Em 1995 Cavaco Silva afundou o PSD nas legislativas com um desmentido a afirmações de Fernando Nogueira. Em 2009, pode ter afundado o PSD com o incrivel espisódio das escutas. É uma sina. E por muito que custe a muitos, Pacheco Pereira tem toda a razão.
Serviço público é justamente aquilo que faz José Pacheco Pereira no seu novo projecto. Ephemera passa a ser local de paragem obrigatória para quem gosta de conhecer o passado. A memória é um dos bens mais preciosos para perceber os presentes e a sua importância é inversamente proporcional à sua ausência do nosso dia-a-dia.
(Foto)
Quadratura do Círculo da SIC-Notícias, mesmo agora:
Pacheco Pereira para António Lobo Xavier:
- Você ainda é mais conspirativo do que eu...
Resposta de António Lobo Xavier:
- Sou, mas só falo de conspirações quando me convém.
Elucidativo.
Sábado à tarde solarengo em Lisboa, nas Amoreiras. Muitas e desvairadas gentes atravessam-se em destinos que se cruzam apenas nos corredores e se desvanecem quando se traspõem as portas da rua. Ex-banqueiros e seus advogados saiem a meio da tarde, indiferentes às compras e às músicas de Natal que não páram de tocar. Acusados de ter cometido infracções, terão que se defender, sem horário nem calendário. Gente feliz com sacos leva tudo à sua frente, num irritante autismo, quase agredindo com os seus sacos e as suas malas de compras quem tem o azar de não perceber que não pode pura e simplesmente andar nas Amoreiras mas sim fazer autênticas gincanas. No éter, oiço Pacheco Pereira explicar como as canções de Ágata são retratos sociais de uma época e falavam de problemas do dia-a-dia das pessoas e como esse era o segredo do seu sucesso. Fico a saber que não tem preconceito contra a música pimba. Oiço o "Mãe Solteira" e fico a saber pela milésima vez que posso ficar com com a casa, com o carro, mas não fico com ele. Em seguida Pacheco Pereira decreta a morte da filatelia com os novos costumes do e-mail e do sms e com a rarefacção da utilização das estampilhas postais, vulgo selos. Também eu fui filatelista amador e gostei de recordar os tempos do selo. Este programa de Pacheco Pereira no Rádio Clube foi-me da maior utilidade. Permitiu-me descansar da memória do homem que vira, minutos antes, tombar, redondo no chão, de inanição. Tão simples quanto isso. Um homem, já idoso, rosto marcado indelevelmente pelas agruras da vida, com um porte de uma dignidade incrível, que caía ao chão (vi duas vezes), apenas porque ainda não tinha comido nada ontem. Era apenas fome. Apenas. Recusou ambulância, recusou médico. Ajudado pelos seguranças do centro comercial em deriva humanitária, sentou-se numa cadeira esperando o regresso das forças que lhe permitissem andar. A Margarida, de lágrimas nos olhos, foi-lhe comprar um pacote de leite, que lhe deu a beber, antes de desabafar em português vernáculo contra o mundo que permite que estas pessoas estejam a viver assim. Foi o inesperado pequeno-almoço do homem por volta das cinco da tarde. Compreendo muito bem que a Margarida não sinta Natal. É realmente muito difícil. A fome daquele homem não estava escrita na cara, nem vem nas estatísticas da desigualdade social do INE de 2006 com que Sócrates discursou esta semana no debate parlamentar. Também não sei se aquele homem é funcionário público e vai ter acesso ao apoio que o Governo anunciou em exclusivo para funcionários públicos. Sei que no meu país a pobreza oculta-se mas vai matando lentamente.
(publicado em O Carmo e a Trindade)
"Aliás o mesmo acontece com outros “casos”, em particular os que envolvem figuras do PSD em actos eticamente reprováveis, em ilegalidades ou corrupção, ou a enormidades políticas como foi o caso do banimento ilegal de um deputado na Madeira pela maioria parlamentar do PSD. Tudo isto, que faz estragos enormes à credibilidade do partido, é visto como inimputável internamente, sem nunca se assumirem ou pedirem responsabilidades políticas. A fúria vai mais contra o facto de eu estar a escrever isto, preto no branco, do que com o que aconteceu. Como eu os percebo, tanto mais que na lista dos faltosos estão muito bem representados deputados que foram escolhidos em função das amizades e fidelidades com o líder de então e por isso estão hoje muito “desmotivados”.
Pacheco Pereira, no Abrupto.
"Um dos défices mais graves da vida política portuguesa é a omissão das lideranças partidárias em assumirem as suas responsabilidades na apreciação dos comportamentos eticamente reprováveis dos membros dos seus partidos".
Pacheco Pereira, no Público (só para assinantes).
E como se resolve o problema quando os comportamentos eticamente reprováveis pertenceram às próprias lideranças partidárias? Pergunto.
O que dira o PSD, Manuela Ferreira Leite, Pacheco Pereira, Cavaco Silva, se o que se passa na Madeira se passasse nos Açores, em que por causa de uns artigos do Estatuto, Cavaco Silva parou o país durante um dia para uma comunicação ao jantar?
Pacheco Pereira a falar para uma assembleia da JSD. Não foi um sketch. Foi verdade.
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