É a segunda vez que Armando Vara é obrigado a sair dos sítios onde está obrigado pelos seus: primeiro foi Sampaio por causa da Fundação, agora foi Constâncio por causa da sucata. Haverá tempo para haver duas sem três? E já agora: repararam na celeridade com que Constâncio actuou com Vara, meros segundos, sem que aparentemente estejam em causa factos relativos ao exercício da actividade bancária? Agora pergunto: e nos célebres casos dos célebres banqueiros dos célebres brancos, por que demorou tanto tempo a fazê-lo, estando em causa factos praticados no exercício da actividade bancária? Em pocous segundos de televisão Constâncio conseguiu fazer implodir todo o edifício autojustificativo que andou meses a construir para se autojustificar da sua própria incompetência nos célebres casos dos célebres banqueiros dos célebres brancos.
(Foto)
Vital Moreira parece andar suficientemente entretido com o seu novo múnus bruxelense de pai fundador derivado da União Europeia. Nem se ouve falar dele, o que tem sem dúvida beneficiado o PS nas últimas contendas que tem tido de travar na frente interna. Ou, então, anda entretido a escrever "A verdadeira história da roubalheira do BPN feita por todo o pessoal do PSD de que forem capazes de se lembrar, dáquém e d'além mar". Se assim fôr, temos pela certa best seller natalício. Mas há outra hipóteses: tendo em acabamentos e polimentos a história da roubalheira do BPN, ter-lhe tomado o gosto e apanhado o balanço e começado a escrever "A verdadeira história da roubalheira da sucata e do fio de cobre da REN, EMPOORDEF, etc. e tal feita por todo o pessoal do PS de que forem capazes de se lembrar d'aquém e d'além mar". Se assim fôr, será possível calçar os dois pézinhos do Menino Jesus na gruta de Belém. Assim, nenhum pézinho se constipa e a obre fica muito mais central, muito mais bloco, muito mais académica, muito mais pedagógica, muito mais completa. Sugestão adicional: a editora benfazeja que Vital Moreira encontrar para editar as duas obres (garanto que não lhe vai ser fácil se não forem uns certos espanhóis que andam por aí..), que faça um comício para cada livro, na Aula Magna, com pompa, Louçã para o BPN e Alegre paara o da sucata, para assegurar o princípio constitucional da igualdade de tratamento.
(entrada descaradamente inspirada nesta do Afonso Azevedo Neves)
O caso Face Oculta veio revelar que algo de estranho se passou nos últimos tempos na área do combate à corrupção em Portugal. A um observador atento não pode ter passado despercebido o volume de informação publicada antes do desencadear dos mecanismos institucionais do sistema de investigação criminal. Como se alguém tivesse tido a preocupação de que desta vez não haveria espaço para manobras de diversão, expedientes de dissimulção de factos essenciais à futura investigação e descoberta da verdade material dos factos, que possam levar à condenação dos prevaricadores. Repare-se que nem a Vítor Constâncio, nem às mesmas caras de sempre, foi deixado um minutinho de espaço de manobra para desencadear os poderes que sempre tiveram e sempre resistiram a usar noutros casos de gestores de instituições bancárias e de suspeitas de criminalidade grave ainda por apurar na sua totalidade, anos e anos depois. Elas fazem-se, fazem. Mas quando se fazem muitas e ao mesmo tempo, chega sempre o dia de pagar. Resta esperar que o país, ao menos, ganhe algum coisa com isso. Em termos de limpeza democrática, higiene política e, se não de mãos limpas, pelo menos em termos de higiene política à boleia de tanto desinfectante que se vende para aí agora para o vírus da gripe A.
