposta à ideia de Cavaco Silva está a preparar o caminho para desrespeitar mais uma das suas promessas eleitorais e não promover o referendo sobre o novo tratado europeu, que vai substituir a Constituição europeia. Luís Filipe Menezes é contra a realização de um referendo sobre o novo tratado europeu, que vai substituir a Constituição europeia.
3º José Sócrates, que expulsou o seu ministro Mário Lino do processo do novo aeroporto aguarda o estudo do LNEC para saber se é favor ou contra a construção de um novo aeroporto na Ota. Luís Filipe Menezes aguarda o estudo do LNEC para saber se é ou não a favor da construção de um novo aeroporto na Ota.
4º O PS vai desenterrar a regionalização administrativa do continente, promovendo a divisão do território em regiões. Luís Filipe Menezes é a favor da regionalização, concordando com a divisão do território em regiões.
Ou seja, as “bandeiras” do PSD derrotado na sexta-feira passada já não existem.
Desta comparação resulta, pois, que continua a ser um mistério saber em que é que o PSD actual vai fazer oposição ao PS actual. Tendo como almofada o bloco central dos interesses e dos negócios, ambos, têm agora uma diferença substancial. O PSD tem um líder chamado Luís e o PS tem um líder chamado José. O primeiro é do Sporting e o segundo é do Benfica.
O que resta ao PSD então para se diferenciar do PS actual? Restam a quantidade das políticas sociais. Se o Governo der dez o PSD pedirá mil. Mas do mesmo Exactamente do mesmo. O Bloco e o pCP que se cuidem: parece estar a caminho mais concorrência.
Basicamente serão estas as bandeirolas do PSD actual, já que as bandeiras foram para lavar.
(publicado na edição de hoje do Semanário)
Domingo, 30.09.07
O PSD passou a partir de ontem a ser um partido anti-referendo europeu. Esta mudança deve agradar a Cavaco Silva (sempre é uma ironiazinha do destino...) e a José Sócrates. Mas o mais grave é que o líder do maior partido da oposição deixou de ser do Benfica e passou a ser do Sporting. Isto, sim, já me parece uma baixa significativa...
Segunda-feira, 02.07.07
O PSD anda um partido muito engraçado. Durante a Presidência anunciou que não vai discutir temas que desagardem a Sócrates. Agora, depois da barulheira que tem feito com a proposta do referendo à segunda versão da Constituição europeia, desta vez sem "bonecos" para não assustar, diz que não vai fazer da questão do "referendo" matéria de
querela durante a Presidência. Ora, uma querela é uma discordância, uma divergência. Acaso deixou o PSD de defender o referendo ao novo Tratado? Por outras palavras: Marques Mendes está de férias. O PSD está de férias. O país passa-lhe ao lado.
Sexta-feira, 29.06.07
"António Vitorino alerta para a “negociação trabalhosa” que vem aí na conferência intergovernamental. E tendo em conta que todos os partidos se comprometiam a referendar o tratado constitucional, Vitorino, que acompanha desde o início do processo constitucional,avisa agora que “o mandato cobre 80%” desse texto. Para bom entendedor, meia palavra basta."
Terça-feira, 26.06.07
"Os jogos estão feitos. E porque sim, ou porque não, porque torna, ou porque deixa, os portugueses não serão certamente chamados a referendar o Tratado da União Europeia. Aliás, os portugueses jamais foram chamados a decidir sobre qualquer matéria europeia e se viessem a sê-lo, algum dia, isso também não queria dizer que o resultado da votação fosse tido em consideração. ",
João Paulo Guerra, no Diário Económico.
Primeiro José Sócrates andou pela Europa a exigir um mandato claro para que a Presidência portuguesa do Conselho da União Europeia metesse ombros à escrevinhação de uma segunda versão da Constituição europeia. Segundo, José Sócrates ficou feliz, radiante, impante, com o resultado da cimeira de Bruxelas e aceitou o encargo épico da escrevinhação para a qual exigia mandato claro. Certamente porque o obteve. Terceiro, agora, quando lhe falam da promessa que fez ao país de realizar o referendo diz que primeiro é preciso conhecer o Tratado e só depois ver se vale a pena fazer o referendo. Julgará José Sócrates que somos todos parvos?
Segunda-feira, 25.06.07
Esta entrada é um tratado. O vigilante intelectual da pureza do socratismo tem o mérito de nos dizer tudo. Esclarece-nos que as conclusões da cimeira de Bruxelas são tão boazinhas que a CIG (Conferencia Inter-Governamental para quem precisa de saber siglas) praticamente é um pró forma. Sendo assim, se está tudo Tratado, não vejo razão para que Cavaco e Sócrates não digam simplesmente ao país que a promessa feita de fazer um referendo é para cumprir. Se não o dizem é porque querem trair a promessa. Essa é que é essa. E já agora: quem estiver falho de argumentos para brilhar nas conferencias e nos colóquios politicamente correctos do sistema, já sabe: amanhã sai
a cartilha no Público.
"O referendo só é um instrumento legítimo e adequado para as questões menores.",
Sérgio Sousa Pinto, sobre o referendo ao novo tratdo europeú. Já tinha saudades de ouvir falar do ex-deputado fracturante, agora um deputado conformista, acomodadinho, instaladinho, como se vê. Só para um político menor o referendo deve ser usado para questões menores. O povo, coitado, é meramente decorativo.
Há quem defenda que ainda é cedo para falar de referendo ao novo tratado que há-de ser. Poderei estar de acordo. Atendendo a que há quem trabalhe de noite, um quarto para a uma da tarde, pode não ser uma boa hora.