Um Nobel da Paz faz a paz ou pede a alguém que medeie a Paz para ele? Nobel em outsourcing?...
“Para ser franco, acho que não mereço estar na companhia de tantas figuras transformadoras que foram honradas com este prémio, homens e mulheres que me inspiraram e inspiraram o mundo inteiro pela sua procura corajosa da paz”, disse hoje Obama, reagindo à atribuição do Nobel da Paz. Não pretendo ter acesso ao telejornal, nem almejo especialmente as setinhas para cima dos jornais. Posso, assim, sem receio dessa penalização, dizer muito francamente que concordo com Obama.
O novo messias Obama bem se podia juntar aos medrosos e pequenos políticos portugueses em exercício. Luís Amado, José Sócrates, Cavaco Silva, Jaime Gama, todos atravessaram para o outro lado da rua quando se cruzaram com o Dalai Lama, com pânico de que algum chinês os visse a dar os bons dias que fosse... Agora, pela primeira vez em 18 anos o Dalai Lama não será recebido na Casa Branca. Obama, o novo farol da Humanidade parece, afinal, ter os olhos em bico. Aguardo pelo habitual levantamento mediático e blogueiro das esquerdas todas contra este acto de servil obediencia aos interesses diplomáticos em detrimento dos novos valores que têm propagandeado de que Obama seria portador. Mas vou esperar sentado, para não me cansar muito. Só mais uma coisinha: o Diabo encarnado em George W. Bush recebeu o Dalai Lama na Casa Branca.
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O Irão está a ferro e fogo. Neste momento ouvem-se tiros em Teerão e a situação está explosiva. Tudo o que se passar no Irão vai afectar irremediavelmente não apenas a vida internacional mas a nossa vida quotidiana. Basta pensar numa eventual nova subida do preço do petróleo que ponha em causa a tão desejada recuperação da crise. Obama será posto à prova e corremos o risco de ainda vir a compreender a agenda de George W. Bush à luz dos acontecimentos de hoje. Resta saber se Obama será um presidente "à Carter", do tipo "fala, fala, mas eu não o vejo a fazer nada" ou se, pelo contrário se revelará um político à altura do momento.
A tradicional declaração da Casa Branca no aniversário do ataque do império Otomano à minoria arménia em 1915, a 24 de Abril de 1915, que resultou no massacre de mais de um milhão de pessoas, esperada para daqui a umas horas não vai falar de genocídio. Obama agora acha que é preciso compreender todos os pontos de vista na questão do genocídio da Arménia. Será que também pensa que é necessário compreender todos os pontos d evista na questão do genocídio alemão sobre os judeus? Em campanha falava do genocídio, agora deixou cair a palavra. Este homem está de facto muito à frente...
Obama continua a mostrar que não sabe escolher gente fiável para o rodear. Quantas vezes tenciona pedir desculpa nos próximos quatro anos? E se fosse com Bush? Não faltaria...
Obama anda numa onda epistolar. Escreveu a Cavaco e escreveu a Sócrates. Soube-se que escreveu a Cavaco e logo a Lusa teve acesso à epístola para Sócrates. O problema é que em ambas as cartas Obama parece padecer de falta de assessoria. Em ambas se dirige aos destinatários dizendo que espera trabalhar com ambos nos próximos quatro anos. Se fosse Bush, tratava-se de uma imperdoável ignorância, arrogância, estupidez, burrice, cretinice, e mais todos os adjectivos disponíveis no mercado. Como é Obama, limitemo-nos a considerar que é falta de assessoria em condições. É que por cá também há eleições e pode não haver mais quatro anos de Cavaco nem de Sócrates. Com pouco jeito para escolher membros da sua Administração, Obama parece não ter lá muito jeito para escrever cartas de Estado.
Obama terá de escolher o seu terceiro Secretário do Comércio. Primeiro escolheu o cargo o governador do Novo México, Bill Richardson, que foi forçado a recusar o lugar por estar envolvido numa investigação federal por suspeitas de favorecimento ilegítimo e possível corrupção. Depois escolheu o senador republicano do New Hampshire Judd Gregg, que acaba de se demitir por ter constatado existirem “diferenças políticas irreconciliáveis” que o impedem de participar nesta Administração. Outras duas personalidades apontadas por Obama também tiveram de desistir da Administração por causa de problemas fiscais. Se é assim para constituir o seu próprio gabinete, como será no resto? A estrelinha empalidece cedo demais...
