Terça-feira, 29.04.08

A propósito do referendo sobre o Tratado de Lisboa na Irlanda, a Comissão do Referendo vai enviar para casa dos eleitores dois milhões de exemplares do Tratado para que todos possam lê-lo e votar sabendo o que está em causa. Trata-se, evidentemente, de uma bizarria irlandesa. Por cá, temos sim um amplo debate público como se tem visto, ouvido e lido e uma ideia destas mereceria certamente uma objecção orçamental de Teixeira dos Santos. Os opinantes encartados objectariam que o povo não lê jornais, quanto mais Tratados e que o texto é complicado demais para ser entendido pelo comum dos mortais. Deve ser por estas e outras que Cavaco Silva argumentava em 1992 que um referendo sai caro. Gastar quase 6 milhões de euros num referendo seria de facto um luxo democrático. Por estes dias, sinto-me mesmo irlandês.



publicado por Jorge Ferreira às 12:01 | link do post | comentar | ver comentários (2)

Na Irlanda, pelos vistos o único Estado da União Europeia que vai realizar um referendo ao Tratado de Lisboa, por adequada imposição constitucional, 31% das intenções de voto apontam para um "não" no referendo marcado para 12 de Junho. Há dois meses, a oposição ao tratado era apenas de 24 por cento; a percentagem de indecisos aumentou um ponto. A oposição ao Tratado na Irlanda cresceu substancialmente nas últimas semanas, provocando pela primeira vez um risco real de voto negativo no referendo para a sua ratificação. A última sondagem publicada no domingo no jornal irlandês Sunday Business Post diz que o número de opositores ao Tratado cresceu sete pontos desde há dois meses, para atingir 31 por cento das intenções de voto. Pelo contrário, a proporção dos que contam votar a favor caiu oito pontos, para 35 por cento, enquanto os indecisos cresceram um ponto, para 34 por cento. E se? ...



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Quinta-feira, 24.04.08

A Assembleia da República aprovou esta semana o Tratado de Lisboa. Depois de todos os partidos terem prometido um referendo, a verdade é que negaram aos portugueses o direito de se pronunciar directamente sobre o Tratado. Não é por não ser a primeira vez que deixa de ser uma vergonha.

 

O Tratado em si retira mais uma suculenta fatia de soberania ao Estado. E consolida uma Europa dos grandes Estados, subordinando os Estados mais pequenos à sua vontade e aos seus interesses.

 

Os portugueses continuam a ser tratados como capachos da vontade de um punhado de dirigentes submetidos a interesses estrangeiros, fazendo-o sem legitimidade, pondo assim em causa o mecanismo da representação política democrática.

(publicado na edição de hoje do Democracia Liberal)



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Está armado o 31 de que vos falei há dias. O Medo do Voto.


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Quarta-feira, 23.04.08

José Sócrates abriu hoje a sessão plenária que ratificará o Tratado de Lisboa na Assembleia da República, vincando que existe “um grande consenso político e social em torno do Tratado de Lisboa”. Engraçado. Com que máquina calculadora é que o Primeiro-Ministro chegou a esta conclusão? Mas qual consenso? Isso ficar-se-ia a saber se houvesse referendo. Mas Sócrates violou a sua promessa eleitoral e "baldou-se" ao referendo prometido em campanha e no Programa do Governo. Consenso sobre o Tratado apenas existe nas direcções do PS, do PSD e do CDS. Esse consenso é muito diferente de um consenso nacional. Fique lá com as passadeiras, com os holofotes e com a vida porreira de Bruxelas, mas, ao menos por decoro, abstenha-se de propaganda barata, especialmente chocante quando, como é o caso, é feita à custa da falta de respeito pelos compromissos assumidos com os portugueses.



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Sexta-feira, 14.03.08
"Le premier ministre polonais Donald Tusk a déclaré aujourd'hui à Bruxelles qu'il n'excluait pas en dernier recours de faire ratifier le traité de Lisbonne par référendum, même s'il croit encore possible une ratification au parlement grâce à un compromis avec les conservateurs.Alors que le parlement polonais s'attendait à ratifier ces jours-ci le traité européen, destiné à rénover les institutions de l'UE, Jaroslaw Kaczynski, chef du principal parti d'opposition Droit et Justice (PiS), a menacé de voter contre le projet. Les voix de son parti sont nécessaires pour atteindre la majorité des deux tiers requise pour l'adoption d'un traité."

A Polónia pode vir a fazer um referendo ao Tratado de Lisboa. Ora aí estaria um bom exemplo.

(Foto)


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Segunda-feira, 25.02.08
Pela primeira vez um país da União Europeia, o Chipre, tem um presidente comunista. Chama-se Demetrias Christofias. Estou curioso para ver se as reacções dos restantes líderes dos Estados-membros vão ter o mesmo grau e intensidade que tiveram quando Jorg Haider entrou para o Governo austríaco.


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Sexta-feira, 22.02.08
Esta semana ficou à vista por que razão não pode existir o referendo ao Tratado de Lisboa. Com a reacção das potências europeias à independência do Kosovo ficou bem à vista que nenhum tratado muda a realidade, mesmo que o discurso romântico invente uma União que só existe quando interessa. As potências europeias decidem o que entendem quando entendem, de acordo com os seus superiores interesses soberanos. Os outros assistem ou vão atrás. Sempre assim foi e sempre assim será, mesmo que disfarcem esse unilateralismo através de votações por maioria qualificada no Conselho da União.

