É difícil encontrar maior expoente do sistema do que Manuela Ferreira Leite. Na hora certa, quando é preciso, Manuela Ferreira Leite está lá para defender o que é preciso e tomar as decisões necessárias. E, no PSD, é também difícil encontrar alguém mais parecido com Sócrates do que Manuela Ferreira Leite. Com uma diferença substancial: os resultados. Sócrates, com cara de mau e arrogância q. b., tem a redução do défice para apresentar na sua folha de serviços. Manuel Ferreira Leite, com aquele ar de Tatcher da S. Caetano à Lapa, tem o desastre do Governo PSD/CDS às costas. Esta diferença pode revelar-se fatal nas eleições.
Mesmo assim, o sistema está feliz com a candidatura de Manuela Ferreira Leite. O rotativismo central está assegurado, para gáudio do bloco central dos interesses e da meia dúzia de personalidades de bastidor que vivem dos entendimentos ocultos entre PS e PSD para partilha do Estado, das suas benesses e dos seus negócios. Era difícil encontrar melhor.
E o país como ficará? Na mesma. Exactamente na mesma. Aquilo que alguns acham um sinal de prodigiosa estabilidade democrática, o rotativismo, continuará o seu caminho, distante do país, sem resolver os seus problemas fundamentais, e entretido em jogos de personalidades, em estilos pessoais, em feitios, em reportagens do género “um dia na vida de “, a passar nas televisões. Perante um país descrente, desmotivado, sem ver um rumo, uma solução.
Não vale a pena esperar do PSD aquilo que o PSD não tem para dar: um debate de ideias, de alternativas, de diferenças, de rupturas até com os estrangulamentos do Estado, da democracia e das instituições. O PSD é autor do sistema. Não o reformará. Alimenta-se dele. Não o condenará. O PSD apenas nos proporciona uma escolha de pessoas, não de políticas. A prova é que Manuela Ferreira Leite, nas poucas declarações sobre política geral que tem feito desde que Marques Mendes foi eleito líder do PSD, tem concordado no essencial com as políticas do PS e de Sócrates, nomeadamente em relação ao combate ao défice e à política fiscal.
Agora que, finalmente, Menezes teve juízo e decidiu não se recandidatar, o sistema só poderia ter uma meia desfeita: Manuela Ferreira Leite perder a votação nos militantes. O jogo não está fechado. Pelo menos por agora.
(publicado na edição de hoje do Semanário)
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