Quinta-feira, 01.10.09

"Há 20 anos toda a gente se lembrava do "Sobe, sobe, balão sobe", da Manuela Bravo, a música que ganhou o Festival da Canção. Hoje, ninguém sabe quem ganhou o Festival da Canção. Isto não é mau, é bom! Mas o que é interessante é que há 20 anos todos tínhamos assunto comum para trocar opiniões. Eu podia detestar o "Sobe, sobe balão sobe", mas sabia que ele existia. Portanto, a primeira grande diferença é a enorme fragmentação dos assuntos. Consumimos informação de todos os meios e feitios e passámos a ser editores daquilo que queremos ver. Às vezes estamos perdidos, às vezes não sabemos o que queremos ver ou o que devíamos ver. Uma parte do país ignora o que se está a passar na política ou no desporto, não sabe quem são os candidatos autárquicos, mas de repente a sua atenção está centrada num assunto muito específico que só interessa a uns quantos."

 

Declaração de interesses: considero Pedro Bidarra o melhor criativo da publicidade em Portugal. Posto isto, aconselho vivamente a leitura da sua entrevista de hoje ao "i". Quem melhor que um publicitário para nos dar a conhecer a vida de todos os dias e como ela muda todos os dias sem que nós, que a vivemos, muitas vezes demos por isso?



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Quarta-feira, 09.09.09

Que dia bizarro, este: 09.09.09.


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Sábado, 22.08.09

O fado é este: só ligamos às coisas quando se morre. Que miséria...


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publicado por Jorge Ferreira às 17:04 | link do post | comentar

Quarta-feira, 12.08.09

O Estado Novo tinha a taxa do isqueiro, a Democracia tem a multa do sal.



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Terça-feira, 07.07.09

Uma das muitas actividades em que a minha amiga Fátima se envolve miltantemente.



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Segunda-feira, 27.04.09

A gripe dos porcos chegou à bolsa e ameaça ter um impacto na desretomização da economia mundial. Que raio de Mundo mais esquisito. Agora digam que a culpa é do neo-liberalismo...


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publicado por Jorge Ferreira às 22:21 | link do post | comentar | ver comentários (2)

Sexta-feira, 10.04.09

As funcionárias da Loja do Cidadão de Faro, inaugurada a 3 de Abril, foram proibidas de usar saias curtas, decotes, saltos altos, roupa interior escura, gangas e perfumes agressivos. As instruções foram dadas numa acção de formação antes da abertura da loja, denunciou uma funcionária. Acho especialmente misteriosa a proibição que diz respeito à roupa interior escura. Será um fetiche do formador? Não tarda o Governo decreta uma farda para todos. Assim como os exércitos têm.



publicado por Jorge Ferreira às 13:32 | link do post | comentar | ver comentários (1)

Quarta-feira, 01.04.09

O dia das mentiras já não é o que era. Lêem-se os jornais, ouvem-se as rádios e vêem-se as televisões em busca da mentirola do dia e nada. Faz sentido. Um país que se habituou a ver tanta gente mentir todos os dias ficou sem vontade de brincar às mentiras no 1º de Abril.



publicado por Jorge Ferreira às 15:46 | link do post | comentar | ver comentários (2)

Sexta-feira, 27.03.09

Um pároco assumidamente sportinguista de Lisboa informou os paroquianos que não faz baptizados às crianças a que os respectivos pais decidirem pôr o nome de Lucílio. Lucílio, esclareça-se, desde já, é um péssimo árbitro de futebol que marcou um penalty inexistente numa competição de futebol sem importância nem interesse competitivo. Entretanto, esse mesmo péssimo árbitro de futebol foi ameaçado de morte e não quer aparecer em público, com medo legítimo.

 

O mesmo péssimo árbitro de futebol diz-se e desdiz-se sobre factos que o país inteiro viu através da televisão, menos ele. Omite factos de indisciplina em campo no seu relatório, onde foi acusado de roubar através de gestos por um treinador de futebol e não viu, onde levou um encontrão de peito de um jogador de futebol e não se lembra.

 

Na semana anterior, dirigentes e treinador, por acaso do mesmo clube, foram ameaçados de morte porque perderam dois jogos com o campeão de futebol da Alemanha, um por cinco golos e outro por sete golos.

 

Na sequencia de uma reunião da Liga de Futebol, um seu dirigente foi agredido à saída da reunião, e aqui, nem me dei ao trabalho de saber por quem e por que razão.

