Sábado, 05.09.09

José Sócrates deixou de falar a Pina Moura porque este, enquanto esteve a representar os espanhóis na administração da Media Capital não acabou com o Jornal de opinião privativo de Manuela Moura Guedes, como Sócrates desejava enquanto era tempo. Pina Moura vingou-se da desfeita, declarando-se "focado", isto é, próximo e concordante com o programa eleitoral do PSD e não do PS, partido pelo qual foi deputado da Nação em acumulação com a representação de interesses de empresas espanholas em Portugal. O grupo Prisa, dantes amigo do PSOE e de Jose Luis Zapatero, por sua vez muito amigo de José Sócrates, zangou-se entretanto com os ditos PSOE e Zapatero, porque estes deram um volumoso negócio de comunicação em Espanha a outro grupo de comunicação que não a Prisa. Vai daí toca de começar a escrever artigos contra o PSOE e Zapatero nos orgãos do grupo. Sabendo do momento delicado, judiciário e eleitoral, que o amigo lusitano de Zapatero vive em Portugal, toca de correr com Moura Guedes da pantalla, sabendo de antemão que o poderosíssimo ónus político do saneamento recairia sobre Sócrates, o especial amigo de Zapatero, ora ódio de estimação do grupo. Cavaco Silva, tomado de esperada amnésia, declarou esperar que o saneamento de Moura Guedes não tenha nada a ver com ameaças à liberdade de informação, esquecido que está do que fez o seu Governo com a RTP e o então elemento de ligação a Moniz, marido da ora saneada da TVI, quando este era Director de Informação da RTP, o ministro Marques Mendes (esse mesmo...) que, ao que consta, famas injustas certamente, tinha uma especial predilecção pela análise antecipada dos alinhamentos do telejornal.

 

Isto é uma história de pura ficção e qualquer semelhança com a realidade é pura coincidência. E tenho mais ficções para escrever.



publicado por Jorge Ferreira às 17:47 | link do post | comentar

Sexta-feira, 24.04.09

O ex-presidente do PSD Luís Marques Mendes declarou hoje que aceitou o galardão atribuído pela Câmara Municipal de Oeiras, mas que recusa participar na cerimónia de entrega por esta ser presidida por Isaltino Morais. Atitude contrastante com a tranquilidade com que Cavaco Silva aceitou recentemente passear-se por Oeiras ao lado de tão recomendável figura... Aplauso para Marques Mendes.



publicado por Jorge Ferreira às 20:05 | link do post | comentar

Sexta-feira, 26.09.08

Dantes era só a Lua que tinha fases. Agora, além da Lua, também a política tem fases. Ultimamente todos parecem ter descoberto em Aveiro que as empresas municipais devem ser extintas. Esta semana, foi Alberto Souto, antigo Presidente da Câmara socialista que veio defender a extinção da EMA.

 

Parece ser um sinal dos tempos. Há políticos que descobrem, sempre depois de terem estado anos a fio no poder e, como diz o povo, com a faca e com o queijo na mão, que é preciso mudar de vida. Ontem, foi Marques Mendes que lançou um livro a dizer isso mesmo. E até explica como. Apresenta uma série de medidas para mudar a tal vida.

 

Será um fenómeno de arrependimento? Será uma espécie de amnésia? Será apenas uma tentativa de sobrevivência no espaço mediático para o que der e vier?

 

Na economia e nas finanças passa-se o mesmo. É ver todos os antigos ministros das Finanças em debates e conferencias a explicar depois como se deve fazer, depois de antes não terem feito.

 

O que é facto é que quando se discute a responsabilidade pela situação em que o país se encontra as pessoas não devem esquecer a sua própria quota-parte. Estes políticos que só têm ideias claras e certas depois de sair do poder foram lá parar porque alguém votou neles e não por obra e graça do Espírito Santo.

 

Evidentemente que é mais fácil dizer que a culpa é dos políticos. Mas é mentira. A culpa é de todos nós. Desde logo, porque a todos compete uma parte na mudança de vida. E mudar de vida começa por ser, desde logo, não dar atenção a quem só resolve os problemas depois de os ter podido resolver sem o ter feito.

