Não há muitos meses o dispensável ministro da Economia anunciou ao país que a crise tinha acabado. Esta semana, num congresso em Aveiro o mesmo dispensável ministro da Economia anunciou que o pior ainda está para vir. Talvez com Jorge Sampaio em Belém fosse caso de dissolução do Parlamento e convocação de eleições antecipadas. Mas com Cavaco Silva a conversa é diferente e resta-nos aguentar estoicamente os disparates políticos do PS, que nesta altura do campeonato já dão para uma suculenta tese de doutoramento (permitam-me que omita o ramo das ciências em que se enquadraria).
A verdade é que o país está de rastos e as afirmações do Primeiro-Ministro de que o país está hoje melhor do que quando o PS chegou ao poder já se tornaram um clássico da perversidade política. A economia definha, as pessoas estão sem dinheiro e os sinais ocultos que não vêm nos jornais são mais preocupantes do que aquilo que já se sabe. Eis apenas um indicador. Há uma cadeia de supermercados que lida habitualmente com mais de 10 mil produtos nas suas lojas. Neste momento está a lidar apenas com metade e as previsões apontam para uma redução ainda maior até final do ano.
Só agora o país parece dar-se conta que deixou irresponsavelmente de produzir. Ao princípio, como até pagavam subsídios aos não produtores, parecia que vivíamos no país das maravilhas. Agora que o modelo económico estoirou é que se vê o buraco onde irresponsavelmente nos foram metendo sucessivas gerações de ministros e secretários de Estado, todos boas pessoas, mas todos cúmplices da mentira em que se tornou o nosso modelo económico e social. Abandonámos a agricultura a troco de dinheiro, abandonámos as pescas a troco de dinheiro, virámo-nos para os serviços e abandonámos a indústria, optando por comprar lá fora o que podíamos fazer cá dentro, preferindo o marketing, a comunicação e a informática à metalurgia, à indústria transformadora, aos sectores produtivos em geral.
O resultado está à vista. Resta, e o Governo já o percebeu, a via socialista de sempre: mais impostos sobre os cadáveres sociais em que se transformaram os cidadãos e mais obras públicas a pagar anos depois, exactamente o mesmo que os particulares fizeram nos últimos anos: viver a crédito.
É preciso repensar tudo. Para o ano há eleições e o voto vai certamente sobrepor-se ao raciocínio. Não são nada fáceis os tempos que se avizinham. A crise é profunda e estrutural. Apenas tem sido disfarçada pelas conjunturas mais ou menos favoráveis que têm existido. Mas essas conjunturas acabaram e agora ou se muda de vida ou está tudo estragado. O problema é que agora vai doer mais a todos. Muito mais.
Houve quem avisasse a tempo que este não era o caminho. Mas esses eram os radicais. Agora, que temos um dispensável ministro da Agricultura que diz que é necessário regressar às hortas, o que apetece é ressuscitar o Bordalo Pinheiro.
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