A seguir com muita atenção as movimentações ao nível de secretários de Estado no sector dos serviços de informações, ulimamente tão mundanos e subitamente tão postos em sossego. Como o que vai suceder,não para já, é claro, que ainda há socialistas com savoir faire, nas cúpulas da Polícia Judiciária. Será que vai continuar a média de rotação dos últimos nove anos?
Os Directores Nacionais da Polícia Judiciária têm mudado mais que os treinadores do Benfica: cada Governo quer ter o seu e quando chega trata de mudar o titular do cargo. Terão essas mudanças que ver com as prioridades de cada um?
Segundo notícias vindas a público esta semana, ficou a saber-se que a Polícia Judiciária decidiu poupar uns milhares de euros na obtenção de meios de prova no caso do desaparecimento da pequena Joana. Não se sabe o que resultou dessa poupança para a boa administração da Justiça. Sabe-se que a Joana era uma míuda pobre, que desapareceu ainda hoje não se sabe como e que vivia numa família absolutamente problemática.
Esta atitude contrasta flagrantemente com o que se viu no caso do desaparecimento de outra criança, chamada Madeleine Mccann, que vivia no seio de uma família inglesa abonada e influente. Aqui a Polícia Judiciária, pelo que se sabe das notícias vindas a público, não se poupou a esforços nem a despesas para tentar encontrar a criança, o que até hoje também não conseguiu.
Em Portugal há, pois, duas Justiças: a dos ricos e a dos pobres. É oficial. E é verdadeiramente lamentável e inaceitável.
(publicado na edição de ontem do Democracia Libera)
"A Polícia Judiciária abdicou de provar que Leandro violou a pequena Joana, antes de a enteada de oito anos desaparecer da aldeia da Figueira, em 2004. Por forma a "poupar 10 mil euros" em exames nos Estados Unidos, diz ao CM Gonçalo Amaral, ex-coordenador da PJ de Portimão." , leio no Correio da Manhã.
Gostava francamente de saber se na investigação do desaparecimento de Madeleine McCann a Polícia Judiciária deixou de efectuar diligências para poupar dinheiro. Ou, pelo contrário, se gastou o que foi preciso. É que parece, parece, que para o Estado existem desaparecidos de primeira e desaparecidos de segunda.
Depois dos tribunais chegou a vez das esquadras de polícia. Deixaram de existir sítios seguros em Portugal. Já nem numa esquadra de polícia um cidadão está ao abrigo da violência, da criminalidade e de um balázio. Que belo país este ...
Em matéria penal, de segurança e de criminalidade Portugal tem vivido sob a tirania ideológica de vários complexos das esquerdas. Primeiro complexo: a eficácia policial é incompatível com os direitos dos cidadãos. Segundo complexo: os delinquentes são vítimas da sociedade e por isso não há que puni-los, porque em última instância é a sociedade a autora moral dos crimes. Terceiro complexo: não se pode mudar a legislação penal de acordo com as circunstâncias.
Para início de conversa numa “Coluna à Direita” seria difícil encontrar tema onde sejam mais visíveis as diferenças entre as direitas e as esquerdas do que a resposta política a dar ao problema da criminalidade. E tema, aliás, de enormíssima actualidade. O país tem vivido uma onda de violência sem precedentes, em grande parte como resultado de políticas policiais e penais erradas que têm sido aplicadas pelos Governos do PSD, do PS e com a prestimosa ajuda do CDS no Governo de Durão Barroso e Manuela Ferreira Leite.
À direita, onde confessadamente me situo, respondo aos complexos acima identificados da seguinte forma: defendo que as polícias que têm competências na área da investigação criminal, a PSP, a GNR e a PJ, devem ter a mesma tutela política; defendo que as penas aplicáveis aos crimes mais violentos devem ser agravadas; e defendo que que qualquer altura é boa para alterar as leis desde que a realidade o justifique.
Evidentemente que não espero que estas políticas sejam adoptadas em breve. As polícias estão depauperadas nos efectivos e diminuídas na sua autoridade. As polícias concorrem entre si e invejam-se quando deviam colaborar entre si e coordenarem-se.
Os penalistas descendentes de Jean Jacques Rousseau têm as sebentas feitas na base da ideia de que nascemos todos bonzinhos e que é a malandra da sociedade que nos estraga, eliminando qualquer noção de responsabilidade individual e, por arrasto, de culpa.
Os politicamente correctos que não sabem o que escrever mais sobre o assunto apressam-se a avisar que as leis não se devem mudar ao sabor das circunstâncias, esquecendo que todos os dias as leis mudam ao sabor das circunstâncias.
