Sábado, 05.09.09
José Sócrates deixou de falar a Pina Moura porque este, enquanto esteve a representar os espanhóis na administração da Media Capital não acabou com o Jornal de opinião privativo de Manuela Moura Guedes, como Sócrates desejava enquanto era tempo. Pina Moura vingou-se da desfeita, declarando-se "focado", isto é, próximo e concordante com o programa eleitoral do PSD e não do PS, partido pelo qual foi deputado da Nação em acumulação com a representação de interesses de empresas espanholas em Portugal. O grupo Prisa, dantes amigo do PSOE e de Jose Luis Zapatero, por sua vez muito amigo de José Sócrates, zangou-se entretanto com os ditos PSOE e Zapatero, porque estes deram um volumoso negócio de comunicação em Espanha a outro grupo de comunicação que não a Prisa. Vai daí toca de começar a escrever artigos contra o PSOE e Zapatero nos orgãos do grupo. Sabendo do momento delicado, judiciário e eleitoral, que o amigo lusitano de Zapatero vive em Portugal, toca de correr com Moura Guedes da pantalla, sabendo de antemão que o poderosíssimo ónus político do saneamento recairia sobre Sócrates, o especial amigo de Zapatero, ora ódio de estimação do grupo. Cavaco Silva, tomado de esperada amnésia, declarou esperar que o saneamento de Moura Guedes não tenha nada a ver com ameaças à liberdade de informação, esquecido que está do que fez o seu Governo com a RTP e o então elemento de ligação a Moniz, marido da ora saneada da TVI, quando este era Director de Informação da RTP, o ministro Marques Mendes (esse mesmo...) que, ao que consta, famas injustas certamente, tinha uma especial predilecção pela análise antecipada dos alinhamentos do telejornal.
Isto é uma história de pura ficção e qualquer semelhança com a realidade é pura coincidência. E tenho mais ficções para escrever.
Sábado, 29.08.09
Há pessoas que são barómetros de clima. O especialista de interesses Pina Moura é um deles. Elogiar o programa do PSD, criticando o do PS, desta maneira é mau sinal para Sócrates.
Sexta-feira, 25.04.08
José Sócrates surge como primeiro-ministro de Porto Rico na lista de Pessoas Importantes na WEB (WIP-Web Important People) criada pelo grupo espanhol Prisa para contabilizar e ordenar as referências na Internet a personalidades de todo o Mundo. Pina Moura anda distraído. Mau Maria ...
Domingo, 06.05.07
Sexta-feira, 04.05.07
Na política como na vida a realidade retrata-se em simbolismos. Eles reflectem a substância dos factos que está por detrás da forma. A forma não é neutra. E, por vezes em pequenos pormenores, é que se percebe em que espécie de país em que vivemos.
Neste domínio esta semana foi fértil.
Pina Moura, que durante dois anos acumulou a representação de interesses económicos estrangeiros em Portugal com a representação da Nação na Assembleia da República, pretendeu fazer uma intervenção parlamentar de despedida antes de se ir embora para presidir à Media Capital.
Seria finalmente o dia em que se perceberia que Pina Moura tinha sido deputado. Mas, azar dos Távoras, o próprio Pina Moura já não se lembrava que tinha renunciado ao mandato com efeito no dia em que pretendeu falar e já não pode despedir-se do local onde parece nunca ter verdadeiramente entrado.
Assim se vê o que é o Parlamento para muitos dos que lá passam. Um corredor para algures de que só se lembram quando saiem. Ivoluntariamente e por negligência do próprio, é certo, o silêncio é nesta história, o símbolo dos vícios do sistema político que este ex-deputado representa no seu máximo esplendor. Há pequenos deslizes que revelam toda uma cosmovisão.
Já em Lisboa, assistiu-se a outro formalismo que não deixa margem para dúvidas. O líder de um partido anunciou a queda de um Presidente de Câmara, ainda por cima eleito nas listas do mesmo partido como independente. Este comportamento revela que o político assim apeado na televisão em directo não existe verdadeiramente. Mas também mostra como o que conta é o chefe do partido e não a dignidade mínima do eleito.
É o expoente máximo da partidocracia. Está bem que Carmona Rodrigues é uma nulidade política, como os últimos meses vieram provar. Está bem que é incrível como o ainda Presidente da Câmara Municipal de Lisboa, uma função muito mais relevante politicamente que pelo menos metade dos ministérios do Governo, tem andado calado e a fugir literalmente pelas ruas onde é localizado pela comunicação social, para não ter de dar explicações sobre o Titanic em que a sua equipa se transformou sob seu comando.
