Sábado, 15.08.09
Tudo o que eu tinha para dizer sobre a silly season dos monárquicos e ainda não tinha tido pachorra (apesar de ser Agosto, tem havido coisas importantes para tratar). Está aqui.
Terça-feira, 23.12.08
Aqui fica outra sugestão de leitura para estes dias. Estou a ler um livrinho verdadeiramente delicioso sobre as amantes dos reis de Portugal. Não, tirem daí o sentido, não é uma crónica da alcova, mas um livro de história, que nos mostra como era a vida da Coroa e do reino por detrás dos livros de história do ensino oficial. Numa altura em que há quem, a propósito do centenário da República, pretenda apresentar a Monarquia como o regime da virtude, por contraposição à bagunça republicana, este livro é indispensável. Para facilitar a leitura traz um mapa dos reis, respectivas amantes e filhos ilegítimos, que muitas vezes enferneziaram a vida real dos herdeiros legítimos do trono. Cada rei tem duas árvores genealógicas. A legítima e a das amantes. Tal como na horrível República havia conspirações e verdadeiros golpes de Estado, com a diferença que tudo se pasasva dentro de cada família, até entre irmãos. Digamos que se houvessem certas revistas e certos jornais durante a Monarquia, tínhamos um grandesíssimo regabofe todos os dias para ler e chorar por mais.
(Foto)
Segunda-feira, 01.12.08
D. Duarte dá hoje uma entrevista impensável ao Público (link só para assinantes). Eu não tenho nada a ver com o assunto, visto que sou republicano. Mas pelo respeito que tenho a muitos monárquicos, alguns meus amigos, acho que deviam fazer qualquer coisa.
Terça-feira, 11.03.08
No Prós & Contras de hoje ( a opção entre monarquia e república não é um problema português actual, mas não vejo por que não há-de ser debatido, ao contrário do que algumas vozes especialistas de agendas dos blogues dizem), o meu amigo José Adelino Maltez afirma que fica feliz por conseguir eleger um Rei de trezentos em trezentos anos. Ora aí está uma maneira política de dispensar a necessidade republicana de limitar os mandatos, já que apesar do progresso tecnológico, o elixir da longa vida ainda não foi inventado ou descoberto. Agora, confundir essa periódica e casual eleição com uma monarquia electiva é engraçado, mas não passa de uma contingência, de uma quadratura do círculo, não é propriamente uma liberdade nem um regime. A monarquia também tem uma patologia. E essa patologia são as eleições de reis. É o máximo que os exemplos que José Adelino Maltez dá provam. A regra é outra e é essa regra que hoje em Portugal ninguém quer. E já agora, caro Zé, o Estadão que a ambos repugna, começou na monarquia. Não é de hoje nem de ontem.
Domingo, 10.02.08
A vaga de comemorações monárquicas a pretexto do centenário do homicídio de D. Carlos tentou direccionar as atenções do país para a vileza da I República como termo de comparação entre o suposto paraíso em que todos viveríamos antes de 1910 e para o Inferno em que supostamente passámos a viver depois desse ano. Nem de propósito aí estão
alguns pormenores para lembrar aos mais distraídos ou aos mais esquecidos que não é por aí que se pode mudar de vida. Nos monárquicos existem as mesmas disputas, as mesmas polémicas, as mesmas conflitualidades que para os monárquicos só existem nas Repúblicas. Nem de propósito.
Sexta-feira, 01.02.08
Francisco Correia de Heredia, foi feito visconde da Ribeira Brava por D. Luís I. Formado em Letras, notável esgrimista, poli-comendador, cavaleiro-fidalgo da Casa Real, governador civil de um sortido de distritos, Beja, Bragança e Lisboa e deputado antes e depois de 1910. No combate contra a monarquia, republicanos e dissidentes do Partido Progressista formaram um comité revolucionário: Herédia e Alpoim de um lado, e Afonso Costa, que o visconde admirava, e Alexandre Braga, de outro. O comité reunia em sua casa. Teria aí nascido o plano do movimento revolucionário de 28 de Janeiro de 1908, para depor João Franco, anulado três dias depois. As armas do 28 de janeiro foram compradas e guardadas pelo visconde da Ribeira Brava. Após o homicídio de D. Carlos I e do príncipe real, Francisco filiou-se ao Partido Republicano e exerceu grande influência política na Madeira. Perseguido pelo sidonismo, foi morto em tiroteio, em Lisboa. Francisco Correia de Herédia é o trisavô paterno de D. Isabel de Herédia, esposa de D. Duarte Pio, o duque de Bragança e pretendente ao trono. Tese monárquica antiga considera que o visconde da Ribeira Brava foi o mentor, uma espécie de autor moral, quiçá o fornecedor das armas do regicídio. A monarquia está, pois, reconciliada com a história.