 

Quem cria empresas municipais e depois vem pedir a sua extinção não mostra ser um político competente. Quem descobre a solução milagrosa dos problemas depois de ter sido anos a fio ministro, secretário de Estado, deputado e líder da oposição, não pode ser levado a sério. Sobretudo, quando essas soluções são exactamente o oposto do que se fez quando se esteve no poder.

 

Concretamente em Aveiro, a questão das empresas municipais já cheira mal. Cheira mal porque cheira a prejuízo. Cheira mal porque cheira a passivo municipal. Cheira mal porque só servem para dar emprego a politiquinhos sem passado nem futuro. E agora cheira mal porque todos dizem que não as querem mas ninguém é capaz de extingui-las. Estamos perante um claro exemplo de decisões erradas, quando as criaram e de incapacidade de decisão quando dizem querer extingui-las como é o caso do actual executivo municipal.

 

Entretanto, o tempo passa, o passivo aumenta e tudo fica na mesma. Até ao dia, lá está, em que os cidadãos que votam e escolhem, quiserem.

 

(publicado na edição de hoje do Diário de Aveiro)

(Foto)



publicado por Jorge Ferreira às 01:05 | link do post | comentar

Quinta-feira, 05.06.08

Aproxima-se o 10 de Junho e o habitual espectáculo das condecorações presidenciais. Este ano, além de outros, Cavaco Silva decidiu condecorar o seu amigo Marques Mendes, que, como se sabe, prestou históricos serviços ao país. Manuela Ferreira Leite deve estar na calha.



publicado por Jorge Ferreira às 13:27 | link do post | comentar

Quinta-feira, 10.01.08
Expliquem-me qual a diferença entre o PSD de Menezes e o PSD de Marques Mendes. Com excepção da traição ao compromisso eleitoral do referendo sobre o Tratado, claro, que essa diferença eu percebi.


publicado por Jorge Ferreira às 12:03 | link do post | comentar

Sexta-feira, 05.10.07
Na democracia portuguesa continua a dança. De cadeiras. De mandatos. De compromissos. Os utilitários tomaram conta das instituições e olham os mandatos como coisa que se aceita para um dia se dizer que se foi isto e aquilo. No fundo, a cultura instalada pelos partidos vê os mandatos electivos como coisa de somenos que facilmente se pode abandonar, independentemente de se terem ou não alcançado os objectivos que se prometeram aos eleitores.

Como alguém já disse, o que conta no Portugal pequenino e provinciano não é o que se faz, o que se é, o que se vale por si, mas o que se foi. Somos o paizinho dos ex-qualquer coisa. Tudo por cá é secundário menos a carreira e a ambição pessoal.

As eleições directas no PSD vieram mostrar mais uma vez como este estilo de desresponsabilização está bem vivo, sobretudo nos partidos que mais facilmente têm possibilidades de ascender ao poder. De uma assentada a Nação perdeu um deputado e o distrito de Aveiro perdeu um deputado e um Presidente de Câmara, ambos eleitos pelo povo com mandato certo e compromissos políticos claros e assumidos.

Leio na comunicação social que Marques Mendes vai renunciar ao mandato na Assembleia da República depois de ter perdido as directas. Se fôr verdade, faz mal. Os eleitores de Aveiro não têm culpa que os militantes do PSD tenham escolhido outra pessoa para liderar o Partido. Quando votaram nas últimas legislativas o líder do PSD era Santana Lopes e mesmo assim, confiaram em Marques Mendes para os representar no Parlamento. Agora ficam sem representante.

Leio na comunicação social que Ribau Esteves vai sair da Presidência da Câmara Municipal de Ílhavo para ser Secretário-Geral do PSD. Aplica-se-lhe exactamente o mesmo que antecede em relação a Marques Mendes. Faz mal. Não se devem deixar coisas a meio. Afinal, tão diferentes e, ao mesmo tempo, tão iguais…

Nada disto tem a ver com as pessoas em si, pelas quais, independentemente de discordâncias políticas tenho apreço pessoal e simpatia. Tem a ver com comportamentos políticos que degradam o valor da democracia ao tornarem secundário e de somenos o compromisso eleitoral.

