Sexta-feira, 18.01.08
O ministro da Justiça, Alberto Costa, foi o único no Conselho de Ministros onde foi tomada a decisão da construção do aeroporto em Alcochete a manifestar a sua discordância,
relembrando que a Ota era uma promessa eleitoral do PS. Este argumento é um verdadeiro anacronismo. Desde quando é que as promessas eleitorais contam para o PS? Actualize-se, Senhor Ministro, ou então, habitue-se.
A decisão de construir o novo aeroporto no concelho de Benavente não pode deixar de suscitar diversas perplexidades que dizem respeito a todos os portugueses.
A primeira é a seguinte: o Governo prepara-se para compensar os municípios abrangidos directamente pelo impacto da construção do aeroporto na Ota pelos prejuízos causados pela mudança da localização. E nós perguntamos: e como tenciona o Governo compensar os contribuintes pelos prejuízos que resultam do gasto, ao longo de anos, de milhões e milhões de euros em estudos, pareceres e candidaturas para a construção de um aeroporto que se confirmou agora ter sido muito mal estudado ao longo de décadas pela Administração Pública?
A segunda é a seguinte: como explica o Governo que num ápice tenha sido convencido por um estudo feito em três meses de que a localização na Ota era um desastre e que a localização em Benavente é melhor? É verdadeiramente surpreendente como um Primeiro-Ministro que repetiu à exaustão que estava tudo estudado e bem estudado, desde há décadas, e que não existiam alternativas, apenas numa semana tenha descoberto um estudo melhor e uma alternativa melhor.
A terceira é a seguinte: depois da catadupa de disparates que disse sobre o aeroporto na margem sul, como é possível continuara a dar mais do que meio chavo de valor e crédito às afirmações do ministro Mário Lino? Como é admissível que o ministro continue, impávido e sorridente a caminho do deserto onde não há escolas, hospitais, hotéis e gente?
A quarta é a seguinte: o que vai suceder à NAER? O sítio já se sabe, pifou. E o resto? E a despesa inútil que foi feita?
Poderíamos prolongar as perplexidades e as dúvidas.
Mas importa dizer o seguinte: o que sucedeu com o aeroporto constitui a maior machadada na credibilidade política do Governo e do Estado. Conclui-se que quando estuda o Estado estuda pouco, estuda mal, e, suspeita-se legitimamente, estuda muitas vezes por encomenda política.
Como sempre afirmámos, a decisão de construir e a decisão da escolha da localização de um novo aeroporto é, por natureza, eminentemente política. E foi-o, em todo o seu esplendor. A primeira e a segunda.
Há muita coisa para discutir sobre o aeroporto e para discutir politicamente. A discussão recomeça agora, ou melhor, começa, já que a propósito da Ota ela nunca chegou a fazer-se a este nível e prolongar-se-á, estamos certos, por vários anos. Não para reeditar a polémica oitocentista dos perigos do caminho de ferro, mas para decidir coisas tão acessórias como os interesses legítimos e os interesses ilegítimos, o modelo de desenvolvimento, a tal cidade aeroportuária e as consequências que todo este brutal investimento vai ter no futuro, não apenas do eixo Lisboa-Setúbal, mas em todo o país.
Durante décadas o país deixou andar a carruagem da Ota. Que não seja por dispormos agora de uma decisão melhor, que o país se demita de fazer a discussão que continua a ser necessária.
(publicado na edição de hoje do Diário de Aveiro)
Sexta-feira, 11.01.08
Mário Lino, que, convém não esquecer, afirma ter a sua inscrição em dia na Ordem dos Engenheiros, que disse ter um compromisso pessoal com a construção de um aeroporto na Ota e que é um confesso iberista, preconizando a extinção do país de que é ministro enquanto Estado soberano e independente, tem dito muitas coisas. Eis algumas, só para registo:
"O que eu acho faraónico é fazer o aeroporto na Margem Sul, onde não há gente, onde não há escolas, onde não há hospitais, onde não há cidades, nem indústria, comércio, hotéis e onde há questões ambientais da maior relevância que é necessário preservar".