Existem muitos precedentes de declarações unilaterais da independência na Europa. Estónia, Letónia, Lituânia, Eslovénia, Croácia, Bósnia-Herzegovina, são apenas alguns. A diferença é que nenhum destes novos países declarou a independência como protectorados ou da ONU ou da União Europeia.

Não foi assim com o Kosovo. A independência deste novo país é fictícia. E a Europa tolera mal as ficções. O Kosovo é actualmente um país sob supervisão internacional, no palavreado da ONU e na prática das potências europeias. Se juntarmos à ficção da independência a compreensível irritação da Sérvia onde já não está o tenebroso Milosevic e da Rússia, onde já não está o dócil Ieltsin, temos o cenário perfeito para mais uma história interminável que não promete nada de bom.

As independências dos Estados nasceram sempre de duas coisas: da vontade um povo, somada à vontade de uns Estados competirem contra os outros. No caso do Kosovo, talvez a segunda tenha sido mais importante que a primeira. Talvez alguns Estados tenham estimulado demais o povo, animados da concorrência geo-política com a Rússia. Só que Putin não é Ieltsin, nem a Rússia actual é a CEI.

Parar uma guerra, fazer intervenções humanitárias? Nada a opôr. Mas partir daí para alterar de sopetão equilíbrios geo-estratégicos que não nos dizem directo respeito é perigoso e temerário. Até porque as piores consequências da temeridade nos poderão cair em cima.

Mas esta é a Europa verdadeira que o discurso oficial dos Jerónimos oculta aos cidadãos, mas que se revela em todos os momentos de tensão. Como cidadão português gostava muito de saber qual a posição do Governo sobre este assunto, independentemente do momento que escolher para a pôr em prática. Como é óbvio, para usar o léxico em vigor nas Necessidades, fica para depois.

(publicado na edição de hoje do Semanário)
(Bandeira do Estado supervisionado)


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Quinta-feira, 21.02.08
Teme-se o pior:
«uma humanidade sem fronteiras», «sonho de uma justiça global», «um direito cosmopolita entranha a história da União Europeia», «vontade moral que se instalou nas instituições e transformou os velhos paradigmas da política», «a razão como critério», «a soberania dos direitos, em vez da soberania das fronteiras», «marcha para uma democracia de larga escala», «[o Tratado de Lisboa] quebrou a hegemonia legislativa da Europa dos Governos», «mais política e menos burocracia», «uma Europa pós-nacional está já a nascer», «Babel construirá a sua torre».
Assunção Esteves, eurodeputada do PSD, sobre o Tratado de Lisboa (via Origem das Espécies)


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Sexta-feira, 11.01.08
Os Estados da União Europeia são actualmente governados, não por líderes políticos, mas por uma estirpe particularmente nociva de duplos. Desculpam-se em Bruxelas com o voto interno. Desculpam-se nos seus países com Bruxelas. A função interna da União Europeia é servir de álibi. De álibi manhoso, mas álibi. Aliás, a vida da União é cada vez mais incompatível com a democracia dos seus Estados.

José Sócrates não cumpre o que prometeu em Portugal para ser Primeiro-Ministro, porque os outros países europeus decidiram pela ratificação parlamentar. Se pelo menos “um terço” deles (porquê um terço? Porquê não ter anunciado o critério do terço antes? Porquê insistir em fazer dos portugueses parvóides acéfalos?) tivesse optado pelo referendo, o nosso Governo, uma nova espécie de “Maria vai com as outras”, também o faria.

Isto é o mesmo que dizer aos portugueses: “Vocês só servem para me eleger, de resto contam nada”. O que estes duplos mascarados de líderes mereciam era uma abstenção de 60 ou 70% nas próximas eleições. E não só por esta razão.

Porque o descrédito já têm, no seu garboso e brilhante curriculum.


(publicado na edição de hoje do Democracia Liberal)


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Segunda-feira, 07.01.08
"O primeiro-ministro da Eslovénia e presidente em exercício da União Europeia, Janez Jansa, aconselhou hoje Portugal a ratificar o Tratado de Lisboa por via parlamentar e não por referendo. ", leio no Diário Digital. Desde logo cabe esclarecer o Senhor jornalista que a União Europeia não tem Presidente. O Sr. Janez Jansa é Presidente do Conselho da União e não da União. Depois cumpre recomendar vivamente ao esloveno que se meta na sua vidinha e deixe de dar palpites sobre a vida interna dos Estados. Ninguém lhe encomendou sermão. Cada Estado é maior e vacinado e dispensa bem os conselhos de tão atentos, venerandos, obrigados e obedientes conselheiros.


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Sexta-feira, 21.12.07
Uma vez que Belmiro de Azevedo decretou que estamos tratados, isto é, que não vale a pena mexer mais no assunto do novo “Tratado Complicado”, porque está tudo “decidido”, confirmado que está que o CDS é o terceiro pilar federalista do sistema partidário português, pois decidiu que vota sim ao “Tratado Complicado”, da mesma forma que no Governo tinha apoiado a Constituição europeia agora reeditada com novo papel de embrulho, é melhor falar de educação.

Não sei por que raio de sortilégio me surgiu esta associação de ideias, mas surgiu. Talvez por se ter sabido esta semana que mais de 120.000 alunos chumbaram no ensino básico, isto, naturalmente sem contar com os que transitaram através de um Despacho ministerial que manda passar os alunos que não tendo notas para o fazer, se considera que no ano seguinte poderão vir a ter. É um despacho ministerial que tem o óbvio propósito de engordar artificialmente as estatísticas do sucesso educativo, que o PS gosta tanto de exibir, como se as pessoas fossem apenas números.