Crónica do reino, n'
O Carmo e a Trindade.
Ocorre hoje o centenário do regicídio. A data despertou paixões latentes e escondidas no dia-a-dia e suscitou um debate sobre D. Carlos e a monarquia. De repente, passou a ser moda, nalguns círculos com pouca memória e pouca informação histórica, elogiar D. Carlos e a monarquia. A propósito do centenário do regicídio e do centenário da República, tem recrudescido o debate sobre o virtuoso rei assassinado à queima-roupa no Terreiro do Paço e, de passagem, sobre a bandalheira em que o Partido Republicano transformou a Pátria.
A experiência da I República ajuda à festa da celebração monárquica. Sabe-se que até à chegada de Oliveira Salazar, o país afundou-se em lutas, gastos, desordens e escaramuças de rua sortidas, depois do derrube da Monarquia. Em continuidade, aliás, com o que já sucedia antes.
Mas além do centenário do regicídio, sobrevem um outro: o da própria República, que ocorre em 2010. O regime, sem perceber os tempos, decidiu comemorá-la da pior forma. Decorou o Diário da República com uma comissão, mais outra de honra, um conselho científico, uma sub-comissão, tudo certamente bem regado de actas, instalações, senhas de presença e ajudas de custo. Lamentável. Mais parece uma comemoração monárquica da República.
Eu sou convictamente republicano. Mas não tenho da República a noção das romarias aos cemitérios e das charangas de brigadas do reumático. Julgo até que a questão do regime não é actualmente uma polémica. Mas sempre me declarei favorável ao tira-teimas por que tantos monárquicos anseiam: um referendo sobre a forma republicana de Governo. Quando o pude fazer, propus essa alteração constitucional, sem sucesso. Por mim, faça-se já e arrume-se com a questão, embora, sinceramente, me pareça que os próprios monárquicos decidiram, pelo menos por uns tempos, congelar a ideia.
O ponto importante neste momento é este: republicanos ou monárquicos, importa saber quem concorda e quem discorda com o homícidio como forma de luta política. Em 25 de Abril de 1974 não foi preciso matar ninguém. Para derrubar a monarquia também não era preciso. É por isso que o regicídio deve incomodar qualquer cidadão de bem, independentemente da sua convicção de regime.
Um ministro da República, esta semana, por pressão do inenarrável Bloco de Esquerda, que desde o referendo do aborto anda à procura de causas, proibiu a banda do Exército de participar numa comemoração do regicídio. Julgo que daqui a cem anos ninguém se lembrará desse ministro. Mas continuar-se-á a lembrar o regicídio. Por culpa de alguns republicanos facínoras.
(publicado na edição de hoje do Diário de Aveiro)
Quinta-feira, 31.01.08
Os portugueses comemoram pouco e mal. Comemoram pouco porque abandonaram a sua história. Quando comemoram, comemoram mal, à base da comenda, das comissões e dos feriados. Entre nós, as comemorações são normalmente um bom pretexto para a preguiça.
Agrada-me que os monárquicos comemorem o homicídio político do rei D. Carlos. Significa que há gente viva, que não perdeu o sentido das suas convicções. O homicídio como método de luta política chama-se nos nossos dias terrorismo, no que os regicidas terão sido percursores. Tenho para mim que se tratou, não apenas de um crime, como de um acto inútil, já que a monarquia cairia por si.
Essa comemoração permite-me a mim comemorar desde já, a República. Comemorar o princípio democrático fundamental, segundo o qual, a sede do poder é o povo e o mérito e não o sangue e a herança de uma família especial. Aí reside a essência da diferença. E essa deve comemorar-se sempre. Para um republicano como eu, pelo menos.
(publicado na edição de hoje do Democracia Liberal)
Segunda-feira, 08.10.07
Discutir o vazio da República e o ridículo das romarias ao Alto São João no 5 de Outubro, significa que é a República que se discute. Se existe um vaziuo republicano é porque o lugar está lá. Ninguém discute o vazio da Monarquia. Pela simples razão de que não é assunto.
Sexta-feira, 23.02.07
Apesar de ser republicano, tiro o chapéu ao exemplo dado pelo princípe Harry de Inglaterra. A real figura está na tropa a cumprir o seu dever. E quer ser como os outros cidadãos que estão na tropa a cumprir o seu dever e ir para o Iraque. Eis um exemplo republicano que frequentemente as Repúblicas tendem a esquecer.