 

Esclareço que adoro futebol desde pequenino e que sou adepto ferrenho do Benfica, clube que tem sido, como muitos outros, prejudicado abundantemente por arbitragens em vários jogos e nunca deitou medalhas fora, os seus jogadores nunca deram empurrões aos árbitros com o peito e se habituou a continuar a sua vida depois dos prejuízos. Enfim, feitios…

 

Como se sabe, não vale a pena recorrer aos tribunais nesta matéria porque nunca há testemunhas e quando há, têm sempre profissões ou exerceram actividades que no entender dos Senhores Juízes retiram credibilidade aos testemunhos.

 

Acresce que se joga recorrentemente mau futebol nos relvados e por norma, os espectáculos são maus e excessivamente caros para os preços dos bilhetes. Daí que, progressivamente, sem que o meu fervor clubístico tenha diminuído, diminuiu substancialmente o meu interesse pelo futebol.

 

O que é mais grave do que essa opção individual é que o que se passou esta semana em Portugal, mostra que vivemos num país alucinado, em que o futebol já chegou ao ponto de induzir delinquência. O futebol deixou de ser um desporto profissional e passou a item do relatório de segurança interna. Para além do pormenor de que, evidentemente, existem muito mais assuntos a merecer a atenção e as energias do país do que o episódio Lucílio Baptista.

 

Os poderes públicos do futebol, por seu lado, nos quais o Estado delega poderes públicos, são de uma indigência confrangedora. Ainda no futebol, por que raio seria diferente o futebol do resto da sociedade e dos poderes?..., é flagrante a diferença da sua actuação relativamente ao que acontece nos países europeus com que temos a mania de nos comparar. Quer a Federação Portuguesa de Futebol, quer a Liga de futebol agem quotidianamente como se nada se passasse no futebol.

 

Vivemos actualmente num país alucinado. E o futebol é apenas um exemplo de vários que o demonstra. Se migrarmos do futebol para a crescente violência nas escolas e na sociedade em geral, teríamos ainda mais que conversar. É triste. Não tarda, precisamos de entregar o poder a psicólogos e psiquiatras.

(publicado na edição de hoje do Semanário)

(Foto)

 



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Quarta-feira, 25.03.09

Uma menina de 12 anos, deficiente, foi violada por um homem de 26 anos, enquanto outros dois, de 17 e 19 anos, filmavam tudo. O vídeo foi, depois, posto a circular por toda a escola. Mas o que é isto, se não o regresso à pura barbárie? A propósito, é de ler esta entrada de Bruno Sena Martins, sobre Elizabetf Fritzl, no Avatares de um Desejo.



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Sexta-feira, 20.03.09

O Papa tem uma doutrina e uma função. Defende-a, promove-a e luta pacificamente pela sua divulgação. Quando a comunidade politicamente correcta começou a dizer a mentira que o Papa tinha apelado ao não uso do preservativo antes da sua visita pastoral a África, um amigo meu, insuspeito de censor, perguntou-me se não era possível responsabilizar o Papa pelas mortes por SIDA em África! Extraordinário. A liberdade de ter opiniões depende de quem as emite e, sobretudo, do facto de se concordar com elas ou não? Até para os espíritos mais improváveis parece que sim. Ora, eu, que não adiro na íntegra à visão e à doutrina da Igreja, mesmo em matéria de moral sexual, digo que o Papa fez muito bem em dizer o que a Igreja pensa e que esse facto devevria ter desencadeado o debate sobre a substância do que efectivamente ele disse e não sobre aquilo que convém a alguns ler no que ele disse. Um Papa não é um comentador. Defenda-se a liberdade de expressão do Papa!



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publicado por Jorge Ferreira às 09:52 | link do post | comentar

Terça-feira, 10.03.09

Fazer "jogging". Não fumar. E agora isto. O PS quer construir a humanidade laboratorial. Hum..., não sei mas estas notícias despertam-me uma enorme tentação de acorrer a uma bola de berlim. Com creme, claro.



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Sexta-feira, 13.02.09
Os Estados e as sociedades têm uma relação equívoca e interesseira com os vícios. Proíbem certos vícios, criminalizam outros e permitem uns quantos. Frequentemente têm um discurso moralista quanto a alguns vícios, dos quais não se inibem de extrair as maiores vantagens fiscais e económicas que podem.

O Estado português, por exemplo, seguindo o politicamente correcto vigente, decidiu empreender uma cruzada anti-tabágica com a aprovação de uma lei restritiva relativamente ao consumo de tabaco em locais públicos. A lei é tão restritiva que nem o Primeiro-Ministro resistiu à sua própria lei e foi apanhado a fumar o seu cigarrito num avião, o que é proibido.