No fundo temos é um grande Governo, cheio de rasgo e de estratégia. Apesar de o Primeiro-Ministro ser um provinciano, como ele próprio reconhece (aqui para nós, o “pessoal” por cá já tinha essa suspeita…), isto está tudo muito bem pensado. Os 120.000 alunos que não passaram no ensino básico são a matéria-prima de que se alimenta o programa das Novas Oportunidades. O que seria deste programa se passassem todos? No fundo, o sucesso está garantido. O sucesso ou acontece no ensino básico ou acontece no programa.

Mais uma vez, seja por onde fôr, estamos tratados. O Governo trata de tudo. Só é pena que estejamos todos cada vez mais mais pobres. De 1995 para cá, com cerca de dez anos de PS no Governo, com a pontual mas prestimosa ajuda do CDS e do PSD, o PIB vai perdendo terreno, o poder de compra vai perdendo terreno, o desemprego vai aumentando, os impostos vão aumentando e o país, em geral, empobrecendo. Mas lá está. O salário mínimo garantido vai ter um aumento verdadeiramente socialista, isto é, à grande. Mais uma vez o Governo trata de nós. Os indicadores descem, mas o ordenado sobe.

Tudo isto é crueza a mais para a quadra natalícia, bem sei. O que salva isto é a lei do tabaco e a ASAE. No fundo, muito lá no fundo, somos um país moderno. Cheios de vídeo-vigilância e só com partidos grandes, empanturrados de militantes. O resto não conta. Ou melhor só conta para os não provincianos. Uns chatos, é o que é. Afinal de contas, estamos tratados, o que poderíamos ambicionar mais?
(publicado na edição de hoje do Semanário)


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Sexta-feira, 14.12.07
Ontem em Lisboa morreu a Europa sonhada e projectada pelos chamados pais fundadores das Comunidades Europeias. De Gasperi, Schuman e outros perceberam muito bem logo a seguir à II Guerra Mundial que só poderia haver paz duradoura na Europa se os Estados compreendessem os interesses divergentes uns dos outros e fossem tratados em plano de igualdade ao menos formal.

Se bem o perceberam, melhor o fizeram. A nova realidade europeia começou pelo carvão e pelo aço, interesses fundamentais da Alemanha e da França e os tratados consagraram a igualdade dos Estados independentemente do tamanho da terra ou da quantidade das pessoas existentes em cada Estado.

Em Maastricht começou o funeral desse sonho. Foi aí que os Estados começaram a valer nos Tratados mais do que outros. Foi aí que os políticos europeus começaram a construir uma coisa que só existe na cabeça deles, mas não na vida real dos países europeus. Não há nação europeia, não há povo europeu, mas há cada vez mais Estado europeu. E deu problemas. Aliás, continua a dar. Não ver isso é fazer de conta, é viver num mundo completamente divorciado da vida quotidiana dos cidadãos dos Estados.

Ontem em Lisboa, rezou-se a missa do funeral do projecto europeu original e bom, que se começou sabiamente a construir na década de cinquenta e deitou-se o caixão à terra, com pazadas de canetas de prata.

O Tratado que alguns chamam de simplificador, mas que na verdade é mais um tratado complicador, não passa de uma versão travestida da Constituição europeia, derrotada em referendo na Holanda e na França, com outro papel de embrulho e um laçarote de cor diferente. É Giscard d’Estaing e muitos outros políticos intelectualmente honestos que o reconhecem.

Com ele, não é a Europa dos cidadãos, mas sim a Europa federal que avança.

Os 27 estão literalmente transidos de medo político em referendar este Tratado, porque sabem muito bem que ele não passa no voto dos cidadãos dos Estados. E não passa porque esta Europa que alguns iluminados em estado de transe político estão a construir não tem nada a ver com a vontade dos povos. Por isso estão a fazer batota e a preparar o terreno para trair as mais solenes promessas eleitorais de referendar o Tratado.

No Parlamento Europeu, esta semana, Sócrates foi vaiado. Mas a vaia não era só para ele. Era para todos os políticos oportunistas que estão à frente dos 27 Estados da União. Para esquecer este momento negro da Presidência, Sócrates mandou servir um Porto de 1957 na assinatura do Tratado, em Lisboa. Não beberam certamente à saúde da Europa.
(publicado na edição de hoje do Semanário)


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Quinta-feira, 13.12.07
"Nota: a bandeira esfarrapada que drapejava no cimo do Parque foi arriada; há lá uma nova igual à que me puseram na matrícula do automóvel. Fico assim esclarecido sobre o que é o trato, já não o preciso ler. Porreiro, pá!"
Bic Laranja.


publicado por Jorge Ferreira às 13:59 | link do post | comentar

"Porém, em matéria de referendo, ou seja, da exigência de referendo, convinha que fossem mais claros, dizendo, de uma vez por todas, que não querem a Europa. Mas ainda não vi nenhum com tomates para o fazer."
Eduardo Pitta, no Da Literatura.
A história da Europa nos últimos 50 anos foi feita de avanços e recuos. Mas sempre com os interesses dos Estados como pano de fundo. E assim continuará a ser. Esta afirmação de Eduardo Pitta, à moda de Vital Moreira e do maniqueísta "quem não é por mim..." surpreende-me. Mas ilustra bem, o espírito repugnantemente autista desta Europa. Não: não tenho de ser contra a Europa para para votar contra este Tratado. E, aliás, os portadores da caneta de prata sabem-no bem. E têm medo de o saber. Por isso têm pânico do referendo. porque, no fundo sabem, que os povos não querem esta Europa. Querem outra. Direito que pelos vistos não lhes é concedido pelos democratas da União, sob pena de correrem o risco de lhes chamarem capados. Francamente. Há pessoas de quem não esperam certos argumentos.


publicado por Jorge Ferreira às 12:56 | link do post | comentar

"Porque é que o meu Governo tratou de me fazer chegar um folheto acerca dos contornos da lei anti-tabagista e não procedeu de igual forma relativamente ao Tratado de Lisboa que vai assinar nas nossas costas?"
Charquinho.