É legítimo que os cidadãos se questionem se vale a pena votar se nunca se sabe se o eleito não sai a meio para ir fazer outra coisa qualquer que não executar o programa em que eles confiadamente e de boa fé votaram. São exemplos destes que contribuem para aumentar a abstenção e o descrédito da política.
(publicado na edição de hoje do Diário de Aveiro)


publicado por Jorge Ferreira às 14:59 | link do post | comentar | ver comentários (1)

Quarta-feira, 29.08.07
"Isto é um crime!, disse o líder do PSD referindo-se à limpeza de Dalila Rodrigues do Museu Nacional de Arte Antiga através do aspirador do ministério da Cultura. Marques Mendes definitivamente perdeu o sentido das proporções. Condenável a actuação do Governo? Sem dúvida. Mas crime? Crime? Recomende-se a Marques Mendes, se está preocupado com os crimes que se vire para outros lados. E, se calhar, nem tem de se mexer muito. Por estas e por outras é que ninguém o leva a sério. Já agora: está Marques Mendes disponível para visitar um sem número de saneados competentes por Governos do PSD? Teria muito que fazer.


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Segunda-feira, 30.07.07
E Sócrates lá se baldou em grande ao encerramento do Congresso do PS Madeira. Mandou o seu ministro que profetizou um golpe de Estado constitucional se Cavaco Silva ganhasse as eleições presidenciais. O Primeiro-Ministro estava no condado do All Garve, with Mr. Pinho and others, anunciando hotéis que já estavam anunciados, exactamente com a mesma técnica de propaganda de Alberto João Jardim, e um hospital para 2012 (dois mil e doze). Of course. Presumo que Sócrates não vai à Madeira pela razão inversa daquela que leva Marques Mendes a ir à Madeira. Este vai porque ganha votos. Sócrates não vai porque os perde. Sinceramente não sei o que é pior.


publicado por Jorge Ferreira às 19:54 | link do post | comentar

Domingo, 22.07.07
Três: Luís Filipe Meneses. Anda há dois anos a massacrar Marques Mendes. Anda há dois anos a apresentar a sua alternativa a Marques Mendes. Anda há dois anos a dizer que vai ser líder do PSD. Anda há dois anos a gritar "agarrem-me senão vou-me a ele". Agora que há outra vez directas lá no PSD, diz que não vai. De facto, permitir a Luís Filipe Meneses que faça o que diz é maldade que não se faz.


publicado por Jorge Ferreira às 17:56 | link do post | comentar | ver comentários (1)

Segunda-feira, 02.07.07
O PSD anda um partido muito engraçado. Durante a Presidência anunciou que não vai discutir temas que desagardem a Sócrates. Agora, depois da barulheira que tem feito com a proposta do referendo à segunda versão da Constituição europeia, desta vez sem "bonecos" para não assustar, diz que não vai fazer da questão do "referendo" matéria de querela durante a Presidência. Ora, uma querela é uma discordância, uma divergência. Acaso deixou o PSD de defender o referendo ao novo Tratado? Por outras palavras: Marques Mendes está de férias. O PSD está de férias. O país passa-lhe ao lado.


publicado por Jorge Ferreira às 11:28 | link do post | comentar | ver comentários (1)

Domingo, 01.07.07
Marques Mendes descobriu que votar em António Costa é dar um balão de oxigénio ao Governo. Nada de transcendente. Votar é dar ar a quem se vota. Como votar em Fernando Negrão, o homem que produz slogans à velocidade da luz, é dar um balão de oxigénio a Marques Mendes.