Ao princípio foram os símbolos e a propaganda. As ordens para encerrar Guantánamo, acabar com as prisões secretas da CIA e proibir tortura e técnicas duras de interrogatório fizeram as manchetes no início da presidência de Obama. Mas entre as ordens executivas assinadas pelo Presidente dos EUA há duas semanas, passou mais desapercebida a decisão de manter intacto um programa controverso da Administração Bush: os raptos secretos e transferências de prisioneiros para países que cooperam com os Estados Unidos, conhecidos como “rendições”. Claro: yes, he can do it. Aguardam-se as reacções dos blogues de esquerda sobre mais esta desilusão.
O país, com a boçalidade de que infelizmente dá regularmente provas, entusiasmou-se por poder vir a ter um cão de água na Casa Branca. Por mim, tenho a confessar que me é absolutamente irrelevante saber a origem geográfica do cão das filhas do novo messias, entronizado pela comunicação social. Obama, que teve de jurar duas vezes cumprir a Constituição porque se enganou no primeiro juramento e que foi apresentado pelo speaker da cerimónia de posse sem um dos seus nomes, precisamente o do meio, o tal, o Hussein, aposta forte no marketing, é bem fabricado, é bom na performance e obviamente beneficia de um estado de graça que consente tudo aquilo que em Bush seria uma tragédia universal.
Obama é uma espécie de Sócrates
Ora, sucede que no país do cão acontecem, apesar de tudo, algumas coisas. Acontece um Primeiro-Ministro afirmar com a maior tranquilidade do mundo, que desta vez as previsões económicas do Governo “são sérias e responsáveis”, apesar de já terem sido desmentidas pela Comissão Europeia e apesar de qualquer cidadão de média inteligência perceber que a crise não autoriza a arrogância da afirmação. Acontece uma maioria absoluta que é suspeita de condicionar a liberdade de um jornal publicar notícias que comprometem os seus membros no caso Freeport, usando para isso um banco privado (privado?...). Acontece uma oposição sem chama, sem credibilidade, sem força e sem projecto, que já foi experimentada no Governo e não fez melhor do que o PS está a fazer.
Isto num ano de profunda crise, em que os portugueses entregam ao Estado um euro em cada dois do que produzem, alimentando um monstro insaciável que não revela capacidade de se reformar e de se conter na despesa. Resta-nos a consolação das lateralidades. A consolação pacóvia do cão de água, a consolação do grande CR7 que definitivamente não deve ser convocado para entrevistas mas apenas para jogar à bola e a consolação de já terem passado 22 dias do ano da desgraça de 2009. Faltam apenas 343 dias para 2010.
(publicado na edição de hoje do Semanário)
Em plena época de crise e incerteza no futuro George Olmert (nome incómodo cuidadosamente omitido e abreviado para O. durante a cerimónia de posse) Bush escandalizou os norte-americanos gastando 131 milhões de dólares nas festas, bailes e demais acontecimentos organizados para ornamentar a sua posse, o que foi visto como uma afronta. Com uma operação de segurança nunca vista no perímetro abrangido pelas cerimónias, Bush fez jus à sua falta de jeito para as cerimónias públicas, fazendo o juramento com uma palavra errada, o que obrigou o Presidente do Supremo a fazer outra cerimónia, desta vez, mais íntima, na Casa Branca, para repetir o juramento como deve ser. Os americanos nem queriam acreditar no que estavam a ver e a ouvir. A primeira dama, entretanto, também entrou com o pé esquerdo, tendo escolhido um estilista de origem israelita e um costureiro da Coreia do Sul para desenhar os trajes que usou na posse do marido. Até agora, entretanto, desconhece-se o pensamento de Bush sobre as denúncias do impacto ambiental da cerimónia da tomada de posse. Os americanos estão entretanto conformados com a ideia de viverem com um Presidente em estado de desgraça durante os próximos quatro anos.