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Quarta-feira, 12.12.07
Giscard d'Estaing explica bem como o Tratado Complicado que vai ser assinado amanhã em Lisboa é a Constituição derrotada pelos referendos francês e holandês, mas em versão pintura abstracta.


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Aqui. "Eu quero um referndo sobre o Tratado. Qual Tratado? Sobre o Tratado Complicador.


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Terça-feira, 11.12.07
Sérgio Sousa Pinto está a fazer o papel de António Guterres no Prós. O outrora deputado fracturante que fez a vida negra a Guterres sem maioria absoluta entre 1995 e 1999 está convertido à Fé do sistema. Quem o viu e quem o vê. Miguel Portas parece que acabou de correr a maratona de cada vez que intervém no Contras. Ora, não me parece bem que os defensores do referendo ao Tratado Complicado dêem uma imagem de tamanho cansaço. Está lá um secretário de Estado, no Prós, com um discurso tão vazio e não-significante como o do chefe. Teixeira dos Santos deve ter tido compromissos para esta noite. O resto e o resto não é pouco, no Contras, está Pacheco Pereira. Sobre a Europa só esquece um pormenor: o pecado original está em Maastricht, onde se fabricou tudo o que está a acontecer. Mas aí votou a favor. Foi pena.


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Quarta-feira, 28.11.07
Assim de sub-desenvolve e se sub-qualifica um país. Mas ninguém liga. O que só prova uma coisa: muitos comeram...


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Sábado, 27.10.07
Vital Moreira é um tratado. Agora diz que o novo tratado europeu não contém 90% da Constituição europeia pela simples razão de que não funde os tratados anteriores num só, como sucedia com aquela, mas que apenas altera os tratados anteriores. Ou seja, a diferença está nos fascículos.


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Sexta-feira, 26.10.07
Os Estados-membros da União Europeia fecharam na semana passada uma negociação sobre um novo Tratado para reger a vida desta organização internacional. Foram Estados independentes que o negociaram. Uma negociação pressupõe uma composição de interesses. De interesses nacionais que dizem obviamente e em primeira instância respeito aos respectivos Estados.
Durante esta negociação fomos tendo notícia de várias reivindicações de países como a Itália, a Espanha, a Polónia, o Reino Unido, a França e outros. Mas não tivemos notícia de nenhuma posição, nenhuma opinião, nenhuma reivindicação do Estado português. Sucede que os contribuintes pagam uma diplomacia do seu bolso para que esta defenda os interesses portugueses e não os interesses de outros Estados, que naturalmente providenciaram a sua diplomacia própria.
Ora, perguntamos então: o que estiveram a fazer os diplomatas portugueses nestes meses todos e, em última e derradeira instância quem esteve José Sócrates a representar nesta negociação? Bem sei que o Governo teve de desempenhar as funções de Presidente do Conselho de Ministros da União Europeia nestes meses. Mas não deixou de ser o Governo de Portugal. Ou deixou?
O facto é que Portugal parece ter-se comportado como um mero escriturário de um guião alemão para realizar o filme “Constituição Europeia II”, fita que se pretende estrear em todos os países da União em 2009. Com um truque: 90% do filme é exactamente igual ao seu antecessor “Constituição Europeia I”, o que é uma fraude a quem comprar bilhete para ir ao cinema.
O Governo deve explicações aos portugueses sobre assuntos tão enxutos como estes: que posições próprias defendemos nas negociações sobre os poderes das instituições comunitárias? E sobre o problema das votações por maioria qualificada e das matérias novas que a elas passam a estar sujeitas? E sobre a composição da Comissão? E sobre a política externa da União? E sobre a composição do Parlamento Europeu? E sobre outras matérias que me escapem? Ou, pura e simplesmente o Governo de Portugal não defendeu nenhuma posição própria limitando-se a aceitar acrítica, atenta, veneranda e obrigadamente as posições de outros?
Este Tratado, ao contrário do que afirmaram os seus negociadores, com o deslumbrado José Sócrates à cabeça, não é um Tratado histórico. É um Tratado em larga medida dispensável, que onde inova criará novos e sérios problemas (já se vê o conflito entre o futuro presidente permanente e o presidente da Comissão Europeia), que prejudica gravemente os interesses de Portugal e que não resolve nenhum dos problemas críticos da União Europeia: a estagnação social e económica, o afastamento das populações, o défice de legitimidade e de democracia.
Quanto a nós, se me permitirem, para mim, Portugal está primeiro, Portugal perdeu em toda a linha. Perdeu deputados europeus, perdeu o direito automático a um comissário europeu, perdeu o direito de acesso á Presidência do Conselho de Ministros por rotatividade, perdeu o seu voto na lógica da inundação de votações por maioria qualificada e perde soberania em matérias onde terá de aceitar que lhe imponham mais decisões ainda do que hoje em domínios até agora decididos por unanimidade.
Então, perguntar-se-á a razão de tanta felicidade nos rostos de Sócrates e de Barroso. É simples. Para as suas carreiras pessoais o resultado da CIG não podia ter sido melhor. Mas, salvo o devido respeito e melhor opinião, os interesses de Portugal sobrepõem-se aos interesses dos destinos políticos de ambos. Ou não?
(publicado na edição de hoje do Semanário)