publicado por Jorge Ferreira às 19:07 | link do post | comentar

Sexta-feira, 29.06.07
O presidente da Câmara de Castelo de Paiva, Paulo Teixeira, eleito pelo PSD, que admitiu ser arguido em pelo menos 21 processos judiciais, garantiu esta semana que o líder do seu partido o convidou para se recandidatar à autarquia em 2009. Estas declarações do autarca foram proferidas em sessão pública da Câmara. Mais, para que não restassem dúvidas, o autarca sublinhou que Luís Marques Mendes «não telefonou a anular o convite», feito «em almoço privado».
Recentemente, num acórdão datado do passado dia 06, o Tribunal da Relação do Porto considerou «manifestamente improcedente» um recurso de Paulo Teixeira, que queria evitar o seu julgamento num processo por burla qualificada e falsificação de documentos. O autarca é arguido neste processo por alegadamente ter vendido, como se fossem seus, terrenos que a sua família já teria transaccionado com a Câmara Municipal para reinstalar a feira local.
Tentando desvalorizar a decisão da Relação do Porto, Paulo Teixeira disse dia 13, ao Diário de Notícias, que era arguido em 21 processos, e posteriormente, em sessão de câmara, admitiu que até podem ser em mais. “Não sei se são 21 ou 30. Até podem ser 50. Não é por isso que vou deixar de dormir descansado», afirmou o autarca social-democrata, após um repto da oposição socialista para clarificar a matéria desses processos. Paulo Teixeira disse ainda que quando se candidatou à autarquia, em 2001 e 2005, já era arguido em processos judiciais. Paulo Teixeira assegurou ainda que vai terminar o mandato para que foi eleito em 2005. «Posso ir a tribunal, mas vou terminar o mandato para o qual fui eleito em 2005, mesmo que os socialistas falem do assunto 500 vezes em sessão de Câmara», garantiu.
Este caso, embora haja outros, é paradigmático da falta de critério e de coerência de Marques Mendes. Um arguido, qualquer arguido, é inocente, até trânsito em julgado de sentença condenatória. Na política, o problema é a falta de credibilidade para gerir a coisa pública que está em causa nas situações em que os autarcas se encontram nesta situação.
Para Marques Mendes, Valentim Loureiro e Isaltino Morais não serviram por não serem credíveis, mas Paulo Teixeira já serve e já é credível. O problema de Marques Mendes não está nas decisões que toma. Está, sim, nas que não toma.

O balanço é um mar de contradições, ou melhor, mais propriamente, um castelo de contradições. É pena. Portugal precisa de consequência na limpeza da vida pública. Mas já se percebeu que com o PSD, essa consequência tem dias. Que é como quem diz, é só para alguns e não para todos.


(publicado na edição de hoje do Diário de Aveiro)


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Sexta-feira, 15.06.07
Marques Mendes anunciou que nos próximos seis meses não será líder da oposição. Digamos que o PSD anda mesmo muito baralhado e confuso. Por mim desde já declaro que manterei a mesma atitude relativamente ao Governo que nos tem desgovernado. E mais, considero ser estrita obrigação do Governo representar decentemente Portugal no exercício da Presidência do Conselho da União Europeia. Ou será que essa Presidência vai servir de pretexto para uma mordaça? Era só o que faltava.


publicado por Jorge Ferreira às 21:11 | link do post | comentar | ver comentários (1)

Sexta-feira, 01.06.07
Paulo Portas e Marques Mendes foram ministros de Durão Barroso justamente no Governo que apresentou o projecto da Ota em Bruxelas para efeito do financiamento. Hoje, fazem gala de discordar, duvidar, perguntar, criticar. A isto chama-se oportunismo e desonestidade políticas. E agora, com a oportunidade das eleições intercalares em Lisboa, perderam a vergonha e juram que já no século V antes de Cristo eram contra a Ota.

