Jerónimo de Sousa, afirmou hoje que vai aproveitar o encontro marcado para amanhã com o Presidente da República para lhe transmitir as “preocupações dos portugueses”. Estranho. Eu não fui ouvido. Como é que o simpático Jerónimo pode apresentar as minhas preocupações a Cavaco Silva? Que mitomania...
O alegado debate de hoje entre os dois Sousas das esquerdas mostrou uma coisa muito simples: o Sousa do PCP é muito atrevido nas ruas, nas manif's, mas quando se apanha com o Sousa do PS à frente é mais manso que um congressista de Espinho do PS. Cá para mim hoje vai haver mosquitos por cordas nos centros de trabalho...
Também fiquei curioso com a utilização por Cavaco Silva da expressão "é um assunto de Estado", quando ontem se referiu ao caso Freeport e à situação de José Sócrates face aos factos que têm vindo a público. Assunto de Estado? Então não é um assunto de polícia? Não é apenas um caso para a Justiça resolver? Sabendo-se como Cavaco Silva é perito e prudente na utilização das palavras com que expressa habitualmente as suas posições, a expressão presta-se a dúvidas e a interpretações que Cavaco Silva certamente não desconhece que vão ser feitas.
Os partidos da dita oposição continuam sonoramente silenciosos sobre as revelações acerca do caso Freeport. Oportunidades para hoje: Manuela Ferreira leite encerra o Congresso do PSD Açores, Paulo Portas encerra o encontro das Caldas, Sócrates, lui même, apresenta a sua moção ao Congresso (cuidado com as tonturas da guinada à esquerda ,,, ) e Louçã, sempre de verbo tão fácil e escorreito e Jerónimo devem ter o telefone dos jornais para proferir uma palavrinha. Ou será que estão todos com medo?
Não fiz coro com os que riram ou zombaram quando se soube que Jerónimo de Sousa era o sucessor do cinzentão Carvalhas. Tive mesmo ocasião de escrever que ele podia ser uma hipótese de salvação do PCP. Bem sei que Jerónimo é um dos duros, ortodoxo, estalinista íntimo. Mas consegue ter um estilo de proximidade, simplicidade, autenticidade e simpatia como nem Cunhal tinha, com o "povo comunista". Nenhuma expectativa de mudança do PCP, portanto. Lá estão as ditaduras de Cuba e da Coreia, o apoio ao terrorismo das FARC, para nos prestar o serviço enorme de nos lembrar quem é o PCP. Mas também, no dia em que o PCP mudar, paradoxalmente, morre. Jerónimo, que não é burro sabe-o muito bem e encarregou-se, com método e indiscutível estilo, de não deixar dúvidas a ninguém que com ele o PCP era o mesmo de sempre, até nas expulsões e nas limpezas internas, como se está a ver. Anda muita gente surpreendida, por exemplo, com o apagamento interno dos deputados do PCP, designadamente com a saída de Honório Novo do Comité Central, o verdadeiro santuário do partido. Ora, o PCP nunca gostou dos seus deputados. Pude testemunhá-lo enquanto convivi com deputados comunistas durante quatro anos. Acha-os secretamente convertidos às delícias da burguesia, embora eles almocem cuidadosamente no refeitório do pessoal e não no restaurante do Parlamento. Agora, voltando à salvação: a actual força eleitoral do PCP (e do impagável Bloco) é um sintoma de que somos uma democracia atrasada, que ainda fornece fermento a fenómenos partidários que já deviam, há muito, ter perdido essa força. E, no sapatinho, saiu-lhes ainda por cima o desajeitado (com a esquerda) Sócrates. O PCP, por estes dias, exulta. Muito mau sinal para o país.
(publicado no Camara de Comuns)
Jerónimo de Sousa apoia Sócrates.
«Ser do BE não queima e está na moda. Não se exige muito, nessa militância. Nenhum patrão se chateia com um garboso membro do Bloco de Esquerda», ironizou hoje Jerónimo de Sousa quando se encontrou com sessenta jovens que aderiram ao PCP. «Ser comunista é muito mais difícil», acrescentou. Bem, na verdade neste ponto, Jerónimo não deixa de ter razão. Na primeira e na segunda frase. Talvez tenha até mais razão na segunda afirmação do que na primeira. Há que reconhecer que hoje, ser amigo ao mesmo tempo da Coreia do Norte, da China, de Castro, das FARC é overdose de dificuldade.
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