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Terça-feira, 23.10.07
«Quero dizer a todos aqueles que têm dúvidas sobre o Tratado e sobre a capacidade da Europa: por favor, acordem para a realidade! O Mundo já disse qual foi a sua conclusão sobre o Tratado: a Europa ficou mais forte», disse José Sócrates. Senhor Primeiro-Ministro: pode indicar-me por favor onde fica o guichet do Mundo e já agora se tem delegação em Lisboa e quem é o seu porta-voz? O pior sintoma da degenerescência política é o deslumbramento. Estava eu para aqui a coleccionar discordâncias do Tratado e eis que, brutal, a verdade me é revelada: estou, afinal, a dormir. Pior: tenho o Mundo contra mim, porque parece está toda acordada e só eu durmo. Quanto não vale ter um José Sócrates perto de nós para nos lembrar que estamos em sonolência...


publicado por Jorge Ferreira às 14:32 | link do post | comentar | ver comentários (2)

Domingo, 21.10.07
"O desastre de Lisboa ficará na história porque aqui se assinou um tratado que consagrou a não democracia como regime europeu e consolidou a burocracia e a nomenclatura europeias". António Barreto, no Público de hoje.


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Domingo, 23.09.07
(Mugabe e seus amigos)

O Zimbabué, antiga Rodésia britânica tem uma taxa de inflação de 3700%, uma taxa de desemprego que já chegou aos 80%, a esperança média de vida é de 37 anos e pelo menos três mil pessoas fogem diariamente pela fronteira à miséria. Esta situação deve-se à desvairada reforma agrária de Mugabe, que consistiu em expulsar da terra os proprietários estrangeiros, na maioria britânicos, entregando-a ao Estado. Por cá, basta ver o fime Torre Bela, para se ter uma ideia do assunto. Junte-se ao caldeirão muita repressão política, ausência total de liberdade e o resultado brilhante é um país sem emprego, sem economia, sem sociedade, sem nada, a não ser a palavra absoluta de Mugabe. Ora, este é o homem que pode estar em Lisboa no lugar de Gordon Brown, primeiro-ministro britânico. Já se sabe que a real politik não privilegia sempre o que é bom, mas sim o que "é óbvio e pelas razões conhecidas". Trocar Gordon Brown por Mugabe é escolher a diplomacia óbvia em detrimento dos mínimos de dignidade civilizacional.


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Terça-feira, 04.09.07
Cavaco Silva vai hoje ao Parlamento Europeu dizer que quer uma Europa para todos. O problema é que a Europa não será de todos enquanto tiver medo dos europeus, isto é, enquanto persistir na ilusão que é possível cozinhar tratados eternamente sem ouvir as pessoas. Cavaco Silva é contra o referendo europeu. Sempre foi. Mesmo que tenha dito como disse que como os partidos o prometeram ele tinha de ser feito. Disse-o quando preparava meticulosamente a sua ascensão presidencial. Mas agora anda a fazer de tudo para que não haja o referendo. O que significa que está convencido que a Europa de todos que diz ambicionar pode ser feita só por alguns. Já devia ter aprendido. Mas não.


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Domingo, 22.07.07
"Na semana passada, falando perante o Parlamento Europeu, o antigo presidente francês e da Convenção europeia que preparou o texto da Constituição, Valery Giscard D'Estaing, sublinhou que o «essencial» se mantém no novo Tratado Reformador, mas considerou «ridículas» as supressões feitas para facilitar a sua aprovação, como a eliminação da referência aos símbolos da UE." Por outras palavras: tiraram os bonecos. A história é igual.


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Sexta-feira, 20.07.07
Um projecto de novo Tratado da UE elaborado na sequência do mandato aprovado na cimeira de Bruxelas pelos líderes da União, há um mês, será apresentado segunda-feira em Bruxelas, pela Presidência portuguesa. Não se sabe quais as alterações, quais as soluções, qual a posição portuguesa. O segredo coninua a ser a alma do negócio nesta Europa de cozinhados à porta fechada.


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Quarta-feira, 11.07.07
O presidente da Comissão Europeia, Durão Barroso, afirmou hoje em Estrasburgo que "seria inconcebível" voltar a negociar o mandato que a presidência portuguesa da União Europeia tem para a redacção e aprovação de um novo Tratado. Eu digo que o que é inconcebível é estes eurocratas pensarem que é concebível fazer a Europa avançar a golpes de ameaça e de chantagem sobre os Estados-membros soberanos, como sucedeu com a Polónia na última cimeira de Bruxelas.


publicado por Jorge Ferreira às 15:07 | link do post | comentar | ver comentários (1)

Sexta-feira, 06.07.07
Os gémeos portugueses encontraram finalmente uma divergência. Um dos gémeos quer chamar "Tratado de Lisboa" e o outro gémeo "Tratado de Sintra" ao futuro Tratado a escrever pela Presidência portuguesa do Conselho da União Europeia. Aí está, enfim, assunto pertinente e relevante para suscitar a nossa atenção. O nome da coisa. Assim se entretêm eles.


publicado por Jorge Ferreira às 18:03 | link do post | comentar



(Tirada daqui)

Segundo relatos informais, obviamente não publicados na imprensa ordeira e atarefada, os representantes da Polónia na última cimeira europeia terão sido pressionados, o que é legítimo, mas também ameaçados e mesmo insultados (ao que leio em Pacheco Pereira na edição de ontem desta semana da revista Sábado), com activa participação do Primeiro-Ministro português, no sentido de aceitarem, a bem ou a mal, aquilo que os outros queriam que a Polónia aceitasse. Tal teria sido relatado ao articulista por político polaco presente no arraial.