Mário Lino
"Até estou convencido que um aeroporto na Margem Sul jamais teria o aval de Bruxelas, dadas as mesmas questões ambientais"
Mário Lino - Jornal de Negócios, 24/5/2007
“O aeroporto na margem sul era o mesmo que transformar o Norte do Alentejo em Brasília”
Mário Lino - Jornal de Negócios, 24/5/2007
"Para construir o aeroporto na margem sul era preciso transportar para lá milhares de pessoas".
Mário Lino – Jornal de Negócios, 24/5/2007
E já agora, eis um reforço de peso:
"Um aeroporto na margem sul tem um defeito: precisa de pontes. Suponham que uma ponte é dinamitada? Quem quiser criar um grande problema em Portugal, em termos de aviação internacional, desliga o norte do sul do país".
Almeida Santos no final da reunião da Comissão Nacional do PS
Quinta-feira, 10.01.08
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Quarta-feira, 09.01.08
O estudo do LNEC sobre a localização do novo aeroporto vai ser tornado público pelo Ministério das Obras Públicas. Fonte do Ministério afirmou ontem que ainda não estava tomada uma decisão sobre o assunto. Hoje o Ministério corrigiu. É extraordinário como certas coisas passam pelas cabecinhas pensadoras do Governo.
Sexta-feira, 07.12.07
(
Observação técnica in loco)
“Neste momento a tendência que existe do ponto de vista de observação técnica que temos feito [sic] é de que esse aeroporto, tendencialmente, deve ficar na Margem Sul.” (
Rádio Renascença, 7 de Dezembro de 2007);
“Com o à-vontade de quem defendeu a OTA, defendo agora a solução Portela+1.” (Correio da Manhã, 14 de Junho de 2007);
“A partir de hoje morreu a Portela. Longa vida à OTA. Para bem de Portugal.” (Correio da Manhã, 24 de Novembro de 2005)
"O antigo ministro do equipamento, João Cravinho, desde sempre comprometido com a opção pela construção do novo aeroporto de Lisboa na Ota, veio afirmar que só poderia compreender a opção Alcochete à luz de interesses imobiliários. Deveria estar a referir-se aos interesses imobiliários da generalidade dos portugueses, já que os terrenos de Alcochete são públicos, enquanto os da Ota são privados."
Domingo, 02.12.07
Já acredito que vem uma remodelação governamental a caminho. Ao ler
esta entrevista de Nunes Correia (para quem não sabe e devem ser muitos, é o actual ministro do Ambiente), onde afirma que a última palavra sobre o novo aeroporto é sua. Pior: diz que lhe agrada mais que se construa o aeroporto em Alcochete, isto é, em pleno deserto. Ora bem.
Terça-feira, 13.11.07
O ministro sombra de Mário Lino é José Sócrates. Bem sei que um biombo dá jeito. Mas vêem-se sempre as sombras.
Segunda-feira, 12.11.07
"O presidente da CIP acusou hoje Mário Lino de ter accionado uma "campanha desesperada" para destruir o estudo que aponta Alcochete como melhor opção para o novo aeroporto.". No
Ota Não.
Quinta-feira, 04.10.07
(
Mini-bandeira)
No léxico político corrente convencionou-se chamar “bandeiras” aos assuntos, às matérias, às ideias ou às propostas que um partido decide afirmar como prioridade do seu discurso público, da sua acção governativa ou parlamentar ou como simples meio de diferenciação face aos concorrentes directos.
Na passada sexta-feira o PSD mudou de líder. Trocou um Luís por outro, basicamente porque os militantes do partido, aliás, uma imensa minoria dos seus eleitores, acha que com o novo Luís será mais fácil ganhar as próximas eleições legislativas ao PS e, sobretudo, a José Sócrates. É natural. Os partidos existem para o poder e quando sentem que com um determinado líder não chegam lá, mudam. As ideias, as propostas, as tais “bandeiras” são remetidas para segundo plano.