Resta a circunstância do país e essa circunstância é muito simples e deprimente: não há verdadeira liberdade sem segurança nas ruas. E Portugal não é hoje um país livre.
(Publicado no Portal Lisboa)
A propaganda do Governo, devidamente acolitada pela RTP, decidiu pôr a polícia nas ruas a combater a criminalidade violenta que tem assolado o país nos últimos tempos, meses, semanas, dias. Vai daí conseguiu resultados verdadeiramente estrondosos: deteve 53 pessoas, 44 por condução sob o efeito de álcool, 5 por falta de habilitação legal para conduzir veículos, 2 por posse e tráfico de estupefacientes, 1 por posse ilegal de armas e outro por situação ilegal no país. Evidentemente que o país dormirá muito mais tranquilo e seguro hoje com tamanho sucesso securitário. Talvez que a primeira coisa que o Governo e o MAI estejam a necessitar neste momento seja mesmo de algum decoro. Que começaria por uma palavrinha de Sócrates sobre o assunto, se não fosse muito incómodo, claro...
Antes de falar sobre a criminalidade violenta Cavaco Silva devia lembrar-se que foi Primeiro-Ministro dez anos. E devia, sobretudo, lembrar-se do que fez às polícias no seu tempo e no que fez ao Código Penal no seu tempo. Devia, por exemplo recordar-se da revisão do Código Penal de 1995, levada a efeito sob a batuta do seu ministro da Justiça, Laborinho Lúcio, em que as penas foram todas diminuídas, mesmo as de alguns crimes da moda. É que o estado da arte da criminalidade não começou com Rui Pereira. Começou há décadas, inspirado nas concepções dos penalistas de Coimbra, as quais estão para a criminalidade assim como as teorias pedagógicas em vigor no ministério da Educação estão para a degradação da autoridade nas escolas e para a diminuição dos conhecimentos dos alunos. Memória, precisa-se, Sr. Presidente.
O tiroteio de Loures foi uma coisa nunca vista por cá. Mostra a gravidade subterranea da criminalidade em Portugal, mas mostra também como se degradou o potencial dissuasor das forças de segurança e da autoridade do Estado. Um tiroteio destes, em pleno dia, num grande centro urbano reconduz-nos aos filmes de cow boys do oeste americano ou então, consoante o gosto aos lendários ajustes de contas sicilianos. Exige-se uma resposta forte e eficaz das polícias, coisa em que, como se sabe, o PS costuma fraquejar.
Dá para combinar a data das diligências? E é para todos?
"O rumo da investigação, homicídio, estava a incomodar o poder político?
Este caso foi mais político do que policial.
Algum político o pressionou?
Eu não fui pressionado, fui demitido.
De quem foi a decisão de constituir o casal McCann como arguidos?
Todos. E o director nacional era informado de todas as decisões.
Alípio Ribeiro concordou com a decisão?
Exactamente."
Sem comentários.
"A Polícia Judiciária continua à disposição do Ministério Público para desenvolver as diligências de investigação que este entender por pertinentes e essa disponibilidade só cessa quando o inquérito terminar por despacho do MP", afirmou Pedro do Carmo, Director Nacional Adjunto da PJ sobre o "caso Maddie". Era preciso dizer? Não é sempre assim? Ele há coisas que me transcendem.
Quanto à organização da investigação criminal, Pinto Monteiro deixou um exemplo sugestivo das dificuldades de cooperação entre o MP e as polícias, relatando o caso de uma magistrada que pediu uma investigação à PJ, com "implicações políticas", pedido que seria negado por um responsável daquela polícia "por não ser prioritário". Ouvido na AR, Pinto Monteiro deixou bem claras as divergências que mantém com o Governo sobre vários aspectos da política do Governo, a começar pelo SISI. As declarações que produziu acerca da investigação criminal "não prioritária" que tenha implicações políticas são da maior gravidade e merecem um esclarecimento público de quem de direito. E há "quem de direito"? Sei lá, Directores das polícias, ministério ou qualquer coisinha...
O Conselho Superior da Magistratura, ouvido hoje na Comissão de Direitos Liberdades e Garantias, mostrou preocupação com a possibilidade do secretário-geral da segurança interna se vir a intrometer em áreas até agora da competência dos órgãos de investigação criminal e do Ministério Público. Nunca ninguém se atreveu a concentrar num só par de mãos, as do Primeiro-Ministro, tanto poder como vai suceder com o PS e o SISI, tema que misteriosamente desapareceu da chamada agenda mediática. Os juízes deram hoje um sinal e um alerta importantes.