A verdade é que é o Governo de Durão Barroso que está na oposição parlamentar ao PS. Ou seja: numa palavra, é uma oposição sem credibilidade e incapaz de dar um futuro melhor a Portugal. Já deram o que tinham a dar e deram bem pouco.
(publicado na edição de hoje do Democracia Liberal)


publicado por Jorge Ferreira às 01:58 | link do post | comentar

Quinta-feira, 31.05.07
Sócrates inflexível sobre a Ota. E insiste que a decisão foi tomada em 1999 e confirmada pelo Governo de Durão Barroso que apresentou o projecto em Bruxelas para ser financiado. E explora as contradições do PSD sobre a Ota. Que não são poucas, diga-se.


publicado por Jorge Ferreira às 15:42 | link do post | comentar

Boa resposta de Sócrates a Marques Mendes sobre a não consideração dos erros de português nas provas de aferição de português. Os critérios vêm do tempo de Marques Mendes e dos desgovernos do PSD, nos quais Marques Mendes orgulhosamente participou. Conclusão: nem um nem outro servem para o país!


publicado por Jorge Ferreira às 15:32 | link do post | comentar

Boa intervenção de Marques Mendes, com cinco medidas alternativas no tema escolhido pelo próprio Primeiro-Ministro: a competitividade. Sobre a actualidade Marques Mendes só não abordou das que eu escolhi, as questões europeias. Certamente porque aí concorda com Sócrates no essencial.


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Domingo, 13.05.07
O PSD continua sem aprender. Depois da borrada que fez, ao escolher Carmona Rodrigues, e deixou fazer, ao arrastar a podridão municipal até ao limiar do nauseabundo, parece agora querer ser agente activo do pior exemplo que há em democracia: interromper mandatos e compromissos em curso para arranjar candidato para Lisboa. Tirar Fernando Seara de Sintra e candidatá-lo em Lisboa é dizer que os mandatos não valem nada quando o Partido precisa ou entende que o seu interesses vale mais que a nobreza dos compromissos assumidos com os eleiotres. É caso para dizer que Marques Mendes está neste momento a meio caminho de lado nennhum. Há slogans preversos...


publicado por Jorge Ferreira às 17:25 | link do post | comentar | ver comentários (2)

Sexta-feira, 04.05.07
Na política como na vida a realidade retrata-se em simbolismos. Eles reflectem a substância dos factos que está por detrás da forma. A forma não é neutra. E, por vezes em pequenos pormenores, é que se percebe em que espécie de país em que vivemos.

Neste domínio esta semana foi fértil.

Pina Moura, que durante dois anos acumulou a representação de interesses económicos estrangeiros em Portugal com a representação da Nação na Assembleia da República, pretendeu fazer uma intervenção parlamentar de despedida antes de se ir embora para presidir à Media Capital.

Seria finalmente o dia em que se perceberia que Pina Moura tinha sido deputado. Mas, azar dos Távoras, o próprio Pina Moura já não se lembrava que tinha renunciado ao mandato com efeito no dia em que pretendeu falar e já não pode despedir-se do local onde parece nunca ter verdadeiramente entrado.

Assim se vê o que é o Parlamento para muitos dos que lá passam. Um corredor para algures de que só se lembram quando saiem. Ivoluntariamente e por negligência do próprio, é certo, o silêncio é nesta história, o símbolo dos vícios do sistema político que este ex-deputado representa no seu máximo esplendor. Há pequenos deslizes que revelam toda uma cosmovisão.

Já em Lisboa, assistiu-se a outro formalismo que não deixa margem para dúvidas. O líder de um partido anunciou a queda de um Presidente de Câmara, ainda por cima eleito nas listas do mesmo partido como independente. Este comportamento revela que o político assim apeado na televisão em directo não existe verdadeiramente. Mas também mostra como o que conta é o chefe do partido e não a dignidade mínima do eleito.

É o expoente máximo da partidocracia. Está bem que Carmona Rodrigues é uma nulidade política, como os últimos meses vieram provar. Está bem que é incrível como o ainda Presidente da Câmara Municipal de Lisboa, uma função muito mais relevante politicamente que pelo menos metade dos ministérios do Governo, tem andado calado e a fugir literalmente pelas ruas onde é localizado pela comunicação social, para não ter de dar explicações sobre o Titanic em que a sua equipa se transformou sob seu comando.

