As preocupações com a pobreza costumam ser proporcionais à intensidade das crises económicas e sociais. Estes momentos são pasto fácil para o oportunismo e a demagogia na busca do voto. É frequente ver governantes e ex-governantes dom retóricas sobre a pobreza nos momentos de crise económica e social aguda, como aquela em que actualmente vivemos.
A verdade é que não fora a acção de inúmeras instituições privadas que dentro e fora das crises ajudam quem precisa e há sempre quem, a pobreza seria um fenómeno social ingovernável. Quanto ao Estado, a verdade também é que a pobreza não se remedeia, evita-se. Evita-se com políticas acertadas de criação de condições para investir, para criar emprego e riqueza.
Em momentos como este, em que há cada vez mais desempregados, mais fome e mais miséria, ninguém presta atenção a qualquer discurso que não passe pelas ajudas do Estado: mais subsídios, mais ajudas, mais dinheiro do Estado para quem precisa. Quando é sabido que o mesmíssimo Estado não aproveita os momentos que pode para facilitar a vida às empresas, para aliviar a carga fiscal aos investidores, para mudar leis do trabalho que desincentivam o emprego, para acabar com licenças inúteis, para acabar som subsídios de preguiça a quem é pobre porque apenas não quer trabalhar.
Existe um bom barómetro político desta atitude hipócrita e anti-social relativamente ao desemprego e à pobreza. O Partido Comunista, poucos se lembrarão, fechou um jornal, o célebre Diário, e vendeu uma editora, a Caminho, sem preocupações de manutenção de emprego dos respectivos trabalhadores ou quaisquer outras. E, todavia, exactamente o Partido Comunista faz gala de manifestações, protestos e indignações com o desemprego dos trabalhadores dos outros e com a pobreza dos outros. Sem que ninguém ouse sequer confrontá-lo com os seus comportamentos.
O Governo, esta semana, mais uma vez a reboque dos acontecimentos foi ao debate quinzenal apresentar medidas de socorro avulsas e, aliás, baratinhas, para tentar corrigir o monumental erro que cometeu ao admitir a gravidade da situação tardiamente, como se Portugal fosse hoje a segunda versão do oásis da crise social dos anos noventa.
E, quando voltar o tempo das vacas gordas, tudo voltará ao mesmo. Ninguém, então, e de novo, se preocupará em tomar as medidas necessárias para garantir mais e melhor produtividade e criação de riqueza. É a sina lamentável de um país mal governado e em que a oposição consegue ser tão medíocre quanto o Governo.
(publicado na edição de hoje do Semanário)
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