Quarta-feira, 28.11.07
A Presidência portuguesa do Conselho da União Europeia procura pobres de profissão para debate sobre a pobreza. Evidentemente um amador não será portador de suficiente realismo para efeito de debate. Está tudo
aqui.
Domingo, 28.10.07
À direita do PS pensa-se que criticar as opções políticas da Presidência portuguesa do Conselho de Ministros da União Europeia é ir contra o interesse nacional. Exactamente como Sócrates quer que se pense. É uma oposição pacóvia. E, além do mais, é uma oposição que demonstra que não pensa coisíssima nenhuma sobre a União e sobre o futuro de Portugal na dita. Felizmente, o interesse da carreira internacional de José Sócrates ainda não é a mesma coisa que o interesse nacional. Ou será?...
Quinta-feira, 25.10.07
José Sócrates há-de voltar do seu deslumbramento europeu, depois dos inúmeros feitos históricos que tem anunciado ao mundo em português vernáculo e com champanhe. E quando voltar atrevo-me a pensar que encontrará certamente mais feitos históricos do seu Governo que achará certamente porreiros. Um deles será obviamente a descida do défice do Estado. O problema é que a história não disfarça nem engana. A descida do défice tem-se feito à custa do aumento da receita e não da diminuição da despesa. A despesa do Estado não desce, a reforma da administração pública não pode avançar porque em 2009 há eleições e tudo vai ficar na mesma. O que significa que quando houver outro aperto voltaremos à estaca zero. E isto, sim, é verdadeiramente histórico. Mas pela negativa. Que a história não é só felicidade e coisinhas boas.
(publicado na edição de hoje do Democracia Liberal)
Sexta-feira, 20.07.07
Um projecto de novo Tratado da UE elaborado na sequência do mandato aprovado na cimeira de Bruxelas pelos líderes da União, há um mês, será apresentado segunda-feira em Bruxelas, pela Presidência portuguesa. Não se sabe quais as alterações, quais as soluções, qual a posição portuguesa. O segredo coninua a ser a alma do negócio nesta Europa de cozinhados à porta fechada.
Sexta-feira, 06.07.07
Os gémeos portugueses encontraram finalmente uma divergência. Um dos gémeos quer chamar "Tratado de Lisboa" e o outro gémeo "Tratado de Sintra" ao futuro Tratado a escrever pela Presidência portuguesa do Conselho da União Europeia. Aí está, enfim, assunto pertinente e relevante para suscitar a nossa atenção. O nome da coisa. Assim se entretêm eles.
Terça-feira, 03.07.07
Segunda-feira, 02.07.07
Alguém sabe quantos vocábulos tem usado José Sócrates nas ocasiões protocolares em que tem prestado declarações sobre a União, a Presidência e o Tratado? Para não ser acusado de parcialidade, proponho que estas:
"Por uma Europa forte e por um mundo melhor", não sejam incluídas na contagem.
O PSD anda um partido muito engraçado. Durante a Presidência anunciou que não vai discutir temas que desagardem a Sócrates. Agora, depois da barulheira que tem feito com a proposta do referendo à segunda versão da Constituição europeia, desta vez sem "bonecos" para não assustar, diz que não vai fazer da questão do "referendo" matéria de
querela durante a Presidência. Ora, uma querela é uma discordância, uma divergência. Acaso deixou o PSD de defender o referendo ao novo Tratado? Por outras palavras: Marques Mendes está de férias. O PSD está de férias. O país passa-lhe ao lado.
Domingo, 01.07.07
Hoje começa a tal Presidência portuguesa do Conselho da União Europeia. Hoje começa a "fase Charlie" do combate aos incêndios. Meras coincidências.
Sexta-feira, 29.06.07
José Sócrates quer fazer da Presidência portuguesa do Conselho da União Europeia o seu Euro-2007. Assim mais ou menos seis meses com bandeirinhas à janela e, sobretudo, sem qualquer manifestação de discordância sobre o treinador, os jogadores e o modo como a equipa joga. Corra bem ou mal, o que é preciso é aplaudir, incensar, endeusar. Em 2004 quem criticava Scolari era quase descendente em linha recta de Miguel de Vasconcelos. Em 2007, quem ousar discordar da Presidência, quem ousar criticar o Governo, quem ousar discutir assuntos que não aqueles que a Presidência entende que se devem discutir comete, para Sócrates, um crime de lesa-Pátria.
Esta postura revela bem o provincianismo político do Primeiro-Ministro, mas, sobretudo, constitui uma tentativa inaceitável de condicionamento do debate político. Já o líder parlamentar do PS, em linha com a obediência às directrizes do seu Comité Central entende que discutir agora a possibilidade de um referendo ao futuro tratado europeu é uma questão minúscula, que não deve ser discutida. «Será um apoucamento provinciano antepor a estas grandes questões que são planetárias esta questão do minúscula e fora de tempo que é ratificar ou não um tratado», afirmou Alberto Martins. Provinciana é a postura deste outrora campeão de pedir a palavra para falar em frente aos poderosos.
