Sexta-feira, 6 de Fevereiro de 2009

O Governo tem derramado milhões sob várias formas jurídicas sobre a crise e sobre as empresas em dificuldades. José Sócrates tem afirmado que o Governo apoiará todas as empresas em dificuldades que puder. Não explicou ainda, todavia, como é que vai fazer isso. Com que dinheiro e com que critério, visto que é virtualmente impossível o Governo cumprir em sentido literal mais esta promessa espúria, demagógica e inconsequente.

 

Se o Governo quisesse mesmo ajudar a economia e as empresas devia começar por devolver o bom nome ao Estado. E para dar bom nome ao Estado, um gigantesco devedor e incumpridor para com particulares e empresas, o Governo devia começar por pagar as suas próprias dívidas, que ascendem a cerca de três mil milhões de euros, que representam 1,75% do PIB.

 

É que esta maneira casuística de gastar milhões que saem dos depauperados bolsos dos contribuintes pode dar nisto: no dia 21 de Março de 2007 José Sócrates presidiu à assinatura de um contrato de investimento na multinacional Qimonda, no valor de 70 milhões de euros numa nova fábrica. "Este investimento é uma prova de confiança em Portugal, na nossa economia e, em particular, na capacidade e competência dos portugueses", afirmou então José Sócrates, presente na apresentação do novo projecto da Qimonda.

 

Manuel Pinho, dono de um insuperável triunfalismo a cada passo desmentido pela realidade, lembrou na altura que a nova unidade produtiva, que Vila do Conde "ganhou" a Dresden (Alemanha) exportará mais 300 milhões. O Primeiro-Ministro destacou também a importância do projecto, não só pela dimensão, mas pela sua "intensidade tecnológica", que colocaria, "mais uma vez", o país na "vanguarda tecnológica" das energias renováveis. José Sócrates lembrou que 2007 foi o primeiro ano em que "Portugal vendeu mais tecnologia do que aquela que importou", números para os quais muito contribuiu a Qimonda. Na área "das renováveis" - "uma aposta estratégica do actual Governo" -, lembrou que em três anos, o país conseguiu criar um cluster na energia eólica e estaria a preparar-se para exportar tecnologia na área da energia solar.


Já depois da crise ter rebentado em todo a sua pujança, em Dezembro passado, a Caixa Geral de Depósitos prometia injectar 100 milhões na empresa.

 

Entretanto, os credores do Estado asfixiam, definham, desempregam e fecham. Não há voluntarismo de Sócrates que lhes valha. Muitos nem sequer têm direito a uma linha de jornal. São as tais micro, pequenas e médias empresas que empregam 90% da população activa. Todos os dias temos sido submersos por ondas de notícias de despedimentos, de falências, de insolvências. Milhões para que vos quero…

(publicado na edição de hoje do Diário de Aveiro)

(Foto)

 

 



publicado por Jorge Ferreira às 00:22 | link do post | comentar

2 comentários:
De Zé da Burra o Alentejano a 10 de Fevereiro de 2009 às 10:16
Vi o programa na TV ontem e fiquei indignado com as declarações daquele "empresário" que disse precisar de 10 trabalhadores mas que não consegue encontrá-los; que os "PORTUGUESES NÃO QUEREM TRABALHAR". É uma afronta aos milhares de portugueses desempregados, aos que são forçados a emigrar para trabalhar no estrangeiro e aos que morreram de regresso a casa ou ao trabalho nas estradas espanholas. ACREDITO QUE ELE QUEIRA TRABALHADORES MAS NÃO QUEIRA PAGAR-LHES CONVENIENTEMENTE, DE CONTRÁRIO OS QUE VÃO TRABALHAR ATÉ PARA A VIZINHA GALIZA FICARIAM POR CERTO NA TERRA E NÃO SE SUJEITAVAM A FAZER CENTENAS DE QUILÓMETROS POR DIA. SERÁ QUE QUER TRABALHADORES A 450 EUROS? Será que ele sabe quanto custa um só almoço numa qualquer taverna da sua terra? e o resto? e o jantar? e a família? e a casa? a saúde? a educação dos filho? 450 euros poderá ser uma ajuda à economia familiar mas não é um salário para quem trabalha 8 horas e 22 dias por mês.
Não é por acaso que o país está cheio de imigrantes enquanto os nossos compatriotas continuam a emigrar cada vez mais. Os trabalhadores a 450 euros são fundamentalmente estrangeiros que visam apenas poupar algum dinheiro para o cambiar de regresso aos seus países. Mas, muitos desses já se estão passando a outros países da UE ou regressando aos seus países porque os salários em Portugal mal chegam para sobreviver. Até faço um esforço para acreditar que o negócio desse senhor não permita pagar mais, mas a ser assim não é suficientemente rentável para o nosso país e deve ser repensado. Não é por isso que, infelizmente, muitas empresas até estão fechando as portas ou mudando para o extremo oriente?


De alfredo a 6 de Fevereiro de 2009 às 16:48
Oh Jorge Ferreira vou votar em si nas próximas eleições. Porra, pá! Você não é só economista mas bruxo. Porra, pá. Adivinha tudo. Sabe o futuro. Eu bem avisei disto, bem avisei daquilo. Nem os economistas nos E.U.A. Já sabia que a quimonda iria ter mau futuro. Candidate-se. Você quanto a mim ainda vai longe. Não faça como o outro que um amigo disse que ele ainda havia de ir longe e hoje é imigrante na Austrália.


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