Hoje talvez seja um bom dia para dizer isto. Há muito, muito tempo mesmo, que se conversa nos bastidores sobre o curso do actual Primeiro-Ministro. Entretanto, um
blogger chamado
António Balbino Caldeira, decide na sua qualidade de
cidadão e ao abrigo das
Leis da República, tirar a coisa a limpo. Durante meses a fio ninguém
lhe ligou nenhuma, embora falassem dele nos bastidores. Nem sequer os intelectuais
blogueiros de
main stream que hoje criticam os jornais por não terem ligado ao
António, devido a um suposto complexo de inferioridade não resolvido para com os blogues.
Até que um dia o Público decide pegar no assunto. E Sócrates vê o seu estado de graça transformar-se num ápice num estado de desgraça. Porquê? Porque nada do que consta dos variadíssimos documentos que contêm a descrição das habilitações académicas do Primeiro-Ministro bate certo. Da Universidade ao Parlamento. O assunto proibido, supostamente tratado por um
louco dos blogues (em Portugal existe, para quem não sabe, uma velha técnica dos guardiões do sistema para tentar desacreditar as pessoas inconvenientes que têm a mania de fazer perguntas que mais ninguém faz sobre pessoas que supostamente serão incapazes de cometer um deslize, quanto mais uma ilegalidade ou uma fraude - também já provei desse fel) saltou para a agenda mediática.
Sinceramente, eu estava a estranhar que o
António continuasse sossegadamente a tratar o assunto, aliás, de forma consistente e formalmente inatacável, como até aqui, sem um sinal, uma reacção, uma arruaça, uma intimidação, um ataque. E estranhei bem. O ataque, finalmente, chegou. E, confesso, que chegou de
onde menos eu esperava. Chegou através de
um socialista reputado na sua terra, prestigiado profissionalmente e uma esperança do seu partido, o PS, claro, para reconquistar uma
Camara Municipal entretanto perdida para a coligação PSD/CDS. O socialista chama-se
Raul Ventura Martins e tem um blogue chamado
Margem Esquerda, de que sou regular leitor e que se encontra devidamente
linkado aqui no Tomar Partido.
O
ataque é tão despropositado, tão inútil, tão deslocado, tão gratuito, tão inconsequente, tão inócuo, tão medíocre, que merece referência, correndo embora o risco de dar publicidade a uma prosa que não a merece. Mas nos tempos que correm é imperativo cívico denunciar todas as represálias e retaliações inflingidas a quem, num contexto de maioria absoluta monopartidária do PS, se mete com o PS. Sendo certo que desta vez, estamos perante uma mera
tentativa de "dar" em alguém. Não, felizmente (ainda?...) perante a consumação de uma tareia. Mas, por este andar, qualquer dia, o caldo entorna-se mesmo...