Em jeito de balanço e após a vitória de Luís Filipe Menezes, o estado da questão, relativamente à comparação entre o PS actual e o PSD que passou a ser actual, é a seguinte:
1º O PS tem dito que é contra a descida dos impostos neste momento, pelo menos até as contas públicas estarem em ordem. Luís Filipe Menezes é contra a descida dos impostos, pelo menos até as contas públicas estarem em ordem.
2º José Sócrates, em resposta a pressões externas, em resposta à vontade da Comissão Europeia e em resposta à ideia de Cavaco Silva está a preparar o caminho para desrespeitar mais uma das suas promessas eleitorais e não promover o referendo sobre o novo tratado europeu, que vai substituir a Constituição europeia. Luís Filipe Menezes é contra a realização de um referendo sobre o novo tratado europeu, que vai substituir a Constituição europeia.
3º José Sócrates, que expulsou o seu ministro Mário Lino do processo do novo aeroporto aguarda o estudo do LNEC para saber se é favor ou contra a construção de um novo aeroporto na Ota. Luís Filipe Menezes aguarda o estudo do LNEC para saber se é ou não a favor da construção de um novo aeroporto na Ota.
4º O PS vai desenterrar a regionalização administrativa do continente, promovendo a divisão do território em regiões. Luís Filipe Menezes é a favor da regionalização, concordando com a divisão do território em regiões.
Ou seja, as “bandeiras” do PSD derrotado na sexta-feira passada já não existem.
Desta comparação resulta, pois, que continua a ser um mistério saber em que é que o PSD actual vai fazer oposição ao PS actual. Tendo como almofada o bloco central dos interesses e dos negócios, ambos, têm agora uma diferença substancial. O PSD tem um líder chamado Luís e o PS tem um líder chamado José. O primeiro é do Sporting e o segundo é do Benfica.
O que resta ao PSD então para se diferenciar do PS actual? Restam a quantidade das políticas sociais. Se o Governo der dez o PSD pedirá mil. Mas do mesmo Exactamente do mesmo. O Bloco e o pCP que se cuidem: parece estar a caminho mais concorrência.
Basicamente serão estas as bandeirolas do PSD actual, já que as bandeiras foram para lavar.
(publicado na edição de hoje do Semanário)
Domingo, 26.08.07
A Ota voltou. E o
Ota Não também. Com sondagem nova e tudo.
Segunda-feira, 16.07.07
507 votos depois chega ao fim a sondagem do Tomar Partido sobre a construção do aeroporto na Ota. Os resultados foram: Não, 86%, 434 votos. Sim, 9%, 48 votos, Depende do custo, 5%, 25 votos. Elucidativo.
Segunda-feira, 18.06.07
Capazes de tudo. No
Ota Não.
Domingo, 17.06.07
(
Os Ewing)
Sabe-se que o sistema, apesar de depender de um pequeno grupo de amigalhaços e negociantes de regime, tem as suas facções. E, por vezes, dentro do sistema, há desavenças, coligações, desforço, intriga, tudo como se Portugal fosse uma espécie de
Dallas sem petróleo, um género de família Ewing, sem ouro negro. O nosso ouro negro é o Estado, esse poço sem fundo de manipulação, dinheiro e influência (a vaidade vem por acréscimo). Esclarecido o contexto deste
post, pergunto: Cavaco Silva sabia do
Otagate? Cavaco Silva sabia que que o estudo da CIP foi
amputado,
negociado,
combinado,
moldado,
almoçado,
sonhado,
discutido,
debatido,
cozinhado,
arranjado,
lapidado,
laminado,
falado,
construído,
pensado,
escrito e
divulgado em
cumplicidade estratégica entre a
CIP e
Sócrates (o ministro iberista a bem dizer não conta nada)? Se sabia, poderá por gentileza informar a plebe se era a
um estudo destes que se referia quando disse que era preciso
debater? Se não sabia, poderia por gentileza informar a plebe se considera a sua exigência
satisfeita, à luz dos critérios de político não profissional, dotado de desprendimento político-partidário e rigor técnico-financeiro? É favor enviar resposta pelo meio considerado mais adequado. Os figurantes da democracia agradecem.