Claro que os polacos já foram crucificados como os maus europeus, sem que nós saibamos muito bem quais os pontos de vista que defenderam e as posições concretas que tomaram na cimeira. Mas nesta Europa é sempre assim. É tudo segredo. As ideias feitas são passadas à comunicação social para fazerem o seu caminho de propaganda intensiva no sentido de tentar moldar a realidade, mesmo que a realidade faça o seu caminho, surda e indiferente à propaganda. Como, aliás, tem feito.

Por cá, esta semana, todos nós nos descobrimos um pouco polacos, através de um episódio que revela bem a natureza trituradora da concepção dominante nos Governos sobre o modo de fazer as coisas.

Jaime Silva é o actual ministro da Agricultura. Convém recordar que se trata de um típico burocrata bruxelense, imbuído de todo o argumentário oficial sobre as verdades construídas em Bruxelas para vender nos Estados membros. A crer na sua biografia constante do portal do Governo (o que, como se sabe, não constitui garantia de rigor no que toca a biografias de governantes) Jaime Silva já foi Administrador Principal na Direcção Geral Empresas e Indústria (Unidade Indústria Alimentar) da Comissão Europeia, já foi Coordenador das Negociações Comerciais, Bilaterais e Multilaterais no domínio Agro-Industrial, já foi Conselheiro Principal na Representação Permanente de Portugal na União Europeia (Bruxelas) - 2001-2002 e já foi Porta-voz no Comité Especial de Agricultura do Conselho de Ministros da Agricultura, responsável pela coordenação das questões agrícolas e fito-sanitárias.

Esta semana, perante pescadores portugueses que contestavam a política de pescas europeia, o ministro, exuberantemente enfastiado, respondeu-lhes com o argumento final de quem não sabe ou não quer discutir a substância dos problemas e das políticas: "então peçam para sair da União Europeia" e voltou as costas. As imagens são reveladoras: mostram o desprezo do burocrata promovido a representante de uma soberania perante o atrevimento de quem nunca andou pelos corredores da Comissão Europeias, mas sempre deu o coiro e o cabelo a trabalhar duro para ganhar o pão de cada dia. É preciso que se perceba que todos nós, os que ousam discordar da substância das políticas europeias, não passamos de meros polacos para os delegados da Federação em cada reserva nacional.

Assim vai Portugal, assim vai a Europa. Mal. Muito mal.

(publicado na edição de hoje do Semanário)



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Terça-feira, 03.07.07
"A vice-presidente da Comissão Europeia foi hoje ouvida no Parlamento, numa reunião em que apenas estiveram quatro dos 33 deputados da Comissão de Assuntos Europeus. Nenhum deputado do PCP, do CDS-PP, do BE ou dos Verdes esteve na audição. Não havia intérprete disponível e o encontro com Margot Wallström durou meia hora. Depois da saída do presidente da comissão, o socialista Vitalino Canas, por motivos pessoais, ficaram na sala três deputados do PS e uma deputada do PSD.", informa, fresquinha, a Lusa. Por aqui se vê como são meras balelas as retóricas da fiscalização parlamentar da actuação dos orgãos da União Europeia. Isto é literalmente uma vergonha, pense-se o que se pensar da Comissão Europeia.


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Domingo, 01.07.07
Hoje começa a tal Presidência portuguesa do Conselho da União Europeia. Hoje começa a "fase Charlie" do combate aos incêndios. Meras coincidências.


publicado por Jorge Ferreira às 18:37 | link do post | comentar | ver comentários (1)

Sábado, 30.06.07
" ... para além de algumas minudências e teimosias, o Tratado Modificativo ou da Reforma venha buscar a sua inspiração e conteúdo à quase totalidade do Tratado Constitucional. Dir-se-á sempre, gostem ou não os eurocépticos ou os oportunistas, que o Futuro Tratado será um descendente, na linha recta e em primeira criação, do que aparentemente se extinguiu. Não será tão perfeito, tão exigente, coerente e arrojado como o seu antecessor. Nem sequer herdará a sua estética e a emoção que transmitia sobre o destino da Europa. Mas é fiel aos princípios que lhe ensinaram os seus progenitores convencionais em 2003 e aos votos com que o brindaram todos os Estados-Membros da União, em Roma, no Outono de 2004. "
Luís Marinho, no Diário Económico.


publicado por Jorge Ferreira às 18:34 | link do post | comentar

Sexta-feira, 29.06.07
"As grandes inovações do falhado tratado constitucional de 2004 permanecem no novo tratado: personalidade jurídica da UE, alargamento das matérias a decidir por maioria qualificada (em vez da unanimidade), regra da dupla maioria, diminuição da composição da Comissão, ampliação das funções legislativas do Parlamento europeu, reforço da intervenção dos parlamentos nacionais, presidência estável da UE (presidente do Conselho europeu), ministro dos negócios estrangeiros (rebaptizado "alto representante"), força vinculativa da Carta de Direitos Fundamentais da UE.O saldo é portanto positivo."
Vital Moreira.


publicado por Jorge Ferreira às 13:12 | link do post | comentar | ver comentários (1)

"António Vitorino alerta para a “negociação trabalhosa” que vem aí na conferência intergovernamental. E tendo em conta que todos os partidos se comprometiam a referendar o tratado constitucional, Vitorino, que acompanha desde o início do processo constitucional,avisa agora que “o mandato cobre 80%” desse texto. Para bom entendedor, meia palavra basta."
Diário Económico.


publicado por Jorge Ferreira às 13:09 | link do post | comentar

Quinta-feira, 28.06.07
(Rebanho)

A discussão sobre a batota em curso, preparada meticulosamente por Durão Barroso, Cavaco Silva e José Sócrates, de não cumprir a promessa de referendar o próximo tratado europeu, tem desviado as atenções de outro assunto grave.