No âmbito desta cruzada, estava previsto um aumento de 15% ao ano no imposto sobre o tabaco até 2009. Mas no último ano da legislatura o plano não será cumprido. O contrabando, a falsificação, a diminuição abrupta do consumo em Portugal e as fracas receitas fiscais fizeram o Governo abandonar a meio o seu plano de aumento acentuado do imposto sobre o tabaco lançado em 2005 e que deveria durar até ao final do presente ano.

 
No Orçamento do Estado, leia-se, no primeiro Orçamento de Estado para este ano, o Governo decidiu proceder a uma actualização do imposto de apenas 1,4%, ou seja, abaixo da inflação prevista e que leva a um acréscimo de menos de dois cêntimos por cada maço de tabaco. Entre 2006 e 2008, as subidas do imposto sobre o tabaco tinham sido, sempre, superiores a 10%, aproximando-se daquilo que tinha sido planeado pelo Governo socialista assim que tomou posse.

No Programa de Estabilidade e Crescimento publicado em Junho de 2005, o Executivo previa "uma subida nominal média do imposto arrecadado por maço de tabaco de 15% em cada ano de 2006 a 2009". A ideia, lia-se no documento, era "ajudar a financiar as pressões estruturais no sentido do crescimento da despesa no sector da saúde".

 
 
Entre 2006 e 2008, embora nunca atingindo o objectivo delineado, o imposto cobrado sobre cada maço de tabaco subiu a um ritmo elevado, um facto sentido por todos os consumidores de tabaco. Mas, chegados ao último ano da legislatura, o Governo optou por não levar a estratégia até ao fim.

O Ministério das Finanças justificou esta mudança de política da seguinte forma: "Não fomentar o contrabando e a contrafacção, não fomentar o desvio de compras para Espanha e manter a base tributável em Portugal, de forma a evitar o efeito da curva descendente de Laffer." Esta curva é usada, na ciência económica, para mostrar que uma subida das taxas de um imposto pode, a partir de determinado ponto, não resultar num aumento da receita. Isto é, o Governo está agora convencido de que, se voltar a subir o imposto sobre o tabaco, a receita não vai aumentar, mas sim diminuir.

Ora bem: nada melhor que o Sr. Laffer para pôr o higienismo dominante nos ministérios em sentido.

Os momentos de crise são especialmente aptos para testar os moralismos governamentais, mas também os moralismos sociais em relação aos vícios legais. Agora, são as estações de televisão americanas que decidiram quebrar a regra de auto-regulação que baniu a publicidade ao alcoól das televisões. Assim uma espécie de “lei seca” no audiovisual. As marcas de bebidas alcoólicas, há muito afastadas das principais cadeias de televisão nos Estados Unidos, estão prestes a voltar em força. Isto tem uma explicação simples: a crise que o mercado publicitário atravessa.

 
Para começar, a Absolut Vodka apareceu na CBS durante a 51.ª edição dos Grammy Awards, no domingo à noite, com o seu novo anúncio Hugs (Abraços), quebrando o embargo voluntário ao álcool combinado pelas principais estações de televisão dos EUA. O facto já criou polémica com os inevitáveis advogados perspicazes a descobrir eventuais fontes de indemnização por danos causados a argumentar que os menores de 21 anos já vêem demasiada comunicação sobre as bebidas alcoólicas.

Em Portugal, só é permitida publicidade a bebidas alcoólicas depois das dez e meia da noite, existindo ainda um código de auto-regulação e de boas práticas criado pela própria indústria. Em 2001, a NBC tornou-se a primeira cadeia de televisão a colocar publicidade num conteúdo seu (Saturday Night Live), ao promover a vodca Smirnof. A polémica foi enorme, apesar de forte campanha paralela de consciencialização para os perigos do consumo excessivo de álcool. Os inevitáveis grupos de advogados e o Congresso pressionaram a ponto de a NBC retirar esta publicidade. Desde então a mesma estação fez outras tentativas, através das suas filiadas, com as marcas Bacardi e Grey Rose.

Como se vê, não existe melhor teste às convicções dos Estados e das sociedades sobre os vícios legais que uma forte crise. Quando as receitas fiscais caiem abruptamente e quando a publicidade desaparece dos ecrans, normalmente os vícios deixam de ser aparentemente tão maus o quanto são “pintados” nos belos discursos sobre a saúde pública, a pureza sanitária e a vida saudável.