Sexta-feira, 15.06.07
José Sócrates sabe melhor que ninguém que os últimos seis meses foram um desastre para o Governo. Sabe melhor que ninguém que não se pode dar ao luxo de perder as eleições de Lisboa. Sabe melhor que ninguém que a Presidência portuguesa não pode ser ensombrada por um ministro que se sabe já de ciência certa ser um erro de casting. E sabe que não pode comprometer a cooperação estratégica com Cavaco Silva. Seria empreitada a mais para um homem só.
Assim se explica o aparente recuo do Governo na Ota. Aparente, porque a verdade é que o golpe do estudo do LNEC, apesar de ter sido um sucesso mediático, tem demasiadas fragilidades para ser sincero, autêntico, profícuo.
Em primeiro lugar, se o Governo tivesse tomado um banho de humildade política não tinha mandado estudar a localização de Alcochete. Tinha, sim, mandado estudar todas as localizações possíveis, incluindo a mais barata de todas, que é a da manutenção do aeroporto da Portela, com um aeroporto de apoio. Não o fez, o que mostra que a preocupação do Governo não é estudar para tomar uma decisão fundamentada, mas apenas fingir que estuda para manter no final a sua teimosa posição de sempre: a Ota.
Em segundo lugar, se o Governo estivesse de boa fé política, não tinha encomendado o estudo técnico a uma entidade dependente do Governo, por muita competência e qualidade que tenha, como é o caso do LNEC. Tinha encomendado o estudo a uma entidade independente. Sabe-se o que aconteceu aos técnicos da NAV que se atreveram a discordar da Ota: foram literalmente corridos. Ninguém no LNEC desejará entrar no index do ministro Mário Lino.
Em terceiro lugar, o anúncio da encomenda ao LNEC esbarra com a catadupa de certezas inabaláveis, incluindo uma inaudita torrente de disparates, que o Governo afirmou nos últimos meses em defesa da Ota. Do jamais, jamais, ao deserto, passando pelas afirmações de Sócrates no Parlamento, sempre insistindo na Ota e na necessidade de avançar já, até à grotesca exigência de apresentação de estudos a quem criticava a opção Ota, como se o Governo não existisse justamente para estudar antes de decidir, de tudo se ouviu, forte e feio, para que o anúncio feito agora tenha credibilidade.
Em quarto lugar, somam-se indícios de que a decisão sobre a Ota vai avançar independentemente do estudo. Se a vontade do Governo fosse autêntica, como se explicaria que, apesar da encomenda do novo estudo, o Governo vá entregar em Bruxelas até 20 de Julho o projecto de construção do aeroporto na Ota para efeito de financiamento comunitário? Será que, afinal, o Governo já conhece as conclusões do estudo que encomendou? O que fará, se por milagre o LNEC aconselhar Alcochete?
O modo como o Governo tratou este assunto é bem elucidativo da forma como se governa em Portugal. Ou melhor, da forma como se desgoverna.
(publicado na edição de hoje do Semanário)
Terça-feira, 12.06.07
"Há mais de 40 anos que se fala de um novo aeroporto, sempre se apontou para a Ota, todos os estudos diziam Ota. Temos algum receio que venham mais estudos daqui por seis meses ou um ano que venham atrapalhar",
disse o Presidente da Associação de Municípios do Oeste, que hoje foi recebido pelo ministro iberista. O inspirado e atrapalhado autarca exigiu também conhecer os técnicos que elaboraram o estudo da CIP. Eu também gostava de saber quem são os proprietários dos terrenos confinantes com a localização do aeroporto na Ota, de preferencia sem recurso aos testas de ferro. E as Camaras Municipais, a quem o ministro iberista disse incumbir essa divulgação, nunca o fizeram. E também gostava de saber que interesses ficam atrapalhados por se estudar outra localização que não a Ota.
Segunda-feira, 11.06.07
(
BBC)
Vital Moreira tem desempenhado o papel de novo Cardeal do PS. Depois de Pina Moura com António Guterres, Vital Moreira tem sido o Cardeal que José Sócrates merece. Tal como vários outros, Vital Moreira vem do PCP, onde irreversivelmente fez a sua cabeça e moldou, para o bem e para o mal, o seu carácter. Nos momentos chave(z), tudo isto vem ao de cima. Em Mário Lino, como em Vital Moreira. O problema é quando a natureza que vem ao de cima não vem na mesma altura em todos. Aí, o caldo entorna-se. É o caso da decisão de mandar estudar a localização do novo aeroporto em Alcochete.