"Até ao final do ano, será entregue ao procurador-geral da República uma proposta que visa tornar mais fortes as leis anti-corrupção e retomar algumas medidas propostas pelo ex-deputado socialista João Cravinho. O documento vai ser preparado pela equipa de magistrados do Departamento de Investigação e Acção Penal (DCIAP) que investiga alguns dos crimes económicos de elevada complexidade. O objectivo é contornar os obstáculos da actual lei que os magistrados consideram desajustada à realidade e dizem que enfraquece a capacidade de resposta do sistema penal face à complexidade deste crime. Os magistrados vão mesmo propôr medidas concretas. Querem, por exemplo, estender a proibição de qualquer pagamento ou prendas a quem trabalhe na esfera pública e que tenha poder de influenciar decisões. "Gostaríamos de retomar algumas medidas anti-corrupção de Cravinho e apresentar uma proposta ao Sr. procurador-geral da República, que é uma pessoa preocupada com este tema. Caso entenda que a proposta é razoável, poderá apresentá-la ao Governo", revelou ao Económico Cândida Almeida, responsável pelo DCIAP. Dar resposta à corrupção é o objectivo desta magistrada que garante que o tema "vai ser estudado com muito afinco", prevendo reunir com os magistrados do DCIAP durante o mês de Novembro e apresentar a proposta a Pinto Monteiro até ao final do ano.Esta discussão ganha mais força numa altura em que a corrupção voltou à ordem do dia. Foi tornado público o caso ‘Face Oculta' em que a PJ de Aveiro investiga a actividade de um grupo de empresas suspeito de, entre outros crimes, corrupção com tentáculos na esfera empresarial do Estado. Em causa está um esquema organizado de luvas que terá beneficiado o empresário Manuel Godinho na adjudicação de concursos e consultas públicas, na área de recolha e gestão de resíduos industriais."
Diário Económico.
Safa, eu só não adivinho a sorte grande...
"Não comento processos judiciais", disse hoje José Sócrates quando perguntado sobre a Face Oculta do seu partido, algures em Bruxelas. Não comenta processos judiciais, excepto o do Freeport, claro.
Face Oculta não precisa de mais leis novas, nem de códigos novos, nem de processos legislativos fast food, nem de mais negociações de seitas de bastidores. Precisa de portugueses que tenham a coragem de investigar rápido, julgar rápido e aplicar a lei que existe. Precisa apenas de um punhado de portugueses que os tenham no sítio para agir de acordo com os poderes que o exercício das suas competencias legais lhes confere, para punir exemplarmente esta ignóbil porcaria em que vivemos.
António de Sousa, o Vítor Constâncio do PSD, disse que era obrigatório por lei conceder licença ao BPP para operar como Banco, mas que o fez por imposição dos advogados. Em que é que ficamos? Foi porque a lei obrigava (!) ou foi por imposição (!) dos advogados?... Ora aqui está outro belo inquérito parlamentar para fazer...
Coincidência ou não, depois da condenação de Madoff nos EUA, os inquéritos ao BPN e ao BPP aceleraram. Dias Loureiro foi ouvido e constituído arguido e, amanhã, é a vez de João Rendeiro. Já o caso Freeport vai-se arrastando, arrastando, arrastando...
O PS iliba o Banco de Portugal no projecto de relatório do inquérito parlamentar ao caso BPN. O PS protege os seus.
António de Sousa, antigo governador do Banco de Portugal, já veio confirmar que está disponível para aceitar o convite que lhe foi endereçado para liderar a Associação Portuguesa de Bancos (APB), em substituição de João Salgueiro. A gente olha para o país e vê um grupinho de meia dúzia de pessoas a rodar entre meia dúzia de lugares. São as pessoas que sabem de muita coisa e calaram ou esconderam. Depois, não se queixem eternamente da falta de supervisão. Toda a gente no sistema sabe que a supervisão é uma brincadeira de chá e torradas há muitos anos. Não é de agora, nem foi só com o BPN e o BPP. Mas dos outros ninguém curou de saber. Não surpreende, pois, esta notícia. Afinal, há que segurar as pontas. Na medida do possível.
Contem-me novidades, pode ser?... Pataca a mim, pataca a ti, pataca a mim, pataca a ti, pataca para a mesa do canto, pataca a mim, pataca a ti...
