Bem sabemos que a temperatura eleitoral dilata os corpos, incluindo naturalmente a parte do cérebro. À beira de eleições é mais provável ouvir disparates e ser surpreendido com as mais bizarras iniciativas. Desde ir ao notário formalizar promessas (e há notários que aceitam fazê-lo!...), até distribuir garrafas de vinho ou electrodomésticos, ou inaugurar curvas de estradas, como já sucedeu na Madeira, onde se combate pedagogicamente a concorrência eleitoral a tiros de caçadeira, já vimos de tudo. Ou melhor: julgávamos já ter visto de tudo.
Desta vez, confessemos, o PS surpreendeu. A nova promessa do partido que não cumpre as promessas é bem demonstrativa da forma como o PS desgoverna: ao lado dos problemas que não resolve, cria novos problemas para os outros resolverem.
O país assistiu, atónito, à explicação do porta-voz do PS explicar que o partido tinha decidido promover a natalidade atribuindo a cada bebé 200 euros, numa conta bancária aberta pelo Governo e que o bebé poderia movimentar apenas quando atingisse a maioridade.
Julgando promover a natalidade, o PS apenas inventou um excelente negócio para os bancos. O problema é que esse negócio é bom para os bancos, sim senhor, mas não promove natalidade coisíssima nenhuma. Os portugueses não têm mais filhos pela simples razão de que não só não têm dinheiro para os sustentar, como as políticas públicas, como a política fiscal, por exemplo, desincentivam a natalidade. Mas sobre isto, o PS, co-autor do problema, nada disse.
Nos países europeus que decidiram incentivar a natalidade com dinheiro fez-se assim: os Governos decidiram atribuir aos pais das crianças, naturalmente aos pais das crianças, que é quem sustenta as crianças caso os socialistas não tenham dado por isso, subsídios únicos de 2.550 euros em Espanha e 5.000 na Alemanha, por exemplo. Os socialistas de cá não fizeram por menos: em vez de atribuírem o subsídio aos pais ofereceram-no aos bancos durante 18 anos.
Dificilmente os bancos poderiam encontrar mais oportuno delegado de vendas do que um Governo do PS. O PS angaria os clientes logo no berço, transfere o numerário e permite os juros, por conta do recém-nascido. Um maná.
Se o PS, e os outros, estivessem realmente interessados numa política de incentivo à natalidade, melhor andariam de dessem ouvidos às propostas sensatas e oportunas da Associação Portuguesa das Famílias Numerosas. Mas não. O subsídio está-lhes no sangue. Ainda que se enganem no destinatário e o entreguem aos bancos em vez de o entregarem a quem quer ter filhos e não pode.
(publicado na edição de hoje do Diário de Aveiro)
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