Na cimeira de Bruxelas, os 27 decidiram excluir as palavras e manter a substância da Constituição europeia. No fundo tratou-se apenas de uma negociação de vocabulário. Depois da Agenda de Lisboa, que teve o sucesso que se sabe, os 27 decidiram tentar instituir a Constituição de Lisboa, esperamos nós que com o mesmo sucesso da Agenda. Mas para isso vai ser necessário um enorme combate político. Esse combate tem de derrotar ideias feitas do europês corrente, alimentado por um sistema de órgãos de comunicação social à escala europeia, que recebe dinheiro da Comissão Europeia para fazer programas de europês de massas, mera propaganda paga. Só entre 203 e 2006, a Comissão Europeia gastou 1, 707 milhões de euros a financiar programas sobre temas europeus nas estações de rádio e de televisão portuguesas ( SIC Notícias, RTP N, RTP Madeira, RTP 2, TSF, RR, RDP e R. Paris Lisboa).
Um exemplo desse europês corrente é a ideia segundo a qual a Europa só avança se se fizer, no mínimo, um tratado novo para aí de dois em dois anos. Se tal não suceder a Europa estagna. Esta ideia feita tem por finalidade a extinção dos Estados e a instituição de uma Europa federal. É uma evidência que não sucedeu nada de mal à Europa depois da humilhação nas urnas holandesas e francesas da primeira versão da constituição europeia. Outro exemplo desse europês corrente é a ideia de que os Estados que defendem os seus interesses, supremo pecado, são contra o avanço da Europa. Esta ideia primária esconde que todos os Estados fazem exactamente o mesmo, cada um à sua maneira e com o seu estilo. É certo que há Estados que o fazem menos e Estados que o fazem mais. Mas todos fazem.
Com a perspectiva da Presidência portuguesa do Conselho da União Europeia, José Sócrates regressou feliz da cimeira. Infelizmente, não podemos acompanhar José Sócrates nem na felicidade nem nas graves afirmações que proferiu quando confrontado com a promessa que fez aos portugueses de referendar o próximo tratado europeu.
Já toda a gente percebeu que há uma tentativa de intromissão nos assuntos internos dos Estados no sentido de impedir a realização de referendos, que como se viu, podem estragar as mais reluzentes ilusões. Os jornais têm dado conta das pressões de Durão Barroso, um federalista empedernido e um alto funcionário dos Estados em Bruxelas obediente, no sentido de não se fazer o referendo prometido em Portugal pelo PS e pelo PSD. De Cavaco Silva nem se fala. E Sócrates está no bolso.
Aproximam-se dias difíceis. É verdade que os símbolos têm uma função. Mas também a verdade é que a substância sem os símbolos é tão má como com eles. O futuro tratado consagrará 80, 90 ou quase 100%, consoante a lupa do analista, da Constituição europeia derrotada em referendo. Há que dar a palavra aos cidadãos, essa maçada de que os políticos do sistema não gostam.
(publicado na edição de hoje do Semanário)
Quinta-feira, 28.06.07
José Sócrates quer fazer da Presidência portuguesa do Conselho da União Europeia o seu Euro-2007. Assim mais ou menos seis meses com bandeirinhas à janela e, sobretudo, sem qualquer manifestação de discordância sobre o treinador, os jogadores e o modo como a equipa joga. Corra bem ou mal, o que é preciso é aplaudir, incensar, endeusar. Em 2004 quem criticava Scolari era quase descendente em linha recta de Miguel de Vasconcelos. Em 2007, quem ousar discordar da Presidência, quem ousar criticar o Governo, quem ousar discutir assuntos que não aqueles que a Presidência entende que se devem discutir comete, para Sócrates, um crime de lesa-Pátria.
Esta postura revela bem o provincianismo político do Primeiro-Ministro, mas, sobretudo, constitui uma tentativa inaceitável de condicionamento do debate político. Já o líder parlamentar do PS, em linha com a obediência às directrizes do seu Comité Central entende que discutir agora a possibilidade de um referendo ao futuro tratado europeu é uma questão minúscula, que não deve ser discutida. «Será um apoucamento provinciano antepor a estas grandes questões que são planetárias esta questão do minúscula e fora de tempo que é ratificar ou não um tratado», afirmou Alberto Martins. Provinciana é a postura deste outrora campeão de pedir a palavra para falar em frente aos poderosos.
Na cimeira de Bruxelas, os 27 decidiram excluir as palavras e manter a substância da Constituição europeia. No fundo tratou-se apenas de uma negociação de vocabulário. Depois da Agenda de Lisboa, que teve o sucesso que se sabe, os 27 decidiram tentar instituir a Constituição de Lisboa, esperamos nós que com o mesmo sucesso da Agenda. Mas para isso vai ser necessário um enorme combate político. Esse combate tem de derrotar ideias feitas do europês corrente, alimentado por um sistema de órgãos de comunicação social à escala europeia, que recebe dinheiro da Comissão Europeia para fazer programas de europês de massas, mera propaganda paga. Só entre 203 e 2006, a Comissão Europeia gastou 1, 707 milhões de euros a financiar programas sobre temas europeus nas estações de rádio e de televisão portuguesas ( SIC Notícias, RTP N, RTP Madeira, RTP 2, TSF, RR, RDP e R. Paris Lisboa).