Desde que decidiu privatizar a banca, disfarçando de concursos públicos alguns negócios preparados antecipadamente, que o cavaquismo se deu mal com bancos. E, muitos dos cavaquistas aproveitaram para se darem bem com os bancos… Aquilo a que o país tem assistido nos últimos meses à volta do BPN e do BPP, e que esta semana teve seu clímax com a segunda audição de Oliveira e Costa no Parlamento, é um triste mostruário dos despojos do cavaquismo.
Não é a primeira vez que estas trapalhadas se evidenciam. Já no inquérito parlamentar à privatização da Mundial Confiança e do Banco Totta & Açores, na VII Legislatura, nos idos de noventa, pudemos assistir a depoimentos assombrosos de várias pessoas, que na altura, por efeito da cumplicidade entre o PS e o PSD e também porque, por milagre inexplicável, ninguém ligava nenhuma aos bancos, conduziu ao silenciamento vergonhoso das conclusões do inquérito. Muitos dos protagonistas eram alguns dos actuais protagonistas. Mas um dia se escreverá toda a história desse imbróglio. Até Paulo Portas e outros, que agora se vangloriam do papel do CDS na Comissão de Inquérito ao BPN, nessa altura, tentaram boicotar o papel do CDS na outra Comissão de Inquérito. Lembro-me bem de todos e todos terão o seu lugar nessa novela que ocorreu porventura antes de tempo.
O segundo depoimento de Oliveira e Costa na Comissão de Inquérito explica-se pelo simples facto de ninguém estar disposto a cair sozinho. Tudo o que disse esta semana poderia ter dito da primeira vez que lá foi. Mas não: preferiu esperar pelos depoimentos dos outros para atacar. Tácticas de guerra aplicadas à política. É um depoimento que compõe um retrato feio da sociedade portuguesa. Está lá tudo, tudo o que se tem criticado, muitas vezes pelo “cheiro”, por instinto ou por meros indícios e que agora aparece confirmado por um dos protagonistas: como se fazem negócios, como se gerem empresas por onde se movimentam milhões e milhões de euros, como se fiscalizam ou não empresas, como lentamente, metodicamente, pelos exemplos públicos que se dão se vai atirando lentamente um país para a descrença. Todo um manual de leveza nacional.
Aguardei, com curiosidade, se Oliveira e Costa também falaria sobre o famigerado “caso Freeport” Mas, desta vez, optou por não falar disso. Talvez tenha incluído esse assunto naquela frase sibilina “eu sei mais do que aquilo que estou a dizer”, o que soou como um aviso à navegação. Mais um. Afinal de contas, parece que também com quem se mete com Oliveira e Costa, leva…
Apesar desta torrente de revelações há perguntas que não podemos deixar de colocar: se António Marta, o responsável pela supervisão no Banco de Portugal, recebeu uma cunha de Dias Loureiro para deixar o BPN sossegado, por que razão não foi o Banco de Portugal mais eficaz e consequente? Se Oliveira e Costa contou e não sabemos se contou tudo aquilo que disse no parlamento ao Ministério Público, como se explica que Dias Loureiro ainda nem ouvido no inquérito tenha sido?
Mistérios que talvez um dia venhamos a perceber. Como estamos agora a perceber muitos dos mistérios do cavaquismo. E, seguramente, viremos a conhecer outros mistérios, os mistérios do socratismo, alguns deles em pleno curso de vida.
Afinal de contas, os despojos do cavaquismo não diferem muito dos que virão a ser os despojos do socratismo. São filhos, esses despojos, de um mesmo sistema de influências que atravessa o bloco central e que têm conduzido Portugal para o estado em que se encontra.
(publicado na edição de hoje do Semanário)
O depoimento de Oliveira e Costa que acabou já hoje ajudou a compor um retrato feio da sociedade portuguesa. Está lá tudo, tudo o que se tem criticado muitas vezes por instinto e indícios e agora confirmado por um dos protagonistas. Como se fazem negócios, como se gerem empresas, como e quando as entidades responsáveis fiscalizam ou não as empresas, como se vai arrastando um país para a descrença. Um acto de vingança como o de ontem pode ter uma utilidade: mostrar as partes escuras da vida empresarial e política do país. É certo que se tratou apenas de uma versão. Só que essa versão, conjugada com as outras versões que já se conhecem, permitem tirar inúmeras conclusões. Resta saber se desta vez haverá consequência e se vamos aprender alguma coisa para que no futuro tudo isto não volte a repetir-se. Resta saber. Cavaco Silva tem a palavra (ou o gesto). O Ministério Público tem a palavra (ou o gesto).
