A ministra da Educação garantiu que não tem qualquer intervenção no processo de elaboração dos exames e rejeitou veementemente as críticas de associações de professores e sociedades científicas, e hoje repetidas pelos deputados da oposição presentes da comissão parlamentar, sobre a excessiva facilidade de muitas perguntas nos testes nacionais deste ano. Há muito que o sistema da 5 de Outubro pedeu a noção das realidades, para não falar da noção do equilíbrio. A cadeira ministerial deve ter um estranho efeito de contaminação, que atrai os espíritos mais lúcidos às mais  desabridas afirmações. Associações científicas e alunos convergem na facilidade dos exames. Os resultados mostram uma queda acentuada das negativas, como se uma varinha de condão tivesse iluminado subitamente a estudantada até ontem impreparada. E agora vem a senhora ministra fazer-nos de parvos e dizer que não manda na casa. Haja decoro. Se não manda, devia mandar. Ou, bem vistas as coisas talvez se a ministra mandasse a taxa de negativas fosse zero, empenhada como está em fazer passar os alunos que sabem e os alunos que não sabem. Para o ensino português tanto faz. Há-de sempre haver alguém que paga a indigência que com tanto método o sistema fabrica e alimenta.

(Lata)