A natureza ortodoxa de Vital Moreira veio ao de cima. Realmente deve ser chato, depois de se produzir tanta propoaganda sobre a Ota, como é o caso de Vital Moreira, ver o Governo recuar e tirar o tapete aos artigos. É a vida ...
O Governo recuou na teimosia e na obsessão e vai mandar estudar a localização de um novo aeroporto em Alcochete. Isso mesmo, disse bem: Alcochete, em pleno
deserto. Parece que, finalmente, o Governo decidiu ter uma política nova: a do povoamento do
deserto. Ainda assim, depois de tanto disparate dito e redito pelo ministro iberista, esta novidade só pode ter um significado: Sócrates decidiu castigar as bocas do ministro iberista sobre as licenciaturas e a Ordem dos Engenheiros mandando-o fazer esta triste figura.
Domingo, 03.06.07
É preciso lata!, no
Ota Não.
Sexta-feira, 01.06.07
Paulo Portas e Marques Mendes foram ministros de Durão Barroso justamente no Governo que apresentou o projecto da Ota em Bruxelas para efeito do financiamento. Hoje, fazem gala de discordar, duvidar, perguntar, criticar. A isto chama-se oportunismo e desonestidade políticas. E agora, com a oportunidade das eleições intercalares em Lisboa, perderam a vergonha e juram que já no século V antes de Cristo eram contra a Ota.
A verdade é que é o Governo de Durão Barroso que está na oposição parlamentar ao PS. Ou seja: numa palavra, é uma oposição sem credibilidade e incapaz de dar um futuro melhor a Portugal. Já deram o que tinham a dar e deram bem pouco.
(publicado na edição de hoje do Democracia Liberal)
Quinta-feira, 31.05.07
Sócrates inflexível sobre a Ota. E insiste que a decisão foi tomada em 1999 e confirmada pelo Governo de Durão Barroso que apresentou o projecto em Bruxelas para ser financiado. E explora as contradições do PSD sobre a Ota. Que não são poucas, diga-se.
Sábado, 26.05.07
Quanto mais o tempo passa mais me irrita ter acertado nas últimas eleições presidenciais quando decidi que não votaria em Cavaco Silva. Irrita-me porque desejaria ter-me enganado. Era bom que Cavaco Silva fosse o Presidente que eu julgava que ele não era capaz de ser. Mas não. Infelizmente acertei. As afirmações que ontem fez sobre a Ota, a fingir que está a tentar pôr o Governo na ordem sobre a Ota são a maior demonstração do que previ. O país não tem feito outra coisa senão debater a Ota. A Assembleia da República não quer discutir a Ota porque depachou em 11 minutos a discussão de uma petição da Nova Democracia sobre a Ota. Propôr que o Parlamento debata a Ota é inconsequente. O Presidente podia promover várias iniciativas nesse sentido, mas Cavaco não quer. O Presidente podia sugerir a convocação de um referendo, mas não gosta de referendos. O Presidente podia... mas não quer. O Presidente é uma mera decoração estratégica de Sócrates. Deixêmo-lo, pois, sossegado no seu exílio dourado em Belém.
Quinta-feira, 24.05.07
(
Fonte)
Parece que o far chegou ao Oeste português. O Presidente da Camara Municipal de Peniche, que é comunista, estando por isso consideravelmente atrasado em relação ao camarada iberista Mário Lino que já vai no PS, parece que tenciona dar trabalho aos advogados portugueses e processar todos aqueles que desconfiam, duvidam e se opõem à construção do aeroporto da Ota. Eis todo um tratado de equilíbrio e bom senso. Com tanto afã processual o homem ainda acaba em adjunto da Directora Regional de Educação do Norte. Já agora, poderia o autarca enunciar quais as regiões que no seu preclaro entendimento terão personalidade judiciária para demandar os perigosos reaccionários que são contra a Ota? É que parece que não há regiões em Portugal. Ou será que afinal o deserto verdadeiro não é o da margem sul, mas sim o deserto da razão?