José Oliveira e Costa está a explicar, na comissão de inquérito parlamentar, por que razão o banco nunca foi vendido à Carlyle, alegadamente por acção de "um grupo de 10 accionistas que conscientemente manipularam factos para fazer abortar a venda do grupo." E?... Enfim, cada um tem direito à sua campanha negra...
Apanha-se mais depressa um Governo amigo dos pobres do que um coxo.
O que é que o BPN tem que o BPP não tem? A Elisa Ferreira não é certamente e os euros não batem assim.
Dias Loureiro vai ser ouvido uma segunda vez na comissão de inquérito parlamentar sobre a nacionalização do BPN, "numa data a agendar oportunamente", disse hoje a presidente da comissão. Não sei se é já brincadeira de carnaval ou se é mesmo a sério. Se fôr a sério, já imagino as perguntas: o que está V. Exa. a tomar para a memória? Aconselhou-se só com um médico ou procurou segunda opinião? Há data prevista para a superação do problema da amnésia? É muito ténue já a linha que separa um inquérito parlamentar que devia ser sério e consequente do meramente patético.
Estes jornalistas são uns chatos. O senhor já disse que não se lembra...
Qualquer dia os bancos ainda nos vão pagar para pedirmos dinheiro emprestado...
Lá como cá:
"El presidente del Banco Santander argumenta que la actual coyuntura económica imposibilita conceder créditos. En su opinión, ve "irresponsable" dar préstamos a quien no puede pagarlo.De esta forma, Emilio Botín se defiende de las críticas del Gobierno a los bancos por no prestar dinero. El pasado lunes, el presidente del Ejecutivo, José Luis Rodríguez Zapatero, se volvió a reunir con los grandes de la banca para reiterarles la necesidad de facilitar el acceso al dinero a las familias y empresas. De hecho, el miércoles la Cámara de Comercio dijo que una de cada cinco pymes no consigue crédito de las entidades." (El Mundo).
Cá, temos o Primeiro-Ministro que diz o mesmo que Zapatero. Falta-nos é o banqueiro que diga o mesmo que Emílio Botin.
A comissão de inquérito parlamentar ao caso BPN vai decidir na próxima terça-feira se pede o levantamento do sigilo bancário para obter documentação que lhe tem sido negada por várias entidades com responsabilidades neste caso. Recorde-se que o Banco de Portugal e outras entidades têm recusado fornecer documentos solicitados pela Comissão invocando o sigilo bancário. Muito curiosa esta questão. Muito curiosa mesmo. A acompanhar com muita atenção.
Durante quatro anos, a administração fiscal não instruiu os serviços para aplicar ao sector financeiro regras que reduziriam os seus reembolsos do IVA em dezenas de milhões de euros. Quando estão em causa grandes empresas as Finanças comem muito queijo e esquecem-se de coisinhas banais. Já quanto aos pequenos contribuintes a memória das Finanças é demolidora e não perdoa.
E se o tão gabado "falar verdade" de Cavaco Silva na mensagem de Ano Novo fosse dirigido não apenas a José Sócrates mas também aos seus amigos do Conselho de Estado?
Uma coisa é a crise. Outra coisa são casos de polícia. Seria muito vantajoso que o Governo não se aproveitasse da primeira, para resolver os segundos.
O Sindicato dos Bancários do Sul e Ilhas (SBSI) vai pedir ao primeiro-ministro para que intervenha de modo a evitar o despedimento dos 250 trabalhadores contratados do BPN Português de Negócios. Ei-lo, José Sócrates, o novo patrão da banca. Não tarda precisa de uma despesa pública suplementar: um secretário de Estado adjunto para o expediente da banca.