Mas Marques Mendes devia ter sido o último a falar. A responsabilização pelo exercício do poder, saudável regra que nas democracias dos nossos dias todos proclamam e reivindicam foi assim remetida, em Lisboa, para debaixo dos móveis carunchosos de um sistema político cheio de vícios que os principais partidos e os seus líderes insistem em exibir despudoradamente.
(publicado na edição de hoje do Semanário)


publicado por Jorge Ferreira às 02:13 | link do post | comentar

Quinta-feira, 03.05.07

(Bandeira e Brasão)

O país acaba de assistir nestes dois dias a uma das mais degradantes telenovelas venezuelanas de que há memória na política. Não tenho comentado a situação de Lisboa até agora porque sempre me pareceu que o jogo não estava terminado. Mesmo após a comunicação de Marques Mendes de ontem, não sei porquê, mas cheirou-me a precipitação todas as análises que se seguiram. Está explicado porque foi Marques Mendes o primeiro a falar. O que me apetece dizer é que Lisboa não merece nem Marques Mendes, nem Carmona Rodrigues, o qual não percebeu sequer a realidade em que está afundado. Politicamente falando, entenda-se. Lisboa não merece isto. Mais do que saber quem mente, se Marques Mendes quando disse ontem que Carmona Rodrigues tinha coincidido na sua análise, se Carmona hoje quando disse que reservou a Marques Mendes a sua liberdade de decidir hoje, interessa mudar. De políticos e de comportamentos. A pouca vergonha tem limites e no caso de Carmona Rodrigues não é de agora que eles foram excedidos. Veremos quanto a Marques Mendes se os limites também foram ultrapassados. Quanto a Lisboa, bom senso precisa-se. Quem tem?
(publicado em O Carmo e a Trindade)


publicado por Jorge Ferreira às 20:43 | link do post | comentar

Sexta-feira, 27.04.07
Novidade foi a excelente prestação de Marques Mendes, a quem desta vez, Sócrates não conseguiu ganhar o debate como sucedeu noutras alturas. O "Eu não abuso do poder" que Sócrates se viu na obrigação de dizer ficará para a história. E sabe-se lá o que ela nos reserva.


publicado por Jorge Ferreira às 17:55 | link do post | comentar | ver comentários (1)

Sexta-feira, 06.04.07
Em 06 de Abril de 2002, tomou posse o XV Governo Constitucional, formado pela coligação PSD-CDS/PP, chefiado por Durão Barroso. Marques Mendes era ministro dos Assuntos Parlmentares e Paulo Portas, ministro de Estado e da Defesa. Uma tripla de sucesso, como se sabe.


publicado por Jorge Ferreira às 00:09 | link do post | comentar

Quinta-feira, 29.03.07
Saiba quem me lê que no preciso momento em que o país discute finalmente a construção de um novo aeroporto e a sua localização, a União Europeia já começou a pagar a sua pequena parte da obra: 170 milhões de euros. Trata-se, como é evidente, de uma esmola insignificante num projecto que custará 3,1 mil milhões de euros a cálculos actuais e que custará certamente muito mais como todas as obras públicas em Portugal. Bruxelas, até agora, só desembolsou 8,5 milhões. Nem para pagar os estudos deve chegar.

Este caso ilustra bem a forma mentirosa e opaca como se faz política em Portugal. Os governos decidem e assumem compromissos financeiros em nome do país, sem que ninguém saiba. Enquanto os cidadãos pensam, ingenuamente, que o processo Ota ainda está no estimulante período de discussão pública, desconheciam que Durão Barroso (lembram-se quem é?) tinha entregue o projecto em Bruxelas. Isto, depois de ter afirmado em campanha eleitoral que enquanto existisse uma criança em lista de espera nos hospitais não haveria Ota nem TGV.