(Com a ajuda da Helena Matos)
Hoje é o dia do mundo deprimido ser todo obamaníaco enquanto se pode. A dura realidade americana e internacional - os EUA não são omnipotentes mas são a única superpotência, o que os torna decisivos para todos - impor-se-á demolidoramente depois das festas. Até agora tomava-se partido pelos candidatos americanos à Casa Branca pelo que eles diziam sobre o mundo, pouco nos interessando o que propunham para a política interna americana. Desta vez, ambas as coisas têm a ver com todos, atenta a crise globalizada que se vive à escala planetária. Há excessivas expectativas sobre Obama, que se explicam em grande parte pelas consequencias da talvez mais difícil presidencia da história americana que foi a de George W. Bush. O mais popular Presidente de sempre e também o mais odiado será talvez o único que sai da Casa Branca à espera que a História lhe faça justiça. É a sua única esperança e, todavia, não é difícil perceber que todos lhe devemos mais do que aquilo que é politicamente correcto admitir, não obstante os erros, os disparates e as gaffes. Obama vai poder continuar a alimentar as ilusões do povo da esquerda com duas ou três medidas bem gerudas no tempo e a que não deixará de dar o devido relevo simbólico, como é o caso do encerramento, embora a prazo e com muita calma, da prisão de Guantanamo. Mas não hesitará em defender os interesses americanos, como é timbre de todos os Presidentes, mesmo que isso seja contrário aos interesses dos europeus que há muito decidiram empanturrar-se em manteiga e deixar de comprar canhões.
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(publicado no Camara de Comuns)
Obama será Presidente a partir de terça-feira. Já estava em Washington quando decidiu sair de Washington para ir para Washington de comboio, imitando Lincoln. É a política da palhaçada no seu máximo esplendor. Também, com um carro blindado chamado "The Beast" e, provavelmente com um cão de água português, as coisas não podiam começar por correr por aí além.
Obama anunciou ontem que pretende criar 4 milhões, sim, leram bem, milhões de empregos. Tal qual Sócrates prometeu na campanha eleitoral criar 150.000. Agora, Obama pretende uma nova abordagem com o Irão no respeito do seu povo. Ora aí está uma espécie de Sócrates romântico e à escala americana, ou seja, em grande. O actual Irão com o líder que tem é mesmo sensível a novas abordagens. Um piedoso, este Obama.
(publicado no Camara de Comuns)
Depois de se ter sabido das nomeações de Obama para os postos chave da Administração, depois de se ter sabido que vai ser um padre contra os casamentos gay que vai abençoar a posse do novo Presidente, leio em rodapé na SIC Notícias que Aretha Franklin vai ser "the voice" que abrilhantará a posse de Obama. Qualquer dia tenho de entrar em retiro à procura de argumentos para a minha oposição. Curioso, muito curioso é que cessou a militância blogosférica pró-Obama.
As coisas parece que andam agitadas em Chicago e Washington. O governador do Illinois Rod Blagojevich está à beira da demissão, depois de ter sido apanhado a vender o lugar do senador Obama e o chefe de gabinete de Obama, Rham Emanuel, também ele oriundo de Chicago anda a fugir aos jornalistas. Isso mesmo: parece que há escutas em que o belo do Ralph combina, articula, comenta alguns dos potenciais adquirentes do lugar do chefe, isto depois de Obama ter afirmado "estar confiante" que ninguém da sua equipa terá estado envolvido nesta negociação tão, tão, tão mafiosa que só se julgava admissível no horrível Partido Republicano do horrível Bush. Depois das proclamações éticas de Obama durante a campanha, não começamos mal. Ah, entretanto parece que as negociatas eram mais pelo lado dos Clinton, não era?...
Oh diabo, a esquerda limpinha descobriu que Obama fuma! Lá tenho de gostar um bocadinho do homem...
"Depois, desde que inventaram os políticos com “uma vida saudável” que deixámos de ter bons políticos. Um bom político precisa de um certo suplemento de vício. Olhem para a União Europeia e confirmem: saudáveis, sim, mas uma merda."
Francisco José Viegas, n' A Origem das Espécies.
PS: Eng. Sócrates, yes, you can!
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