Agora é o Banco Popular que, diz o Diário de Notícias, está a ser investigado. Parece que a banca está rota. Será que os novos bombeiros da banca, isto é, o Governo, vão ser chamados outra vez?
Há coisas, como a tal bebida, que primeiro estranham-se e depois entranham-se. Ser banqueiro deve começar por ser muito estranho. Lidar com dinheiro que nunca se vê deve fazer confusão. Mas depois deve entranhar-se: com a habituação torna-se familiar.
Deve ser pelo que está a passar José Sócrates. Isto é: uma fase difícil. Desde que o socialista Sócrates desatou a avalizar, nacionalizar e intervir em bancos o espírito entranhou-se-lhe rápido. Tão rápido que na sua mensagem de Natal não hesitou em rejubilar com um feito do Governo de que ainda ninguém se tinha dado conta, nem provavelmente o próprio.
“Criámos as condições para que baixassem os juros com a habitação”, disse, sem tremelique de vergonha nem pudor, o Primeiro-Ministro. Ora, isto deve ter uma explicação. Sócrates vê-se banqueiro pela força dos convívios recentes e por segundos natalícios imaginou-se ou o Deus do mercado, ou, mais provável, o Presidente do Banco Central Europeu para quem com gáudio, felicidade e voto transferiu o poder de comandar a moeda e o crédito em Portugal nos idos de 1992.
Está finalmente decifrado o Código Sócrates: ele é o verdadeiro banqueiro anarquista. Expliquem-lhe que é só uma boa e prodigiosa história de Fernando Pessoa e não se conhece exemplo concreto, por favor. Poupe-nos, Sr. Engenheiro, às patranhas da propaganda barata.
(publicado na edição de hoje do Democracia Liberal)
Conta-se que em 1975, após a onda de nacionalizações que veio a custar caro ao país durante décadas, o Estado até de uma barbearia ficou proprietário, apanhada no arrastão nacionalizador. Hoje, o Estado tornou-se proprietário da célebre TBZ, empresa oncessionária da exploração das marcas Benfica, Sporting, F. C. do Porto e Real Madrid, atyravés da nacionalização do BPN. Não tarda é preciso mais um ministro só para tratar dos berbicachos.
Fernanado Ulrich dá uma entrevista ao Público onde diz que não há dinheiro para todas as obras públicas e que o Governo reagiu mal à crise. Não o devem ter avisado que é pecado dizer coisas destas, que não reconhecem o heroísmo, a inteligência fina, a capacidade de reacção do Governo. Francamente, estragar assim o Natal do PS, não se faz.
João Rendeiro
Testemunho de um Banqueiro
A história de quem venceu nos mercados
Myriam Gaspar
Bnomics
24 de Novembro de 2008
22,68 euros (on line)
(Foto)
"Conheça a história de um dos investidores mais respeitados do mercado financeiro português. “João Rendeiro, Testemunho de um Banqueiro” é o nome do primeiro livro de Myriam Gaspar, jornalista da “Sábado”.
“Foi uma experiência fantástica. Um acto de aprendizagem contínuo”, revelou Myriam, de 40 anos, a Record, adiantando que foi convidada por João Rendeiro a escrever a biografia.
Por sugestão da jornalista, o livro – que é apresentado no próximo dia 24, no ISEG, por Francisco Pinto Balsemão – está contado na primeira pessoa, para “criar uma relação mais intimista com o leitor”. O prefácio é de João Cravinho." Record
Pinto Monteiro disse hoje no Parlamento que o Ministério Público enviou um ofício ao Banco de Portugal em 2004, onde requeria informações sobre o Banco Insular de Cabo Verde. Vítor Constâncio garantiu que o Banco de Portugal nunca recebeu informações do Ministério Público a respeito do Banco Insular. Isto promete. Aproveito para tirar o chapéu a Pinto Monteiro pela coragem com que afirmou no Parlamento que o inquérito parlamentar em nada prejudica a investigação criminal, ao contrário do que recentemente defendeu a Procuradora-Adjunta Cândida Almeida.