Para Almeida Santos um aeroporto na margem sul era perigoso porque os terroristas podiam cortar o país em dois. Invocar Bin Laden para defender a Ota não me parece lá muito boa ideia para a defesa da causa...
Segunda-feira, 14.05.07
Hoje, pelas 17 horas, será lançado no Palácio da Bolsa (no Porto), o livro «O Erro da Ota e o Futuro de Portugal: a Posição da Sociedade Civil».
Sexta-feira, 11.05.07
O ministro que acha que Portugal devia ser uma província espanhola e que para desgraça nacional tem a pasta das obras públicas e dos transportes, voltou a dizer que não há estudos que defendam que o aeroporto não deve ser na Ota.
O Governo continua a mentir. Senão vejamos:
Em 1969, o Gabinete para o Novo Aeroporto de Lisboa (GNAL) considerou que "não existe qualquer hipótese de localização do Novo Aeroporto na margem direita do Tejo" (página 23 do Estudo de Localização do Novo Aeroporto, 1972, disponível no site da NAER). Ou seja, o local da Ota era pura e simplesmente eliminado.
Em 1970, a preferência pela região de Rio Frio era confirmada pela firma norte-americana System Analysis and Research Corporation (SARC) (página 26 do mesmo relatório).
À mesma conclusão chegou a firma Howards, Needles, Tamnen & Bergendoff (HNTB) (ibid).
Também a firma inglesa Software Science Ltd considerou que a zona de Rio Frio era a que melhor satisfazia os requisitos do espaço aéreo (página 30 do mesmo relatório).
Já em 1982, o consultor da ANA, a empresa norte-americana TAMS Consultants em consórcio com a firma portuguesa Profabril, elaborou uma short list dos locais possíveis (Ota, Porto Alto e Rio Frio), escolheu Rio Frio para a localização do NAL (página 0-12 do New Lisbon International Airport - Parte 1, constante no site da NAER) e considerou as localizações a sul do Tejo como muito melhores do que as da margem norte (página 5-10, Parte 2 do mesmo relatório).
Finalmente, em 1999, os ADP classificaram como melhor o local de Rio Frio (718 pontos versus 616 para a Ota) e concluíam que "... o nosso estudo de síntese põe à cabeça o sítio de Rio Frio..." (páginas 152 e 153 do Relatório para a Preparação da Escolha do Local, constante no site da NAER). Foram estes todos os estudos elaborados para a escolha da localização e que se encontram publicados no site da NAER.Seis entidades de reputação técnica inquestionável e de diferentes origens (Portugal, EUA, Reino Unido, França), de entre as melhores da engenharia aeronáutica, consideraram como melhor localização a região de Rio Frio, nunca a Ota, em 30 anos de estudos.
Chega Sr. Ministro ou é preciso mais?
(publicado no Democracia Liberal)
Quinta-feira, 10.05.07
Mário Lopes, na edição de hoje do Público. Talvez agora se perceba a desgraça que é para Portugal ter um ministro iberista, primeiro e ter um ministro iberista nas Obras Públicas, segundo.
Domingo, 06.05.07
"Vejamos os factos. Em 1998/99, foram realizados Estudos Preliminares de Impacte Ambiental para a Ota e o Rio Frio, na altura em que eram essas as duas localizações em disputa." Ler
aqui, no Ota NÃO.
Sexta-feira, 04.05.07
Banalidades Perigosas, no
Ota Não.
Sábado, 28.04.07
Mário Lino respondeu-me. Prova de que o assunto é sensível. Senão, teria ignorado. A resposta terá resposta. Na semana que vem.
Quinta-feira, 26.04.07
O Erro da Ota. No
Ota Não.
Domingo, 22.04.07
O regresso do estalinismo. No
Ota Não.
Sexta-feira, 20.04.07
O mistério dos terrenos, no
Ota Não.
