Sexta-feira, 20 de Junho de 2008

1. Por força da vontade do povo português, expressa periodicamente em sucessivas eleições legislativas, Portugal vive em regime de bloco central há várias décadas. Por força da vontade do povo e da habilidade de uns quantos artistas, uma espécie de seita informal que vegeta em redor dos decisores de S. Bento e de Belém, que não raro são previamente ungidos pela seita antes d ela chegarem, já os negócios dão-se mal com a imprevisibilidade de gente não devidamente controlada..

 
Ao conferir sucessivas maiorias de dois terços na Assembleia da República ao PS e ao PSD, os eleitores têm feito com que todas as decisões para as quais a Constituição exige maioria qualificada só possam ser tomadas pelo PS e pelo PSD em conjunto. E eles tomam-nas. Tomam-nas quando é preciso e tomam-nas quando não é preciso. Tomam-nas para eleger os membros da ERC, que é preciso, mas também as tomam para escolher os gestores das empresas públicas onde as clientelas do bloco arranjam os seus negócios, que não é preciso. De quando em vez deixam cair umas migalhas de poder ao CDS para o amestrar quando convém. Amestraram o CDS de Portas, por exemplo, como um dia se perceberá ainda melhor do que já se percebe hoje. Isto, independentemente de partilharem ou não formalmente o Governo, coisa rara que, aliás, apenas sucedeu uma vez, entre 1983 e 1985, pelas mãos de Mário Soares e Mota Pinto.
 
Numa palavra: Portugal tem vivido em regime de bloco central mais ou menos intenso desde 1976.
 
2. Mas parece que não chega. Têm surgido umas notícias nos últimos dias que dão conta que Manuela Ferreira Leite vai abrir na moção de estratégia que apresentará ao Congresso do PSD deste fim de semana, no caso de, como tudo parece indicar, o PS não repetir a maioria absoluta nas próximas eleições legislativas.
 
Marcelo Rebelo de Sousa diz mais: diz que há empresários sequiosos dessa garantia. A sede dos empresários, eu não estranho. O risco da empresa em Portugal esteve e está secularmente e umbilicalmente preso à garantia do Estado, aos subsídios do Estado, aos favores do Estado, salvo honrosíssimas mas raríssimas excepções.
 
Já a tentação de Manuela Ferreira Leite não me surpreende, já que s etrata de uma política que faz parte da miríade central da política. Os seus elitores e apoiantes nas directas, julgaram estar a escolher uma líder da direita para apresentar contra Sócrates. Claro que julgaram mal. Claro que Manuela Ferreira Leite nem uma palavra proferiu sobre política. Claro que não é de direita. É uma estatista social-democrata, aliás com resultados desastrosos sempre que governou. Foi eleita através de um cheque em branco, com o qual, em rigor pode fazer o que lhe apetecer. Mas os seus eleitores devem estar com os cabelos em pé. Mas, sinceramente, preocupa-me mais o país. E quanto a este, de uma coisa não tenho dúvidas. O bloco central serve-se a si próprio não serve os interesses de Portugal.

 

 

(publicado na edição de hoje do Semanário)



publicado por Jorge Ferreira às 00:26 | link do post | comentar

JORGE FERREIRA
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