São manifestamente exageradas as notícias sobre a morte política de José Sócrates por causa do caso Freeport, apesar de todas as notícias e factos conhecidos até à data. Sabe-se que a memória é curta entre nós e as eleições ainda estão relativamente longe. Sabe-se também que quem tem o poder num país pequeno, sobretudo o poder absoluto e total como é presentemente o caso de José Sócrates (até no Eurojust!...) tem sempre uma enorme vantagem sobre os concorrentes. Acresce que o momento de profunda crise em que vivemos desmotiva o eleitorado conservador do centrão para arriscar aventuras ou desconhecidos.
Mas sabe-se, infelizmente, outra coisa ainda pior: é que se
José Sócrates poderá, assim, viajar do DCIAP para S. Bento, montado na sela de um inquérito inconclusivo, demorado, ineficiente e eventualmente prescrito. Transformará, talvez com ar pungido em teleponto de ocasião, essa gloriosa noite eleitoral o país numa mini-Venezuela, sem petróleo, mas com uma enorme pobreza social, digna de um personagem à altura do pior Hugo Chavez. E invocará, vitorioso, o julgamento eleitoral como sinónimo de absolvição criminal, como, aliás, de forma lamentavelmente terceiro-mundista já ensaiou no lamentável Congresso de Espinho, perante as palmas de um partido que é hoje apenas um mero simulacro do partido que era.
Num país em que existisse a famosa e, em si, salutar ética republicana, que o PS tanto gosta de invocar e não gosta nada de praticar, não só a questão já estaria resolvida, como seria o próprio José Sócrates a tomar a iniciativa de dar o lugar a outro até se resolver definitivamente o imbróglio. Mas como é cá, José Sócrates prefere que o país espere pela TVI às sextas-feiras para se distrair com as novas revelações do caso que o envolve, em vez de salvaguardar as instituições e afastar-se. Ao agir deste modo, Sócrates faz de Portugal, do PS e do Governo os seus reféns de luxo. O preço é muito alto.
A verdade é que as eleições legislativas estão em aberto.
Quanto à justiça, a investigação do caso Freeport tem-se revelado um caso de terror. O país assiste, atónito ao funcionamento nu e cru da sua Justiça. Sobretudo quando as suspeitas incidem sobre quem tem poder.
(publicado na edição de hoje do Semanário)
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