Além de elegante, temos um Primeiro-Ministro milagreiro. Desde o Verão que assistimos a um espectáculo verdadeiramente enternecedor. Todos os meses o Governo toma medidas que negou no mês anterior. Contradição? Não. Os milagreiros são assim. Fazem-se notados. Agora, prepara-se outro milagre: obrigar os bancos a emprestar o dinheiro avalizado pelo Estado às empresas. O Governo dos milagres é assim: julga que pode obrigar a economia. Já quando desceu o IVA dos ginásios (chegar a Primeiro-Ministro elegante sempre exige um choquezito fiscal...) o Governo queria obrigar os ginásios a baixar os preços. Que doce ilusão este Governo nos fornece em quadra natalícia. Ele não só faz milagres como obriga toda a gente. E assim se muda o mundo e a vida da gente.
(Foto)
O Banco de Portugal acusou oito ex-gestores executivos do BCP de práticas de gestão ilícitas. Ora aí está uma vocação oculta que bem pode ser a salvação da instituição. Depois de se perceber que corrige todas as previsões que faz para a economia e que é sempre o último a saber quando há bronca na banca, finalmente o Banco de Portugal encontra uma nova vocação: ser uma espécie de Ministério Público do PS. Uma espécie de. Assim, especializado em razão dos destinatários. Para bancos. Um luxo. Pronto, já cá não está quem falou...
Salvar o BPP é um mal necessário. Necessário para quem, pergunto eu?
Ainda esta semana a revista Única do Expresso trazia a publicidade do Banco Privado Português, logo nas páginas iniciais. A qual não deve ser nada barata. Imaginativa era: ao longo de semanas a fio várias personalidades, mais ou menos conhecidas, das mundanidades à política, desfilaram pela publicidade do BPP com textos próprios com a sua teoria e relação com o dinheiro. Nem Manuel Alegre escapou a este pendor filosófico e poético da instituição. Alguns dos textos eram até bem interessantes. Ignoro se essas pessoas foram pagas ou confiaram as suas poupanças ao BPP. Sei, sim, que se trata de um banco quase irrelevante, cuja importância não justifica a intervenção do Estado nos termos em que o Governo a gizou. Será que existe algum dado que a justifique e que não seja perceptível a olho nu? Merece aplauso esta iniciativa do PSD, que além do mais tem a habilidade, para o PSD, de aliviar os holofotes sobre a sua militância no BPN. Teixeira dos Santos deve explicações e, de preferencia, sem as vacuidades do costume e que fizeram dele para o Finantial Times o pior ministro das Finanças de 19 dos 27 Estados da União Europeia.
Os socialistas acusaram os liberais de se refugiarem no Estado assim que rebentou a crise. Julgo que chegou a hora de dizer que nunca pensei ver os socialistas satisfeitos com o funcionamento do mercado, a propósito das dificuldades do BPP.
Cavaco Silva não pode exonerar por sua própria iniciativa os membros do Conselho de Estado. Resta a possibilidade de Dias Loureiro sair pelo próprio pé. Um problema que promete arrastar-se e que não é salutar para Cavaco Silva. Acrescente-se que os membros do Conselho não podem ser peritos, testemunhas ou declarantes em processos judiciais sem autorização do Conselho.
Tanta insistência não prenuncia nada de bom. Por mim não tive nem tenho qualquer coisa a apontar a Cavaco Silva relativamente ao BPN, pelo que desejo que o Presidente se concentre exclusivamente no exercício das suas funções constitucionais. Estar a falar todos os dias deste assunto revela um incómodo e quando há incómodo é porque algo se passa. De uma coisa Cavaco Silva não pode livrar-se: é do cavaquismo e do cortejo de malfeitorias a que o país assistiu durante dez anos. Se o problema é esse, basta chamar Dias Loureiro ao gabinete e resolver o problema do Conselheiro. Se não é sse, não sei que diga.
Pode um Presidente da República que tem um depósito num banco assinar o Decreto de nacionalização desse Banco? Há quem não tenha dúvidas.