Mas Marques Mendes devia ter sido o último a falar. A responsabilização pelo exercício do poder, saudável regra que nas democracias dos nossos dias todos proclamam e reivindicam foi assim remetida, em Lisboa, para debaixo dos móveis carunchosos de um sistema político cheio de vícios que os principais partidos e os seus líderes insistem em exibir despudoradamente.
(publicado na edição de hoje do Semanário)
Quinta-feira, 26.04.07
Numa democracia normal a luta política e a oposição ao Governo deve fazer-se através de programas, ideias e propostas sobre a sociedade e a organização do Estado. Numa democracia doente e degradada, a luta política faz-se através da discussão dos comportamentos dos políticos.
No 34º aniversário do PS José Sócrates disse que o PS quer uma democracia decente. Ora, decência é tudo aquilo que o PS não tem mostrado ter nos últimos tempos de Governo e de maioria. A proclamação revelou uma hipocrisia política aguda e chocante. Ainda ontem Sócrates deu mais um sinal ético, ao considerar um exemplo de ética a atitude de Pina Moura abandonar os cargos políticos e partidários para ir controlar a TVI. Não ocorreu ao Primeiro-Ministro que acumular a representação da Nação no Parlamento, um órgão de soberania, com os interesses empresariais espanhóis da Iberdrola fosse um exemplo anti-ético ou uma indecência. Sócrates é muito selectivo em matéria ética.
Mas é José Sócrates o primeiro a agir assim? Infelizmente, não. Outros que o antecederam no poder foram pioneiros. Durão Barroso, Paulo Portas, só para lembrar alguns dos mais recentes, foram ilustres percursores. E estão todos no activo. O que (temos de ter capacidade para ver os factores positivos) é uma boa notícia para quem tem uma noção séria e elevada da política. Fica mais nítida a diferença.
(publicado na edição de hoje do Democracia Liberal)
Terça-feira, 24.04.07
"A escolha de Pina Moura para presidir à Media Capital, a convite da Prisa, é uma das mais preocupantes notícias dos últimos tempos. Ao pé disto, a telenovela em redor da licenciatura de José Sócrates é apenas programação infantil. "
Sexta-feira, 20.04.07

(
Pavilhão a uso)
"Pina Moura admite em entrevista ao Expresso que o convite que lhe foi dirigido pela Prisa, para presidir ao Conselho de Administração da Media Capital, proprietária da TVI, tem
“um pressuposto ideológico”. O socialista, que é também presidente da Iberdrola Portugal assume que
continuará “a fazer política” mas agora nos média e garante que “não há nenhum projecto empresarial que não tenha objectivos políticos, nomeadamente na comunicação social”. Cheguei a estas
pérolas através do
Gabriel Silva. Eis um exemplo de franqueza que o PS poderia utilizar noutras matérias. Desde logo em campanha eleitoral quando falasse de impostos e no Governo quando falasse de Universidades e diplomas. A desfaçatez não tem limites neste triste Portugal socialista.
Quarta-feira, 18.04.07
Pina Moura vai para administrador do grupo Media Capital, vai continuar a presidir à Iberdrola Portugal e decidiu deixar o seu lugar de deputado e todos os cargos que ocupa no PS. Tarde de mais. Sempre me insurgi contra o facto de um deputado da República e da Nação representar simultaneamente interesses económicos espanhóis, como tem sido o caso de Pina Moura. Este deputado tem dado, desta forma, dos piores exemplos políticos de pomiscuidade de interesses que se pode dar. Ele é a encarnação do pantano guterrista. Agora desiste do mandato, acrescentando mais um péssimo exemplo político, ao seu longo curriculum nesta matéria. O sistema vive na impunidade. Todos se permitem tudo. Agora, este exemplo de empresário oriundo da melhor escola do PCP, vai dirigir um grupo de comunicação social. Bem podia contratar Vital Moreira para comentador de domingo... Sócrates e o PS bem precisam de reforços na comunicação social. Como se tem visto, ainda há muita coisa fora de controlo. O bombeiro de serviço apresentou-se ao serviço, juntando o útil ao agradável: ajuda o Partido e aumenta os interresses espanhóis que representa em Portugal. D. Joaquin não brinca em serviço.