Marques Mendes deve estar certamente lembrado desta decisão, já que foi ministro de Barroso. Ou estará tomado de súbita amnésia? Resta-nos esperar que os grupos ecologistas de serviço encontrem umas aves esquisitas ou locais de nidificação de espécies raras para inverter o facto consumado. Assim se continua a gozar com os portugueses. De Lisboa a Bruxelas, em alta velocidade.
(publicado na edição de sexta-feira do Democracia Liberal)


publicado por Jorge Ferreira às 22:20 | link do post | comentar

O meu amigo António José Seguro apresentou um ror de propostas para reformar o Parlamento. Coisa boa e necessária, já se vê. Mas a coisa começa mal. Então não é que uma delas é a proibição de fumar no Parlamento? Que tristeza. Sendo já há muito tempo proibido fumar no hemiciclo, pretendem agora os reformadores da instituição que é o fumo que inquina a representação nacional. Ao cigarro só faltava mesmo ser a causa dos males parlamentares. Mas pensando bem, talvez a proposta seja para levar a brincar e vise apenas enervar Marques Mendes. Pode ser que se trate apenas de uma conspirata.


publicado por Jorge Ferreira às 13:35 | link do post | comentar

Sexta-feira, 16.03.07
Marques Mendes descobriu agora que a construção do aeroporto da Ota devia ser suspensa e apelou ao Presidente da República, que como se sabe não tem poderes para o impedir. Marques Mendes tem uma forma muito fácil de provar que está genuinamente empenhado nas pelavras que só agora decidiu proferir sobre a Ota: aceitar a sugestão da Nova Democracia ( já agora é bom que se saiba que nem à carta que Manuel Monteiro lhe escreveu deu sequer sinal de recepção) e Santana Lopes, entre outros, de se desencadearem os mecanismos conducentes à realização de um referndo nacional sobre a matéria. Até lá ... cheira apenas a oportunismo solavanquista.


publicado por Jorge Ferreira às 15:18 | link do post | comentar


(Tirado do Ave do Arremedo, anúncio publicado no Jornal de Notícias, em 02.12.2005)

O que faz falta a Portugal é uma oposição séria, forte, credível e consistente no Parlamento. O estado de graça de José Sócrates tem as costas largas e não pode desculpar tudo. A eficácia comunicacional de Sócrates não é argumento para o défice comunicacional desta triste e pobre oposiçãozinha que faz de conta que existe nos PAOD’s. No PSD navega-se à vista com inconsequência e contradição, aos solavancos dos títulos do dia, a reboque do que sucede e os outros fazem e sem convicção, o que naturalmente é percebido pelo eleitorado. No CDS faz-se por estes dias um deprimente debate ideológico sobre congressologia e directologia que só interessa ao umbigo de quem o faz.

Nas questões essenciais não há verdadeira oposição à direita do PS. Nas questões incidentais, quando ela existe é ligeira e não convence. Veja-se o exemplo desta semana. Marques Mendes acordou agora para o problema da Ota.

Foi preciso a Nova Democracia, partido sem representação parlamentar, ter conseguido que a Assembleia da República discutisse uma petição popular contra a construção do monstro da Ota, para que, meses depois, o suposto líder da oposição, decidisse agir.

O problema é que enquanto no Governo Marques Mendes pactuou com a elaboração dos estudos preparatórios do futuro aeroporto da Ota. O problema é que depois de ter saído do Governo, Marques Mendes não levantou um dedo contra a coisa. Deixou inclusivamente sem resposta uma proposta da Nova Democracia dirigida a toda a oposição, no sentido de desencadear uma iniciativa popular de referendo para que a Assembleia da República colocasse o PS perante a dificuldade política óbvia de ter de o recusar.

Porquê só agora o PSD se lembra da Ota? Será apenas por táctica e pressentimento de que Sócrates já teve melhores dias? Porque sente que a estrela de Sócrates começa a empalidecer? Para começar a marcar terreno ao especialista de directologia Portas, que já imagina relíder do CDS? Para tentar ofuscar o interesse que se começa a gerar à volta das intervenções de Santana Lopes, que já defendeu o referendo sobre a construção do aeroporto da Ota?

O que parece é que Marques Mendes esperou pelo momento em que já não podia ser acusado de travar o projecto para o criticar e como dizia o padroeiro do novo museu de Santa Comba Dão, “em política, o que parece, é”.

