José Sócrates é contra a criação do crime de enriquecimento ilícito porque não aceita a inversão do ónus da prova. José Sócrates ignora que a criação do crime de enriquecimento ilícito não obriga necessariamente à inversão do ónus da prova. José Sócrates é a favor da inversão do ónus da prova no caso da administração fiscal desconfiar de um cidadão que tenha mais dinheiro do que aquele que declarou. José Sócrates é a favor de um crime administrativo de enriquecimento ilícito, um crime sem processo a quem os seus subordinados aplicam uma pena de tributação em 60%. Para arranjar dinheiro José Sócrates é a favor de tudo o que recusa para combater a corrupção. A proposta feita hoje pelo Governo a reboque do Bloco de Esquerda revela que o mesmo é capaz das maiores enormidades para fingir que está preocupado com a corrupção. O absurdo chega ao ponto de o Governo admitir, para efeitos fiscais, que um cidadão guarde, livre de impostos, 40% de rendimentos ilícitos que tenha obtido. A desorientação de José Sócrates é total neste momento.

(publicado na edição de hoje do Democracia Liberal)