Quarta-feira, 11.04.07
Terça-feira, 10.04.07
Domingo, 08.04.07
Actualizações no Ota Não:
Socialismos Estranhos.
Sexta-feira, 06.04.07
Quinta-feira, 05.04.07
"Se depois da Ota vem outro novo aeroporto, então faça-se já esse outro", Pedro Braz Teixeira, no Público de hoje.
Esta semana, o PS aprovou uma lei da televisão sózinho. Pode? Pode. Teve os votos, tem os deputados. Usa o poder que tem. Não precisa de ninguém. Cavaco Silva, antes de ter aderido à cooperação estratégica, fez exactamente o mesmo e o PS então não gostava.
Esta semana, o PS impediu, sózinho, o acompanhamento parlamentar da construção do aeroporto da Ota. Pode? Pode. Teve os votos, tem os deputados. Usa o poder que tem. Não precisa de ninguém. Cavaco Silva, antes de ter aderido à cooperação estratégica, fez exactamente o mesmo e o PS então não gostava.
O ministro das Finanças, esta semana, reagiu enervadamente a um relatório do Tribunal de Contas, que aponta os desmandos com os gastos nos gabinetes dos membros dos três últimos Governos, incluindo o imaculado Governo Sócrates. O ministro acusou o Tribunal de fazer relatórios sem rigor e a comunicação social de os relatar sem rigor (imaginem Santana Lopes a fazer isto…). Cavaco Silva, antes de ter aderido à cooperação estratégica, fez exactamente o mesmo e o PS então não gostava. Eram os gloriosos tempos das forças de bloqueio. Com a sensível diferença de que, desta vez, ao contrário do que sucedia então, o Presidente do Tribunal de Contas é absolutamente insuspeito de antipatias políticas para com o Governo.
Esta semana, enfim, revelou-se em plenitude a crise do curso do Primeiro-Ministro. Não é o ter ou não uma licenciatura que é relevante. O que é relevante é o Primeiro-Ministro ter alterado a sua biografia profissional e não ter tido a capacidade de desfazer as dúvidas suscitadas pela regularidade do seu processo de licenciatura. Apanhado em contra-pé, José Sócrates não resistiu à apertada e contida farda do marketing profissional que vestiu para chegar onde chegou e perdeu as estribeiras.
Estes episódios mostram como em política nem tudo se controla, nem tudo é cientificamente exequível e, sobretudo, os limites das poses da propaganda. E, pasme-se, tudo graças a um blogue. Sim, um simples blogue, que durante meses investigou metodicamente um assunto, como todos pensávamos que só o jornalismo profissional de investigação podia fazer. A seguir, o Público, seguiu as pisadas da informação e fez estalar o verniz governamental. Para um observador descomprometido não se entende como é que se José Sócrates tem a consciência que tudo está bem mostrou tanto nervosismo, precipitando-se para os jornalistas tentando impedir notícias (imaginem Santana Lopes a fazer isto…).
Em tempos passados mas não muito distantes, talvez viesse esta semana um ex-líder socialista lamentar-se da má moeda e talvez um Presidente da República permanentemente preocupado tivesse chamado o Primeiro-Ministro a Belém para dar explicações. Mas nos imaculados tempos actuais, apenas resta uma dúvida: será que o país fará a vontade a António Vitorino e habituar-se-á mesmo? É que as maiorias absolutas não são sinónimo de eternidade e, muito menos de infalibilidade. Não sei se, nesta fase do campeonato, o PS ainda vai a tempo de o perceber.
(publicado na edição de hoje do Semanário)
Segunda-feira, 02.04.07
Mário Lino, o ministro que acha que Portugal deve desaparecer do mapa, afirmou hoje que a decisão política sobre a Ota está tomada. Pronto: dúvida desfeita. A questão antes de ser técnica é política. Sobre isto estamos conversados. Mas também disse que só um milagre pode fazer voltar o Governo atrás. Cuidado com a sbruxas, senhor ministro, eu não acredito, pero que las hay, hay...
Sexta-feira, 30.03.07
"A Ota é assim a primeira grande questão política da legislatura. Aquela em que talvez se decida o resultado das próximas eleições legislativas.", José Miguel Júdice, no Público.
