Quarta-feira, 12.08.09

O Estado Novo tinha a taxa do isqueiro, a Democracia tem a multa do sal.



publicado por Jorge Ferreira às 12:15 | link do post | comentar | ver comentários (1)

Sexta-feira, 19.09.08

As dificuldades do dia-a-dia, e não as há poucas hoje, distraem-nos muitas vezes das constantes que atravessam os tempos. E é útil ganhar distância e analisar o percurso das sociedades para perceber se algo mudou, se não mudou e se se ganhou alguma coisa com isso.

 

Supostamente Portugal mudou com o 25 de Abril. Basicamente a história é esta: durante 48 anos vivemos nas trevas e entretidos com coisas de somenos para deixar em tranquilidade uma ditadura eternizar-se no tempo. A partir do Abril miraculoso tudo mudou.

 

Mas ao olharmos para o Portugal de hoje será que tanto terá mesmo mudado assim? Não, não mudou. E é isso que talvez explique, independentemente dos valores políticos que se professem, o realce com que a história se tem encarregado de projectar Salazar na contemporaneidade do país.

 

Continuamos o país pequeno que éramos e os negócios públicos continuam dominados por um pequeno grupo que orquestra algumas instituições do regime a seu benefício. Igual. As polícias estão concentradas num cume que tem epicentro na residência oficial da Imprensa à Estrela onde havia um galinheiro para poupar dinheiro aos contribuintes nas refeições do antigo Presidente do Conselho. Ai o que isto lembra…, embora a esquerda agora engula, dócil, tudo o que antes vituperava sobre polícias e ladrões.

 

Mas com José Sócrates o regresso ao passado assume contornos misteriosos. Depois da proclamação “para Angola e em força!” surge agora o regresso do sonho petroquímico de Sines. Esta semana o primeiro-ministro, José Sócrates, afirmou que o actual clima de negócios em Portugal permite o regresso ao sonho da década de sessenta, de construir em Sines um dos maiores complexos petroquímicos do mundo.

 

José Sócrates falava no final da sessão que assinalou a ampliação do complexo petroquímico de Sines da Repsol, projecto de investimento avaliado em mil milhões de euros, que numa primeira fase criará 1500 postos de trabalho. O projecto de investimento deverá ser concretizado até 2011 e, numa segunda fase, criará cerca de 500 postos de trabalho permanentes.

 

Após os discursos do presidente da Câmara de Sines, do ministro da Economia, Manuel Pinho, e do presidente da Repsol, Bru Fau, Sócrates sublinhou a dimensão do investimento da petrolífera espanhola em Sines. O conjunto de investimentos previstos para Sines nos próximos anos mostram que está de regresso o seu sonho de ter um dos maiores complexos petroquímicos do mundo"!, declarou.

 

E pronto: assim, de mansinho, em pezinhos de lã, lá regressámos ao elefante branco que todo o país que pensava na década de sessenta criticava ao Estado Novo: Sines! Depois da esquerda ter recuperado o futebol, ter recuperado Fátima, ter fadistas, pasmem oh gentes!, fadistas, sim, continua a recuperação do Portugal moderno. Ah, grande esquerda, tão diferente, mas tão igual. Agora dedica-se a recuperar os sonhos da década de sessenta. Sócrates ainda há-de ter uma casa museu lá para 2080, em Vilar de Maçada.

(publicado na edição de hoje do Semanário)

 



publicado por Jorge Ferreira às 11:44 | link do post | comentar

Quinta-feira, 10.04.08
No Estado Novo existia uma coisa que se chamava condicionamento industrial. A Lei do Condicionamento Industrial destinava-se a evitar que qualquer empresário, nacional ou estrangeiro, entrasse num dado sector industrial, sem autorização governamental e aprovação dos industriais já existentes no sector. A Lei do Condicionamento Industrial era uma barreira à entrada, artificial, institucional, para proteger os interesses já instalados num sector. Numa palavra: só podia instalar uma empresa quem obtivesse a miraculosa licença governamental.

No Estado Velho existe uma coisa chamada condicionamento estatal. A Lei não escrita do condicionamento estatal diz que os grandes negócios em Portugal, os quais só se podem fazer com a intervenção, decisão, licença ou adjudicação do Estado, só podem ser feitos por empresas amigas do ambiente. Mas do ambiente partidário, o qual é dominado pelo bloco central do PS e do PSD, o qual deixa cair, de quando em vez (remeto para a edição de hoje da revista Sábado, páginas 66 e seguintes) uma míseras e avidamente engolidas migalhas ao entreposto de negócios que é de há uns anos para cá o CDS.

Por isso as empresas querem ministros reformados nos seus corpos sociais.

(publicado na edição de hoje do Democracia Liberal)


publicado por Jorge Ferreira às 22:02 | link do post | comentar

Terça-feira, 20.03.07
É uma das discussões da moda. Por causa do museu, por causa do concurso estapafúrdio da RTP, aliás, cheio de manobras e mistérios, por causa dos complexos do passado, porque, no fundo, discutir Salazar, o Fascismo, a Ditadura, o Estado Novo, é discutirmo-nos a nós próprios. Tem havido muitos e bons contributos para esta discussão, tão atreita à paixão e à parcialidade. Destaco, fora destes contextos deturpadores, dois contributos de Tiago Barbosa Ribeiro, no seu excelente Kontratempos. Um dia destes também direi umas coisinhas sobre o assunto.


publicado por Jorge Ferreira às 21:52 | link do post | comentar

JORGE FERREIRA
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