Quinta-feira, 25.12.08
Conta-se que em 1975, após a onda de nacionalizações que veio a custar caro ao país durante décadas, o Estado até de uma barbearia ficou proprietário, apanhada no arrastão nacionalizador. Hoje, o Estado tornou-se proprietário da célebre TBZ, empresa oncessionária da exploração das marcas Benfica, Sporting, F. C. do Porto e Real Madrid, atyravés da nacionalização do BPN. Não tarda é preciso mais um ministro só para tratar dos berbicachos.
Segunda-feira, 22.12.08
Factos são factos. Depois da nacionalização do BPN, das nacionalizações indirectas e avalísticas dos restantes bancos, o Governo nacionaliza agora os empregos. Começou na Qimonda. Quem se segue?
PS: Pergunta a Manuel Pinho: o posto de trabalho de uma empregada doméstica que eu conheço está em risco. Trabalha para uma família sobreendividada e falida. É possível um contrato entre a família e o Estado igual ao da Qimonda?
Domingo, 02.11.08
O Governo anunciou que vai nacionalizar o BPN. Será a primeira nacionalização desde 1975.
Sexta-feira, 18.01.08
O socialismo estatista revelou nos últimos tempos em Portugal uma espantosa capacidade de adaptação aos tempos modernos. Antigamente os socialismos nacionalizavam o capital das empresas. Foi o que sucedeu em Portugal após o 25 de Abril e essa onda, ao contrário do que se pensa, não durou apenas até 25 de Novembro de 1975, tendo-se prolongado para lá do gonçalvismo. Foi o caso, por exemplo, do sector da comunicação social.
Actualmente, os socialismos não querem nacionalizar o capital, pela simples razão de que já perceberam que o que interessa não é o capital, mas o poder. E o poder vem do Estado e da possibilidade de o Estado decidir os negócios que o capital pode fazer e os negócios que o capital não pode fazer. Então o que é que os socialismos hoje nacionalizam? Nacionalizam os centros de decisão.
E esta moda é ainda mais perversa que a das nacionalizações puras e duras. Pela simples razão de que formalmente são sempre os capitalistas que escolhem os centros de decisão. Os socialismos têm assim à mão o aparentemente irresistível argumento que quem escolhe os gestores são os accionistas privados. Trata-se evidentemente de um sofisma. Porque essa escolha não é livre, antes resulta da convicção de que ou se escolhem aqueles decisores do partido, que o partido quer, ou os grandes negócios vão à vida porque o partido não premeia infidelidades e é o partido que está no Estado que decide quem faz ou não faz os negócios. O PS está mais voraz que nunca.
Os socialismos refinaram, adaptaram-se aos tempos e cederam à tecnocracia que sustenta que o que conta é quem decide no dia-a-dia e não o proprietário do dinheiro, o qual apenas cura de saber se o seu investimento teve ou não a devida e expectável retribuição no fim do exercício.
Evidentemente que esta nova realidade não passa de uma nova modalidade de socialismo. Com todos os defeitos que advêm do socialismo e agora mais um, qual seja o da dissimulação, o do disfarce. O socialismo passa hoje por ser uma espécie de economia de mercado. Mas não é. É socialismo à mesma e estatista à mesma.
O que se passou na Caixa Geral de Depósitos-2, ou seja, no antigo maior banco privado português (não que tenha deixado de ser grande, mas deixou de ser privado), demonstra bem, para quem quiser ver, o que são accionistas privados condicionados pelo poder do Estado de dar ou não dar negócios.
O poder do Estado e, especialmente o poder do PS, cozinhou uma equipa de gestão, aliás, em circunstâncias de tempo, modo e lugar ainda não completamente claras e os capitalistas tiveram de engolir. Subitamente, emergiu uma autoridade reguladora até então estagnada e inactiva, que fechou os maus num quarto escuro e impôs a solução. Os capitalistas não perceberam que esse foi o momento decisivo que lhes pode garantir um futuro imediato mais rentável, mas que no futuro vão pagar bem caro a subserviência. Os socialistas não perdoam. E o Estado não pára por gosto, só obrigado.
(publicado na edição de hoje do Semanário)
Quinta-feira, 05.07.07
(
Um político recentemente elogiado pelo Governo português)
Os accionistas da PT Multimédia (PTM) aprovaram em Assembleia Geral a nomeação de Proença de Carvalho como presidente do Conselho de Administração, bem como o aumento do limite de direitos de voto para 10%. O banco do regime, o banco do sistema, o banco do Estado, vai controlar o principal produtor e difusor de conteúdos multimédia do país. Sob a tecnocrática designação de “investimento estratégico”. É estratégico para o banco do Estado entrar no negócio da comunicação social e dos conteúdos, ou seja, daquilo que se lê, ouve e vê nas televisões, na srádios e nos jornais. O mesmo argumento que, há uns anos atrás, serviu a Jorge Coelho, outro socialista, para justificar a compra, pela PT, do Diário de Notícias, Jornal de Notícias e TSF. As nacionalizações estão entre nós. Os socialistas têm uma voragem controladora da Comunicação Social. Afinal, o Preâmbulo da Constituição está certo: continuamos no caminho para o socialismo. A notícia é que desta vez Proença de Carvalho está do lado das nacionalizações.
(publicado na edição de hoje do Democracia Liberal)