"Questionado sobre se sabe quem são os principais contribuintes da sua candidatura, Cavaco Silva respondeu: "Não sei. Todos os dias pessoas vão às sedes de candidatura e dizem que querem ajudar", afirmou." Isto passpou-se em 5 de Janeiro de 2006. Admito que Cavaco Silva ignorasse a identidade da maioria das pessoas que contribuíram financeiramente para a sua campanha, mas que ignorasse os principais, custa a crer. Pode ser esta uma hipotética explicação para o comunicado desta tarde. Mais vale prevenir...
(via Farpas da Madeira)
O Presidente da República, Cavaco Silva, emitiu hoje um comunicado onde condena as tentativas de associar o seu nome à situação do Banco Português de Negócios (BPN). Este comunicado constitui uma verdadeira surpresa. Nunca ninguém, que eu tivesse dado conta associou o nome ou a vida do Presidente da República ao caso. Mas prova uma necessidade política. E essa pode resultar do comportamento de muitos dos seus ministros e secretários de Estado, um dos quais, ministro, nem se coibiu despudoradamente de invocar na televisão uma amizade de 23 anos com o Presidente, comno se isso fosse um escudo, uma garantia, uma protecção. De facto, o cavaquismo foi um milhão de vezes pior que o próprio Cavaco. Se a Casa Pia ensombrou a legislatura Barroso-Sampaio, o BPN ensmbrará a legistalatura Sócrates-Cavaco. Comunicados destes provam-no. Aguarda-se a todo o momento que Sócrates diga alguma coisa sobre, já que também tem um livro à venda sobre a sua vida apresentado pela mesma pessoa que motiva o comunicado de Belém.
O PS vai apoiar o inquérito parlamentar sobre o BPN, mesmo sabendo que correm procedimentos criminais com o mesmo objecto. O PS está nitidamente aflito. Não aceitou o menos, ouvir Manuel Dias Loureiro com o argumento que havia procedimento criminal em curso. Agora aceita o mais, sabendo que correm exactamente os mesmos procedimentos criminais. Estes zigue-zagues demonstram apenas que o PS não sabe o que fazer sobre o assunto. E o interessante seria saber o porquê de tanta camabalhota.
(publicado no Camara de Comuns)
Na edição de amanhã do Expresso António Marta desmente a afirmação de Dias Loureiro segundo a qual este teria ido ter com ele em 2002 a pedir vigilância sobre o BPN. Acho melhor Judite de Sousa marcar nova edição da Grande Entrevista com Dias Loureiro para amanhã.
O ex-administrador do BPN José Oliveira e Costa vai ficar em prisão preventiva, por decisão do Tribunal Central de Instrução Criminal, em Lisboa. Se há uns meses atrás informássemos um português que um dia haveria um banqueiro português preso pelas autoridades, seríamos corridos de ingénuos e, no limite, de tontos. Ouviríamos que cá nunca acontece nada, mais o chorrilho de frases de táxi, como lhes chamo, onde se proclamam verdades universais absolutas sobre a triste sina da Pátria. Convenhamos: se até Queiroz consegue enganar os mesmos mais do que uma vez, por que raio não hão-de acontecer outras coisas?
José Oliveira e Costa é ouvido no Tribunal Central de Instrução Criminal. Manuel Dias Loureiro é ouvido hoje na Grande Entrevista, de Judite de Sousa. A cada qual o seu tribunal...
Vai ser curioso ver que bancos vão pedir as garantias ao Estado para os seus empréstimos e quais vão ter essas garantias.
"Ou muito me engano ou vão sobrar estilhaços e danos colaterais do combate "à bomba". Não vai ser um espectáculo dignificante, cheira-me.". Escrevi isto aqui. Hoje, leio isto: "Tive a demissão de membros da minha comissão política nacional porque eram accionistas de referência do BPN e tinham medo que a supervisão bancária fosse tocar nos interesses, por ventura, de instituições financeiras que não estavam a funcionar de acordo com os padrões de transparência do Estado de Direito”, disse ainda. O antigo líder social-democrata recordou também que, nessa altura, foi alvo de “criticas ameaçadoras”, algumas das quais de “alguns ex-ministros que não queriam que avançasse a fiscalização à supervisão bancária”. Hoje, repito a mesma frase: "Ou muito me engano ou vão sobrar estilhaços e danos colaterais do combate "à bomba". Não vai ser um espectáculo dignificante, cheira-me.". O regime está podre.