Polícia impõe a ordem e faz detenções no Marquês de Pombal, devido a abusos de pessoas que comemoram a vitória da selecção. No Marquês de Pombal há polícia. Nos piquetes de camionistas não há. No Marquês é mais fácil fingir que existe ordem pública.
Pedro Passos Coelho defendeu que as polícias devem estar todas na tutela do MAI. Eis uma posição que há muito defendo e com a qual concordo integralmente. Trata-se de uma matéria muitas vezes debatida em surdina, que merece mais concordância privada do que a que se declara publicamente. Reconheço: é necessária alguma coragem para defender isto.
Alípio Ribeiro vem dizer que já tinha decidido sair da PJ há um mês. É caso para dizer que quanto mais fala mais se enterra. Anda muita gente a brincar com isto. O sítio, como lhe chamou Eça. Alberto Costa, entretanto, continua a passar pelos pingos da chuva. Seria a crise da polícia uma das razões que Sócrates tinha ontem em mente quando disse que havia muitas razões para censurar o Governo? Se era, pois estou de acordo com Sócrates, quase já entronizado o Polícia-Mor do reino por via da legislação aprovada esta semana no Parlamento.
Portugal é um país com parcos recursos naturais e com falta de capacidade de produzir riqueza suficiente para a qualidade de vida que legitimamente pretende ter. Concordam? Então, expliquem-me: como é possível manter três forças policiais a fazer investigação criminal, duas delas de natureza territorial e uma de natureza estritamente técnica, duas delas dependentes de um ministério e outra dependente de outro ministério, cada uma com os seus comandantes, directores, agentes, funcionários, equipamentos?
"Sou muito amigo do dr. Almeida Rodrigues, já trabalhei com ele várias vezes, mas também sou procurador-geral adjunto com dez anos de cargo e por uma questão de estatuto não podia ficar" (na dependência hierárquica de um polícia). "Se eu ficasse, seria mal visto pelos meus colegas do Ministério Público". Quem disse isto ao Jornal de Notícias foi Baltasar Pinto, até agora director nacional adjunto da Polícia Judiciária. José Sócrates reconheceu hoje haver muitas razões para censurar o Governo, menos a que o PCP escolheu: as propostas, note-se, propostas do Governo para alteração do Código do Trabalho. Estes episódios, dirão, são fait-divers. Até podem ser. Mas mesmo como pormenores mostram com exuberância o Portugal subterrâneo que existe por debaixo do verniz. Mesmo debaixo do nosso nariz.
Que tristeza.
(publicado na edição de hoje do Democracia Liberal)
O amigo e leitor António Almeida, em comentário à entrada anterior, sugere a junção das polícias num Ministério do Interior. Pois claro. Embora se saiba que o nome do ministério foi amaldiçoado pelo 25 de Abril, estou de acordo que seria o adequado.
Um dos cargos mais supersónicos da República é o de Director da Polícia Judiciária. O Coutinho Ribeiro está perplexo e preocupado. Somos dois.
Acudam! Alípio Ribeiro cometeu heresia. Afirmou em entrevista ao Diário Económico que seria de pensar em concentrar as polícias no MAI. Há muito que defendo esta solução. O combate eficaz à criminalidade cada vez exige mais coordenação entre polícias, para mais três polícias que têm competências em matéria de investigação criminal, como é o caso da PSP, da GNR e da PJ. E esta seria também, secundariamente embora, relativamente à questão da coordenação e da eficácia, uma forma de identificar claramente um, repito um, responsável político pelo combate à criminalidade. Claro que as corporações não gostam. E alguns interesses também não. Curiosa a reacção de um sindicalista da PSP, que hoje ouvi na rádio: "Bem, na maioria dos países é assim, mas como nos damos bem com a ASFIC (que é agressivamente contra a ideia e que punir o autor com a pena de demissão!) não queremos aprofundar o assunto e estamos solidários com eles". Os sindicatos falam mais alto que a discussão e a reflexão. Já calculávamos. As reacções interesseiras já se fizeram ouvir. O CDS, hoje partido de memória curta, chamou Alípio Ribeiro ao Parlamento, que é a único simulacro de oposição que sabe fazer: chamar pessoal ao Parlamento. As esquerdas desenterrarão os fantasmas da "longa noite fascista" para agitar o espantalho da perigosa concentração policial. E as ideias, essas, ficarão para trás. Ninguém parece interessado nelas.
Um grupo de meliantes invadiu uma esquadra de polícia, onde apenas existia uma alma fardada e espancou um puto que apresentava queixa contra o bando. No Estado socialista nem as esquadras são lugares seguros. Eis o que décadas de Governos PSD, PS e CDS, que já teve direito ao secretário de Estado do costume, fizeram à nossa polícia.
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