Um exemplo desse europês corrente é a ideia segundo a qual a Europa só avança se se fizer, no mínimo, um tratado novo para aí de dois em dois anos. Se tal não suceder a Europa estagna. Esta ideia feita tem por finalidade a extinção dos Estados e a instituição de uma Europa federal. É uma evidência que não sucedeu nada de mal à Europa depois da humilhação nas urnas holandesas e francesas da primeira versão da constituição europeia. Outro exemplo desse europês corrente é a ideia de que os Estados que defendem os seus interesses, supremo pecado, são contra o avanço da Europa. Esta ideia primária esconde que todos os Estados fazem exactamente o mesmo, cada um à sua maneira e com o seu estilo. É certo que há Estados que o fazem menos e Estados que o fazem mais. Mas todos fazem.
Com a perspectiva da Presidência portuguesa do Conselho da União Europeia, José Sócrates regressou feliz da cimeira. Infelizmente, não podemos acompanhar José Sócrates nem na felicidade nem nas graves afirmações que proferiu quando confrontado com a promessa que fez aos portugueses de referendar o próximo tratado europeu.
Já toda a gente percebeu que há uma tentativa de intromissão nos assuntos internos dos Estados no sentido de impedir a realização de referendos, que como se viu, podem estragar as mais reluzentes ilusões. Os jornais têm dado conta das pressões de Durão Barroso, um federalista empedernido e um alto funcionário dos Estados em Bruxelas obediente, no sentido de não se fazer o referendo prometido em Portugal pelo PS e pelo PSD. De Cavaco Silva nem se fala. E Sócrates está no bolso.
Aproximam-se dias difíceis. É verdade que os símbolos têm uma função. Mas também a verdade é que a substância sem os símbolos é tão má como com eles. O futuro tratado consagrará 80, 90 ou quase 100%, consoante a lupa do analista, da Constituição europeia derrotada em referendo. Há que dar a palavra aos cidadãos, essa maçada de que os políticos do sistema não gostam.
(publicado na edição de hoje do Semanário)
Segunda-feira, 25.06.07
A
Comunicação Social em geral continua a dar um execelente contributo para a desinformação dos portugueses, quando insiste que Portugal vai presidir à União Europeia. Ora, a União Europeia não tem Presidente. Portugal vai presidir sim ao Conselho, apenas um dos orgãos da União. Este simplismo revela o pouco rigor com que se tratam certos assuntos.
Sábado, 16.06.07
Um obscuro orgão de consulta do Presidente da República, que tem o mister e dever de aconselhá-lo sobre a forma como usa os seus parcos poderes, reuniu esta semana e disse, mais coisa menos coisa, que a Presidência portuguesa do Conselho da União Europeia deve ser assim mais ou menos como o Euro 2004. Ou seja que todos devem apoiar. O quê apoiar? A cadeira? Os fatos? Os menús dos repastos que vão decorrer por entre intermináveis reuniões? Pois isso o obscuro orgão esqueceu-se de explicar. Apoiar é que sim. Acefalamente. Rebanhisticamente. Para não incomodar Suas Excelencias. Quais Excelencias? Também não sei. As que forem.
Sexta-feira, 15.06.07
Marques Mendes
anunciou que nos próximos seis meses não será líder da oposição. Digamos que o PSD anda mesmo muito baralhado e confuso. Por mim desde já declaro que manterei a mesma atitude relativamente ao Governo que nos tem desgovernado. E mais, considero ser estrita obrigação do Governo representar decentemente Portugal no exercício da Presidência do Conselho da União Europeia. Ou será que essa Presidência vai servir de pretexto para uma mordaça? Era só o que faltava.
Sábado, 02.06.07
"
Portugal, muito mais do que imagina. Um país onde a História se confunde com o presente, no Património, na Arquitectura e nas Artes. Uma terra de gente sábia, alegre e aventureira. Gente que arrisca a ir sempre mais longe. Fazer sempre melhor. Terra de poetas e desportistas, músicos e cientistas, actores e marinheiros. Um país que consegue olhar o futuro sem perder as tradições. Bem-vindo a Portugal, um país onde tudo é muito mais do que imagina.". Este é o texto de boas vindas no portal da Presidencia portuguesa da União Europeia (nunca é demais referir que à designação jornalítica não corresponde o Direito comunitário vigente, já que a União não tem Presidência, mas apenas o Conselho da União Europeia). Este textinho revela bem a visão politicamente correcta da realidade do país. António Ferro e o SNI faziam apesar de tudo, muito melhor. Numa coisa estou de acordo: em Portugal é tudo muito mais do que se imagina. Sobretudo o provincianismo bacoco.