Terça-feira, 06.10.09
O novo messias Obama bem se podia juntar aos medrosos e pequenos políticos portugueses em exercício. Luís Amado, José Sócrates, Cavaco Silva, Jaime Gama, todos atravessaram para o outro lado da rua quando se cruzaram com o Dalai Lama, com pânico de que algum chinês os visse a dar os bons dias que fosse... Agora, pela primeira vez em 18 anos o Dalai Lama não será recebido na Casa Branca. Obama, o novo farol da Humanidade parece, afinal, ter os olhos em bico. Aguardo pelo habitual levantamento mediático e blogueiro das esquerdas todas contra este acto de servil obediencia aos interesses diplomáticos em detrimento dos novos valores que têm propagandeado de que Obama seria portador. Mas vou esperar sentado, para não me cansar muito. Só mais uma coisinha: o Diabo encarnado em George W. Bush recebeu o Dalai Lama na Casa Branca.
(Foto)
Quinta-feira, 04.12.08
O Dalai Lama anda em visita a vários países europeus. Vai encontrar-se com o Presidente francês Nicolas Sarkozy e com os primeiros-ministros da Bélgica e da República Checa. Alguns laureados com o Prémio Nobel da Paz, como o polaco Lech Walesa, deverão igualmente encontrar-se com o líder tibetano. Como se vê só por cá é que vai tendo sucesso a diplomacia de joelho perante os poderosos chineses, que ficam irritadíssimos quando alguém conversa com o Dalai Lama. Que afirmou, aliás, no Parlamento Europeu que não é separatista, apenas pretente uma autonomia para o Tibete. Por cá todos fogem do homem a sete pés com medo de que um chinês escondido a cada esquina vá contar a Pequim a pequena traição. Praticamos em relação à China e, veremos, se em relação a mais alguém, a diplomacia dos agachados.
Terça-feira, 22.04.08
Paris escolheu o Dalai Lama para seu "cidadão honorário". A China condenou a escolha francesa, considerando-a uma ingerência nos seus assuntos internos. Os franceses devem ter ficado de olhos em bico ao descobrirem que Paris era, afinal, território chinês. Além de outras qualidades, os chineses revelam uma notável propensão para o humor. Muitas vezes, negro.
Quarta-feira, 17.10.07
Ninguém ataca George W. Bush por ter recebido o Dalai Lama. Os blogues das esquerdas devem estar arrepiados com tanta coragem do Presidente dos EUA para desafiar a ira do gigante amarelo.
Domingo, 23.09.07
Sexta-feira, 14.09.07
Um país soberano e independente que gasta uns euros a fazer funcionar a diplomacia tem de se dar ao respeito. Deve prosseguir os seus interesses e mesmo sabendo que a real politik tem os seus incontornáveis mandamentos convém, se se trata de uma país civilizado, ter critérios claros e perceptíveis na sua política externa e no modo como se comporta com os outros Estados. Ninguém espera do Ruanda, do Sudão, ou do Uganda uma postura destas.
Se estivermos perante um país banana, as coisas passam-se assim: “eh pá não recebas esse gajo senão a malta aqui fica muito zangada. Vê lá, nós até aceitámos ir ao Congresso do PS, não nos desiludas agora.”. Nesse caso, o Governo do país banana responde: “eh pá estejam calmos, claro que não recebemos esse gajo por razões óbvias e conhecidas!”.
Dois sorrisos amarelos, um aperto de mão e a coisa está feita. Isto é uma modalidade do país capacho, que anda a toque de caixa. Que não tem dignidade própria, que corre a sopro estrangeiro, atento, venerando e obrigado. Uma vergonha portanto. Assim em abstracto não acredito que o leitor gostasse de exibir a cidadania desse país banana, muito menos espera que lhe esteja a falar de um país europeu e civilizado.
Mas se pusermos nomes a este episódio em abstracto descobriremos que poderíamos estar a falar de Portugal, do Presidente da República português, do Governo português, do Dalai Lama e da China. Presidente da República e Governo não recebem o Dalai Lama. E a própria Assembleia da República, que a princípio parecia ter um módico de compostura e civilidade, decidiu receber o Dalai Lama a título particular na Comissão Parlamentar de Negócios Estrangeiros.