Está na moda considerar que a construção de um aeroporto na Ota é um problema técnico e não um problema político. Será um problema técnico, mas é antes de tudo um problema político. Não é inocente a moda. A intenção é óbvia: se a construção do aeroporto é um problema técnico e não político, então ele deve ser discutido apenas técnicos, os engenheiros. E se assim é, quem decide a sua construção e escolhe o local não é responsabilizável pela decisão que vier a tomar. A moda, numa palavra, convém ao Governo.
Lamento, mas não me parece que a decisão de construir o aeroporto e na Ota seja uma mera tecnocracia. Não. Por várias razões.
Em primeiro lugar porque ela significa afectar uma gigantesca quantidade de recursos nacionais, que são especialmente parcos, e de forma irreversível. Ainda ontem ficámos a saber que a redução do défice fez-se à custa do aumento das receitas e não da diminuição das despesas. O socialismo no seu pior. O que quer dizer que o Governo falhou na reforma da despesa do Estado. Pelo contrário, descontrolou-a ainda mais. Ora, nestas circunstâncias, é a Ota a solução mais em conta? Não haverá outras mais baratas? Há. Assim se divulguem todos os relatórios sem medo nem deturpação.
Em segundo lugar, porque ao decidir afectar esses recursos isso significa que há outras coisas que não vão ser feitas. Não deixa de ser chocante que um país que não tem dinheiro para fazer a manutenção e as reparações nas suas pontes, que a segurança exige (lembram-se de Castelo de Paiva e dos relatórios que a seguir se fizeram sobre o assunto?), se disponha a gastar não se sabe bem quanto numa solução cara e dispendiosa.
Em terceiro lugar, porque a escolha do local significa uma opção de desenvolvimento que beneficiará uns e prejudicará outros e deve ser discutida. É um debate político relevante o de saber se, no final, a localização beneficia ou prejudica o país. Se for na Ota, isso significa que mais uma vez o país desiste do Sul e acentua o desequilíbrio regional já visível. Se for em Rio Frio isso significa uma maior diversificação na ocupação do território, com aparentes benefícios do ponto de vista do equilíbrio do todo nacional. Um aeroporto destes é por si só uma nova centralidade. Atrairá economia e população. Ignorá-lo pode ser próprio de técnicos mas é um erro político.
Por tudo isto o argumento do problema técnico é um logro. Se me dão licença os polícias da tecnocracia de serviço, eu gostava de ter uma palavra a dizer. Como qualquer cidadão.
(publicado na edição de hoje do Diário de Aveiro)
Quinta-feira, 29.03.07
Saiba quem me lê que no preciso momento em que o país discute finalmente a construção de um novo aeroporto e a sua localização, a União Europeia já começou a pagar a sua pequena parte da obra: 170 milhões de euros. Trata-se, como é evidente, de uma esmola insignificante num projecto que custará 3,1 mil milhões de euros a cálculos actuais e que custará certamente muito mais como todas as obras públicas em Portugal. Bruxelas, até agora, só desembolsou 8,5 milhões. Nem para pagar os estudos deve chegar.
Este caso ilustra bem a forma mentirosa e opaca como se faz política em Portugal. Os governos decidem e assumem compromissos financeiros em nome do país, sem que ninguém saiba. Enquanto os cidadãos pensam, ingenuamente, que o processo Ota ainda está no estimulante período de discussão pública, desconheciam que Durão Barroso (lembram-se quem é?) tinha entregue o projecto em Bruxelas. Isto, depois de ter afirmado em campanha eleitoral que enquanto existisse uma criança em lista de espera nos hospitais não haveria Ota nem TGV.
Marques Mendes deve estar certamente lembrado desta decisão, já que foi ministro de Barroso. Ou estará tomado de súbita amnésia? Resta-nos esperar que os grupos ecologistas de serviço encontrem umas aves esquisitas ou locais de nidificação de espécies raras para inverter o facto consumado. Assim se continua a gozar com os portugueses. De Lisboa a Bruxelas, em alta velocidade.
(publicado na edição de sexta-feira do Democracia Liberal)