Vital Moreira parece andar suficientemente entretido com o seu novo múnus bruxelense de pai fundador derivado da União Europeia. Nem se ouve falar dele, o que tem sem dúvida beneficiado o PS nas últimas contendas que tem tido de travar na frente interna. Ou, então, anda entretido a escrever "A verdadeira história da roubalheira do BPN feita por todo o pessoal do PSD de que forem capazes de se lembrar, dáquém e d'além mar". Se assim fôr, temos pela certa best seller natalício. Mas há outra hipóteses: tendo em acabamentos e polimentos a história da roubalheira do BPN, ter-lhe tomado o gosto e apanhado o balanço e começado a escrever "A verdadeira história da roubalheira da sucata e do fio de cobre da REN, EMPOORDEF, etc. e tal feita por todo o pessoal do PS de que forem capazes de se lembrar d'aquém e d'além mar". Se assim fôr, será possível calçar os dois pézinhos do Menino Jesus na gruta de Belém. Assim, nenhum pézinho se constipa e a obre fica muito mais central, muito mais bloco, muito mais académica, muito mais pedagógica, muito mais completa. Sugestão adicional: a editora benfazeja que Vital Moreira encontrar para editar as duas obres (garanto que não lhe vai ser fácil se não forem uns certos espanhóis que andam por aí..), que faça um comício para cada livro, na Aula Magna, com pompa, Louçã para o BPN e Alegre paara o da sucata, para assegurar o princípio constitucional da igualdade de tratamento.
(entrada descaradamente inspirada nesta do Afonso Azevedo Neves)
Conjunto organizado de sete pessoas ilustres. Vocábulo originário do grego "Pleiás, ádos", que significa constelação das Pleiades, formada por sete estrelas. Do latim "pleiades" ou "pliades", sete filhas de Atlas, transformadas em constelação. Colectivo de estrelas. Em português: colectivo de social-democratas, criaturas do cavaquismo, caídas em desgraça.
Coincidência ou não, depois da condenação de Madoff nos EUA, os inquéritos ao BPN e ao BPP aceleraram. Dias Loureiro foi ouvido e constituído arguido e, amanhã, é a vez de João Rendeiro. Já o caso Freeport vai-se arrastando, arrastando, arrastando...
Desde que decidiu privatizar a banca, disfarçando de concursos públicos alguns negócios preparados antecipadamente, que o cavaquismo se deu mal com bancos. E, muitos dos cavaquistas aproveitaram para se darem bem com os bancos… Aquilo a que o país tem assistido nos últimos meses à volta do BPN e do BPP, e que esta semana teve seu clímax com a segunda audição de Oliveira e Costa no Parlamento, é um triste mostruário dos despojos do cavaquismo.
Não é a primeira vez que estas trapalhadas se evidenciam. Já no inquérito parlamentar à privatização da Mundial Confiança e do Banco Totta & Açores, na VII Legislatura, nos idos de noventa, pudemos assistir a depoimentos assombrosos de várias pessoas, que na altura, por efeito da cumplicidade entre o PS e o PSD e também porque, por milagre inexplicável, ninguém ligava nenhuma aos bancos, conduziu ao silenciamento vergonhoso das conclusões do inquérito. Muitos dos protagonistas eram alguns dos actuais protagonistas. Mas um dia se escreverá toda a história desse imbróglio. Até Paulo Portas e outros, que agora se vangloriam do papel do CDS na Comissão de Inquérito ao BPN, nessa altura, tentaram boicotar o papel do CDS na outra Comissão de Inquérito. Lembro-me bem de todos e todos terão o seu lugar nessa novela que ocorreu porventura antes de tempo.
O segundo depoimento de Oliveira e Costa na Comissão de Inquérito explica-se pelo simples facto de ninguém estar disposto a cair sozinho. Tudo o que disse esta semana poderia ter dito da primeira vez que lá foi. Mas não: preferiu esperar pelos depoimentos dos outros para atacar. Tácticas de guerra aplicadas à política. É um depoimento que compõe um retrato feio da sociedade portuguesa. Está lá tudo, tudo o que se tem criticado, muitas vezes pelo “cheiro”, por instinto ou por meros indícios e que agora aparece confirmado por um dos protagonistas: como se fazem negócios, como se gerem empresas por onde se movimentam milhões e milhões de euros, como se fiscalizam ou não empresas, como lentamente, metodicamente, pelos exemplos públicos que se dão se vai atirando lentamente um país para a descrença. Todo um manual de leveza nacional.