Primeiro, ficámos a saber que um órgão de soberania tem actividades particulares. Eu, que pensava que no Parlamento só sucediam actos oficiais. Sempre a aprender. Depois, conclui-se que o próprio Parlamento sede da representação nacional, não nos representa tanto assim quanto seria expectável. Faz lembrar o caricato episódio de 2001, em que Jorge Sampaio, então Presidente da República, não recebeu o Dalai Lama, mas fez-se encontrar com ele no Museu Nacional de Arte Antiga. Assim do género míudo envergonhado com medo de ser apanhado a meter o dedo na mousse de chocolate.
Independentemente das ironias, importa afirmar claramente que a atitude dos órgãos de soberania portugueses é deplorável. Inúmeros políticos de Estados de todo o mundo, que têm inclusivamente relações políticas e económicas com a China, recebem o Dalai Lama. Sem medo, sem subserviência, sem se sujeitarem ao mandarinato diplomático. Os líderes portugueses não. E não o fazem, é preciso dizê-lo, por uma simples razão: porque não têm envergadura para exercer as funções que exercem. Representar um Estado digno exige um pouco mais que esperteza de agenda ou método de conquista de votos. Os nossos líderes são bons nisso. A representar o Estado é que deixam muito a desejar. Uma pena.
À chegada, o Dalai Lama desvaneceu a polémica com um sorriso e disse que não vinha para embaraçar. Mais se acentua o embaraço das instituições portugueses pela forma como se comportaram.
(publicado na edição de hoje do Semanário)
Quinta-feira, 13.09.07
A fotografia é do
Sol. Um velho marxista que luta pela liberdade, como a si próprio se classificou, que também é líder religioso, foi recebido pela segunda figura do Estado, envergonhando mais ainda as outras figuras do Estado.
Estreitar as relações entre a Aliança Atlântica (NATO) e a China é o objectivo da deslocação àquele país do presidente da Assembleia Parlamentar da organização, o português José Lello, entre os dias 15 e 21 de Setembro. Já foi o camarada Lello o obreiro da presença do PC chinês no último Congresso do PS. Esta é sem dúvida uma boa altura para o camarada Lello ir à China mostrar serviço. E, já agora, numa bandeja amarela, a lista dos portugueses bem comportados que se recusaram encontrar com o Dalai Lama, o líder que apenas sorri e não quer embaraçar ninguém.
Quarta-feira, 12.09.07
(
Dalai Lama)
Agachados. É a posição do Governo e do Presidente da República face à visita do Dalai Lama a Portugal. Que seja muito bem vindo a um país onde os mais altos representantes do Estado são atentos, venerandos e obrigados às pressões dos Estados estrangeiros.
Terça-feira, 11.09.07
Um ror de gente bizarra. Pessoas que exercem os mais altos cargos em países e instituições variadas no mundo inteiro, que por razões não óbvias e desconhecidas receberam o Dalai Lama. (Via
Ana Gomes, no Causa Nossa)
O CDS criticou hoje a "tentativa de indiferença" do Estado português em relação à visita do Dalai Lama. Eu critico com igual veemencia a indiferença do CDS à presença das FARC na Festa do Avante.
Domingo, 09.09.07
(
Dalai Lama)
Tenzin Gyatso, um tibetano mais conhecido por Dalai Lama, vem a Portugal.
Por razões óbvias e que são conhecidas, Luís Amado diz que o Governo não o recebe. Obviamente e reconhecidamente Portugal tem uma diplomacia pequenina, curvada aos interesses chineses, que envergonha qualquer cidadão que tenha um módico de sentimento patriótico. É de lembrar que o Partido Comunista chinês esteve no Congresso do PS, sem lamento nem murmúrio do partido que em tempos foi tão sensível à defesa dos direitos humanos no mundo. Bate tudo certo. Tudo menos os princípios. Aplauso para Jaime Gama, experiente diplomata também, mas que agora segunda figura do Estado, receberá o Dalai Lama na qualidade de Presidente da Assembleia da República. "Shame on you, Mr. Amado!"