O PS, diz o Diário de Notícias de hoje, impediu a audiência pedida por Dias Loureiro aos deputados para tratar do caso do BPN. O PS cheira a medo. O PS está com medo de quê?
Vai tempo em que não existia país digno desse nome sem um banco central. Ele servia sobretudo para emitir a moeda nacional. Hoje, o nosso vetusto banco central, perdido que está o monopólio da emissão de moeda, transferido para o Banco Central Europeu nas andanças da União de Maastricht, ocupa-se essencialmente de duas coisas: estudos macroeconómicos onde se incluem previsões sobre a evolução da economia que a realidade desmente sistematicamente e a chamada e tão invocada regulação e supervisão do sistema bancário.
Em síntese, o estado da arte é este: o Banco de Portugal já não emite moeda, faz estudos que de pouco servem e chega sempre atrasado aos problemas dos bancos. Para que serve então o Banco de Portugal? Eu sei: para ter um anafado Gabinete de Estudos onde o bloco central deposita os seus destroços políticos.
Alguém dará pela falta dele?
(publicado na edição de hoje do Democracia Liberal)
Ouvia ontem um comentador de economia encartado dizer que tinha tido um processo em tribunal no valor de cinco milhões por ter escrito um artigo a apontar irregularidades no BPN. Ou seja, a puxar pelo curriculo do "eu bem avisei". O mesmo comentador desancou-me há uns anos, numa crónica radiofónica, por eu ter apontado irregularidades na aquisição, precisamente, de uma outra instituição bancária. Certamente que o mesmo comentador estaria a par da torrente de processos com que eu fui ameaçado, numa clássica manobra de intimidação, que, garantiam as fontes clássicas, me daria que fazer para o resto da vida. A vida, justamente a vida, dá muitas voltas. E ainda vai dar mais. Na altura, apontar um dedo a um banco era quase um crime de lesa economia. Hoje, é uma moda. Haja paciência para estes jornalismos de ocasião. Quanto ao comentador, por mim, está desculpado. Quanto aos processos, nunca fui citado.
efemérides(867)
borda d'água(850)
blogues(777)
josé sócrates(537)
ps(339)
psd(221)
cavaco silva(199)
pessoal(182)
justiça(180)
educação(150)
comunicação social(139)
política(137)
cds(126)
crise(121)
desporto(120)
cml(116)
futebol(111)
homónimos(110)
benfica(109)
governo(106)
união europeia(105)
corrupção(96)
pcp(93)
direito(71)
nova democracia(70)
economia(68)
estado(66)
portugal(66)
livros(62)
aborto(60)
aveiro(60)
ota(59)
impostos(58)
bancos(55)
madeira(51)
tomar(49)
europeias 2009(47)
autárquicas 2009(45)
pessoas(45)
tabaco(44)
paulo portas(43)
sindicatos(41)
despesa pública(40)
criminalidade(38)
eua(38)
santana lopes(38)
debate mensal(37)
lisboa(35)
tvnet(35)
farc(33)
mário lino(33)
manuel monteiro(32)
marques mendes(30)
polícias(30)
bloco central(29)
autarquias(28)
vital moreira(28)
sociedade(27)
terrorismo(27)
antónio costa(26)
durão barroso(25)
homossexuais(25)
irlanda(25)
esquerda(24)
f. c. porto(24)
manuel alegre(24)
desemprego(23)
direita(23)
natal(23)
referendo(23)
apito dourado(22)
recordar é viver(22)
combustíveis(21)
música(21)
pinto monteiro(21)
bcp(20)
constituição(20)
liberdade(20)
saúde(19)
cia(18)
luís amado(18)