Aguardei, com curiosidade, se Oliveira e Costa também falaria sobre o famigerado “caso Freeport” Mas, desta vez, optou por não falar disso. Talvez tenha incluído esse assunto naquela frase sibilina “eu sei mais do que aquilo que estou a dizer”, o que soou como um aviso à navegação. Mais um. Afinal de contas, parece que também com quem se mete com Oliveira e Costa, leva…
Apesar desta torrente de revelações há perguntas que não podemos deixar de colocar: se António Marta, o responsável pela supervisão no Banco de Portugal, recebeu uma cunha de Dias Loureiro para deixar o BPN sossegado, por que razão não foi o Banco de Portugal mais eficaz e consequente? Se Oliveira e Costa contou e não sabemos se contou tudo aquilo que disse no parlamento ao Ministério Público, como se explica que Dias Loureiro ainda nem ouvido no inquérito tenha sido?
Mistérios que talvez um dia venhamos a perceber. Como estamos agora a perceber muitos dos mistérios do cavaquismo. E, seguramente, viremos a conhecer outros mistérios, os mistérios do socratismo, alguns deles em pleno curso de vida.
Afinal de contas, os despojos do cavaquismo não diferem muito dos que virão a ser os despojos do socratismo. São filhos, esses despojos, de um mesmo sistema de influências que atravessa o bloco central e que têm conduzido Portugal para o estado em que se encontra.
(publicado na edição de hoje do Semanário)
Foi Cavaco Silva quem escolheu Dias Loureiro para o Conselho de Estado. O Presidente da República sai obviamente chamuscado deste processo, até dada a forma tardia
Reagindo ao facto, o Presidente disse que ninguém de direito o tinha informado do que fosse sobre Dias Loureiro. Sem o dizer, Cavaco Silva estava a falar do Ministério Público. Ora, é suposto o Ministério Público não informar ninguém sobre as investigações criminais em curso sob segredo de justiça. É suposto, mas esta declaração de Cavaco Silva levanta a questão de saber se noutras situações o faz.
E assim se vai alegremente contribuindo para minar ainda mais a confiança dos cidadãos nas instituições.
É difícil a Cavaco Silva libertar-se da camisa de onze varas onde se deixou aprisionar pelo cavaquismo.
(publicado na edição de hoje do Democracia Liberal)
Quando um país acredita mais no que diz um cidadão em prisão preventiva do que naquilo que diz um conselheiro de Estado está tudo dito sobre os escolhidos e sobre quem escolhe.
A vida política portuguesa faz-se de muitos silêncios. Às vezes há uma lei do silêncio, organizada e concertada. Outras vezes há apenas a oportunidade do silêncio. É o caso. O PS está calado sobre o caso Dias Loureiro porque não tem nada para dizer sobre Lopes da Mota e sobre José Sócrates.
Dias Loureiro terá já pedido a renúncia do cargo de conselheiro de Estado. Finalmente percebeu. Demorou mas percebeu. Obviamente nem devia ter sido convidado. O facto de o ter sido diz tudo sobre Cavaco Silva.
1º O regresso de Dias Loureiro à Comissão Parlamentar de Inquérito sobre o BPN, para esclarecer as falsidades em que foi apanhado pela investigação jornalística depois de ter lá ido a primeira vez e onde tem sido nada surpreendentemente poupado pelo CDS, que só tem olhinhos para Vítor Constâncio.
2º O partido de Manuel Alegre que no último mês apenas teve um tema de crítica social: o problema das roupinhas da Loja do Cidadão de Faro.
"Quem anda há meses a exigir a demissão de Dias Loureiro do Conselho de Estado, pelas suspeitas de envolvimento num caso policial, deveria, a bem de alguma coerência, exigir a demissão de José Sócrates do cargo de Primeiro-Ministro. Uns porcos são mais iguais que outros, não é pessoal?"
Tiago Moreira Ramalho, no Corta-Fitas.
Em vez de Valor Alternativo, a sociedade de que Jorge Coelho e Dias Loureiro são sócios-ignorantes não deveria chamar-se Valor Rotativo?
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