Em Portugal nenhuma instituição, das que tem responsabilidades, é capaz de mexer um dedo para debater publicamente e com transparência a substância das posições do Estado em matéria europeia. Ninguém sabe o que o Governo defendeu na cimeira de Bruxelas. Ninguém sabe o que defenderá na Conferencia Inter-Governamental de Outubro. Ninguém sabe o que Cavaco Silva defende que se devia fazer no tratado. Ninguém sabe o que o PS, o PSD e o CDS defendem em matéria de revisão de tratados.

José Sócrates fica feliz por ter sido o notário escolhido para o negócio. Os portugueses, esses, são tratados como um rebanho de carneiros, a quem não se deve prestar contas e que se sabe de antemão que não protestarão, salvo uns empedernidos párias que não têm mais nada que fazer senão maçar Suas Excelências com pormenores. Suas Excelências estão a precisar de outro valente susto, já que parece terem esquecido os sustos francês e holandês.


(publicado na edição de hoje do Democracia Liberal)


publicado por Jorge Ferreira às 11:39 | link do post | comentar

Terça-feira, 26.06.07
Primeiro José Sócrates andou pela Europa a exigir um mandato claro para que a Presidência portuguesa do Conselho da União Europeia metesse ombros à escrevinhação de uma segunda versão da Constituição europeia. Segundo, José Sócrates ficou feliz, radiante, impante, com o resultado da cimeira de Bruxelas e aceitou o encargo épico da escrevinhação para a qual exigia mandato claro. Certamente porque o obteve. Terceiro, agora, quando lhe falam da promessa que fez ao país de realizar o referendo diz que primeiro é preciso conhecer o Tratado e só depois ver se vale a pena fazer o referendo. Julgará José Sócrates que somos todos parvos?


publicado por Jorge Ferreira às 01:47 | link do post | comentar | ver comentários (2)

Segunda-feira, 25.06.07
Esta entrada é um tratado. O vigilante intelectual da pureza do socratismo tem o mérito de nos dizer tudo. Esclarece-nos que as conclusões da cimeira de Bruxelas são tão boazinhas que a CIG (Conferencia Inter-Governamental para quem precisa de saber siglas) praticamente é um pró forma. Sendo assim, se está tudo Tratado, não vejo razão para que Cavaco e Sócrates não digam simplesmente ao país que a promessa feita de fazer um referendo é para cumprir. Se não o dizem é porque querem trair a promessa. Essa é que é essa. E já agora: quem estiver falho de argumentos para brilhar nas conferencias e nos colóquios politicamente correctos do sistema, já sabe: amanhã sai a cartilha no Público.


publicado por Jorge Ferreira às 22:35 | link do post | comentar | ver comentários (1)

Este, por exemplo: "Referendo e Negociação", por José Medeiros Ferreira, no Bichos Carpinteiros.


publicado por Jorge Ferreira às 12:58 | link do post | comentar

"O referendo só é um instrumento legítimo e adequado para as questões menores.", Sérgio Sousa Pinto, sobre o referendo ao novo tratdo europeú. Já tinha saudades de ouvir falar do ex-deputado fracturante, agora um deputado conformista, acomodadinho, instaladinho, como se vê. Só para um político menor o referendo deve ser usado para questões menores. O povo, coitado, é meramente decorativo.


publicado por Jorge Ferreira às 12:47 | link do post | comentar | ver comentários (2)

Há quem defenda que ainda é cedo para falar de referendo ao novo tratado que há-de ser. Poderei estar de acordo. Atendendo a que há quem trabalhe de noite, um quarto para a uma da tarde, pode não ser uma boa hora.


publicado por Jorge Ferreira às 12:44 | link do post | comentar

A Comunicação Social em geral continua a dar um execelente contributo para a desinformação dos portugueses, quando insiste que Portugal vai presidir à União Europeia. Ora, a União Europeia não tem Presidente. Portugal vai presidir sim ao Conselho, apenas um dos orgãos da União. Este simplismo revela o pouco rigor com que se tratam certos assuntos.


publicado por Jorge Ferreira às 11:51 | link do post | comentar

Domingo, 24.06.07
Para quem não se conforma com a mega-operação de condicionamento da liberdade dos cidadãos em curso, no sentido de fazer passar a próxima versão da Constituição europeia às ocultas, a salto, numa espécie de contrabando institucional, pode assinar esta petição.



publicado por Jorge Ferreira às 21:53 | link do post | comentar

Sábado, 23.06.07
A bem dizer ninguém sabe o que foi efectivamente negociado na cimeira dos cegos, surdos e mudos. Esta é a Europa do costume. Um segredinho bem guardado. O problema é mesmo a realidade, que despreza olimpicamente as negociatas europatológicas. Preparem-se que a ideia em curso é eliminar os referendos e impôr a mordaça ainda que à força de toneladas de propaganda.


publicado por Jorge Ferreira às 18:19 | link do post | comentar

Sexta-feira, 22.06.07
Aproximam-se seis meses em que os portugueses vão ouvir falar muito de um assunto em que pouco se envolvem e a que pouca atenção dedicam: a Europa. Mas é um daqueles assuntos que é impossível não acompanhar com o maior cuidado. O grande tema da Presidência portuguesa do Conselho da União Europeia ameaça ser a ressurreição da Constituição europeia, sob novos nomes, designações e rótulos para não chamar muito a atenção e não despertar as reacções negativas que derrotaram a famigerada Constituição europeia.

