Leio no Dário de Notícias de hoje uma notícia curiosa. António Guterres diz que Ana Gomes é mais necessária que nunca" e no fim da peça o jornalista escreve que "A actuação de Ana Gomes no Parlamento Europeu, sendo fortemente crítica para o Governo português no caso dos voos da CIA, tem colocado a sua reeleição em perigo. Especula-se no PS sobre a possibilidade de uma candidatura autárquica."

Ora, o estado da arte é o seguinte: Sócrates quer Elisa Ferreira, eurodeputada do PS, como candidata ao Porto para perder com Rui Rio. Elisa, que não nasceu ontem e não aprecia Sócrates desde os tempos dos Governos de António Guterres, faz questão de continuar eurodeputada, não vá justamente o Rio tecê-las. Mas para Ana Gomes, o plano é diferente: desafiá-la a candidatar-se à Camara de Sintra e, com o argumento do muito trabalho que assim terá pela frente, dar-lhe uma corrida em osso das listas do PS para o Parlamento Europeu, onde, devido às posições de coragem que tem assumido, tem dado água pela barba ao establishment Barroso-Amado-Sócrates.

Ora, colocam-se assim, duas questões óbvias: a primeira é esta: se Elisa pode concorrer a dois carrinhos, nada justifica que Ana Gomes, não possa. Segunda: Sintra?! Então em Sintra a candidata natural não é Edite Estrela? Hum...

O PS tem hoje dois tipos de militantes mulheres: as socialistas e a "socranetes". As socialistas, não sei porquê são todas Anas: Gomes, Jorge, Sara Brito... e não são bem do tipo de fazer fretes, comer e calar. Uma maçada no PS organizadinho e obediente de Sócrates. Um episódio a seguir com atenção, agora com a reforçada militância de António Guterres, um contratempo imprevisto.