(publicado na edição d ehoje do Semanário)


publicado por Jorge Ferreira às 00:49 | link do post | comentar

Terça-feira, 13.03.07
Parece que tocou o despertador de Marques Mendes. Agora descobriu a Ota. Vai falar do assunto a Cavaco Silva. Avisem rapidamente o líder do PSD que esse Conselho de Ministros já era...


publicado por Jorge Ferreira às 01:45 | link do post | comentar

Sexta-feira, 09.03.07
A alegada Direita do sistema, o PSD e o CDS, ainda não perceberam que o vazio ideológico e político que hoje se vive à direita do PS tem duas razões essenciais.

A primeira é a desastrosa experiência governativa que esses dois partidos interpretaram em co-autoria solidária. Hoje, dificilmente nos lembramos de uma, uma só, reforma, medida ou mudança que os Governos do PSD e do CDS, porque foram dois, tenham legado ao país. Olhando para trás, resta um período de mero poder, de ostentação de ambições pessoais, umas melhor sucedidas que outras, de confusões e de suspeições, que minaram profundamente a credibilidade desses partidos e da direita geométrica. Visto à distância esse tempo revela-se um parêntesis político que o país sofreu disciplinada a amarguradamente, de exercício inconsequente e de vazio político.

A segunda razão prende-se com o facto de, na essência esses dois partidos serem iguaizinhos a este PS, tirando algumas matérias simbólicas e pontuais. Por isso protestam contra o alegado furto político com que o PS de Sócrates teria vandalizado o seu espaço, o seu projecto, o seu programa. Na essência todos defendem as mesmas regras, o mesmo sistema, as mesmas medidas. Varia a quantidade, a intensidade e sobram os estilos pessoais. Se o líder fala melhor ou pior, é mais eficaz ou menos na televisão, se é mais sério ou menos, se é mais maquiavélico ou menos, se é mais verdadeiro ou dissimulado. Uma pobreza, em suma.

Ora, estamos nas vésperas de conseguir esta pérola política: PSD e CDS liderados por dois dos principais autores da desgraça, do vazio e da decadência da direita geométrica. Marques Mendes e Paulo Portas foram autores privilegiados do problema, não podem por natureza fazer parte da solução. É uma espécie de assombração. Tudo a jeito de Sócrates.

É evidente que, sentados nas cadeiras do poder, ambos podem ter um nobre projecto: estar sentados nas cadeiras do poder. À espera que a roda da sorte eleitoral mude e os bafeje com o rotativismo em que se instalaram, em que se deliciam e em que empatam uma alternativa política que fingem querer, mas que é apenas uma vazio disfarçado de pose.

Com os dois à frente do PSD e do CDS, estará criada uma oportunidade de ouro para clarificar uma alternativa verdadeira à esquerda e à direita geométrica que se alimenta dessa esquerda. Essa alternativa tem de começar pelo debate ideológico sobre o que fazer e para onde ir com o poder que o eleitorado atribuir. É neste projecto que se inserem os Estados Gerais da Direita promovidos pela Nova Democracia e cuja 1ª sessão terá lugar no próximo Domingo.
(publicado na edição de hoje do Semanário)


publicado por Jorge Ferreira às 09:28 | link do post | comentar | ver comentários (1)

Quarta-feira, 28.02.07
Marques Mendes concorda com o discurso de Sócrates. Também não diz nada sobre os serviços de informações. deve ser o tal consenso de Estado. Apenas faz recomendações genéricas ao Primeiro-Ministro. Afinal, dão-se bem.


publicado por Jorge Ferreira às 15:31 | link do post | comentar

Domingo, 18.02.07
Eu nunca tive grandes simpatias pelo Carnaval português. Acho-o assim uma coisa deslocada e pimba. Mas respeito genuinamente todos aqueles que se conseguem divertir e, sobretudo, os que produzem os corsos. Convenhamos que nestas paragens não é fácil fazer um corso decente. Porque a realidade concorre directa e insuperavelmente com a imaginação carnavalesca.
Foto.


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JORGE FERREIRA
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