E se o tema ameaça ser esse, então está em discussão o poder. O poder na União, mas também o poder dos Estados e, consequentemente o poder dos cidadãos sobre o seu próprio futuro. Já que alguém meteu na cabeça que a Europa só avança se se continuar a fazer tratados pró-federalistas periodicamente, então é necessário fiscalizar as manobras de negociação em curso. Acresce que os Governos portugueses têm por péssima tradição não apresentar com clareza e transparência ao país as ideias que defendem nestes momentos sobre os tratados e as questões que vão negociar com os Estados.

Neste momento, assiste-se, pois, a um filme repetido. O filme do europês oculto.

Nas vésperas da Presidência portuguesa, de novo os Senhores da Europa tratam de cozinhar uma ementa a que chamarão de tratadinho, em que nos tentarão convencer de que nada de importante se alterou, para evitar as maçadas e as humilhações dos referendos. Mas a verdade é que o tratadinho consagrará o núcleo duro das medidas polémicas, das transferências de soberania, das regras que assegurarão a supremacia dos grandes, que tornarão mais fáceis as decisões subtraídas à maioria dos Estados. Tudo bem embrulhado em hinos da alegria, em coros, em coros, em fotos de família arruinada, escondendo o monstro burocrático que tudo vigia e controla.


Por ironia do destino caberá a Portugal, uma das principais vítimas dos lunáticos federalistas, o papel de notário do embuste.


Mas nada disto resolve o problema de fundo, ou seja, as razões pelas quais à ostentação mediática não corresponde depois o interesse e o apoio dos cidadãos. E este desinteresse, alheamento e oposição deve-se ao facto de a União Europeia insistir em trilhar um caminho que não tem em conta a realidade dos nossos dias, não tem em conta a vontade dos povos e se baseia num modelo que não corresponde às necessidades criadas pelos novos problemas com que as sociedades estão confrontadas. Enquanto na União não se perceber isto, os filmes que estarão em exibição não passarão de repetições com cada vez menos espectadores na sala.


(publicado na edição de hoje do Semanário)


publicado por Jorge Ferreira às 00:05 | link do post | comentar | ver comentários (1)

Quinta-feira, 21.06.07
(El Pais)
(Via Dolo Eventual)


publicado por Jorge Ferreira às 20:57 | link do post | comentar

Sábado, 02.06.07
"Portugal, muito mais do que imagina. Um país onde a História se confunde com o presente, no Património, na Arquitectura e nas Artes. Uma terra de gente sábia, alegre e aventureira. Gente que arrisca a ir sempre mais longe. Fazer sempre melhor. Terra de poetas e desportistas, músicos e cientistas, actores e marinheiros. Um país que consegue olhar o futuro sem perder as tradições. Bem-vindo a Portugal, um país onde tudo é muito mais do que imagina.". Este é o texto de boas vindas no portal da Presidencia portuguesa da União Europeia (nunca é demais referir que à designação jornalítica não corresponde o Direito comunitário vigente, já que a União não tem Presidência, mas apenas o Conselho da União Europeia). Este textinho revela bem a visão politicamente correcta da realidade do país. António Ferro e o SNI faziam apesar de tudo, muito melhor. Numa coisa estou de acordo: em Portugal é tudo muito mais do que se imagina. Sobretudo o provincianismo bacoco.


publicado por Jorge Ferreira às 14:48 | link do post | comentar

Sábado, 12.05.07
(A Europa de Barroso)

Os chefes insignificantes desta Europa em que vivemos vieram hoje a Sintra e um deles, por sinal um português que trocou os compromissos assumidos com o país pelas suas conveniências pessoais (deve entender-se muito bem com Sócrates!) comunicou ao mundo que o próximo tratado não será minimalista nem maximalista. Primeiro: não tem de haver novo tratado. Esta é uma obsessão de alguns que nada tem a ver com as necessidades e as ambições dos povos dos Estados-membros. Segundo: a haver novo tratado, ele deveria consistir na renacionalização de algumas políticas e não na continuação do caminho para o federalismo. Já era tempo de terem aprendido que a política da força e do facto consumado dá mau resultado. Senão o aprenderam, alguém lhes terá de ensinar outra vez.


publicado por Jorge Ferreira às 19:54 | link do post | comentar

Quarta-feira, 11.04.07
Cavaco Silva sempre detestou referendos. E não teve coragem para não convocar o do aborto. Mas já não se importou de anunciar em Riga que é contra um referendo europeu. É coerente. Sempre foi. O que é triste é que nalgumas matérias tenha coragem, até antes do tempo, e noutras coma e cale, de acordo com os interesses do PS e da sua reeleição. Aqui, não há coerência. E é lamentável que exerça por antecipação uma pressão destas sobre o Parlamento, sabendo de antemão que PS e PSD prometeram o referendo europeu. Confesso que não me dá prazer nenhum usar a técnica do "eu não disse?". Preferia sem dúvida ter-me enganado sobre Cavaco Silva. Mas não me enganei. Não restam dúvidas que uma oposição de direita a sério em Portugal tem de o ser ao Governo e ao Presidente.


publicado por Jorge Ferreira às 16:59 | link do post | comentar | ver comentários (1)

JORGE FERREIRA
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