(publicado na edição de hoje do Diário de Aveiro)
(Foto)


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Quinta-feira, 08.01.09

Parece que a Via Láctea aumentou a velocidade a que está a girar, o que aumenta consequentemente o risco de colisão com outras galáxias. Nada disto seria verdadeiramente relevante não fosse dar-se a coincidência de eu ser um dos biliões de habitantes da dita Via. Resta-me esperar que a Via me dê tempo a viver tudo o que tenho para viver antes de qualquer embate cósmico. E habito-a justamente num planeta onde existe uma ilha chamada Galápagos, onde foi descoberta uma iguana cor de rosa única, junto a um vulcão com 350 mil anos de idade e que passou despercebida ao celebrado Charles Darwin quando andou por aquelas paragens na primeira metade do século XIX. Já agora: cientistas da Universidade do Oregon (há sempre uma Universidade americana para nos informar destas relevancias) chegaram à conclusão de que os mamutes foram extintos por meteoritos que embateram na Terra, aliás, em período glaciar, o que é particularmente excitante dadas as temperaturas que se vivem actualmente, nesta era de arrefecimento global. O que é que isto tudo tem a ver com o facto de haver um rallye de veículos diversos chamado Dakar que se realiza na Argentina e não pelas entranhas do Norte de África é o que eu ainda estou para tentar perceber, mas que não me parece bom augúrio cósmico, lá isso não.

(Via Láctea)



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Domingo, 21.12.08

Sábado à tarde solarengo em Lisboa, nas Amoreiras. Muitas e desvairadas gentes atravessam-se em destinos que se cruzam apenas nos corredores e se desvanecem quando se traspõem as portas da rua. Ex-banqueiros e seus advogados saiem a meio da tarde, indiferentes às compras e às músicas de Natal que não páram de tocar. Acusados de ter cometido infracções, terão que se defender, sem horário nem calendário. Gente feliz com sacos leva tudo à sua frente, num irritante autismo, quase agredindo com os seus sacos e as suas malas de compras quem tem o azar de não perceber que não pode pura e simplesmente andar nas Amoreiras mas sim fazer autênticas gincanas. No éter, oiço Pacheco Pereira explicar como as canções de Ágata são retratos sociais de uma época e falavam de problemas do dia-a-dia das pessoas e como esse era o segredo do seu sucesso. Fico a saber que não tem preconceito contra a música pimba. Oiço o "Mãe Solteira" e fico a saber pela milésima vez que posso ficar com com a casa, com o carro, mas não fico com ele. Em seguida Pacheco Pereira decreta a morte da filatelia com os novos costumes do e-mail e do sms e com a rarefacção da utilização das estampilhas postais, vulgo selos. Também eu fui filatelista amador e gostei de recordar os tempos do selo. Este programa de Pacheco Pereira no Rádio Clube foi-me da maior utilidade. Permitiu-me descansar da memória do homem que vira, minutos antes, tombar, redondo no chão, de inanição. Tão simples quanto isso. Um homem, já idoso, rosto marcado indelevelmente pelas agruras da vida, com um porte de uma dignidade incrível, que caía ao chão (vi duas vezes), apenas porque ainda não tinha comido nada ontem. Era apenas fome. Apenas. Recusou ambulância, recusou médico. Ajudado pelos seguranças do centro comercial em deriva humanitária, sentou-se numa cadeira esperando o regresso das forças que lhe permitissem andar. A Margarida, de lágrimas nos olhos, foi-lhe comprar um pacote de leite, que lhe deu a beber, antes de desabafar em português vernáculo contra o mundo que permite que estas pessoas estejam a viver assim. Foi o inesperado pequeno-almoço do homem por volta das cinco da tarde. Compreendo muito bem que a Margarida não sinta Natal. É realmente muito difícil. A fome daquele homem não estava escrita na cara, nem vem nas estatísticas da desigualdade social do INE de 2006 com que Sócrates discursou esta semana no debate parlamentar. Também não sei se aquele homem é funcionário público e vai ter acesso ao apoio que o Governo anunciou em exclusivo para funcionários públicos. Sei que no meu país a pobreza oculta-se mas vai matando lentamente.

 

(publicado em O Carmo e a Trindade)



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Sábado, 15.11.08

Descubro, ainda n' A Bola, que o antigo jogador de futebol Ricardo Sá Pinto é, nem mais nem menos, do que, tomem bem nota, senhoras e senhores, meninos e meninas, e a todos que escutam a emissão internacional do Tomar Partido, embaixador da PT para o desporto escolar! Ena pá, isto é que é vida. O que fará ele nas delicadas missões diplomáticas de que está por certo incimbido? Vende serviços da PT à criançada? Vende a necessidade de uma alimentação saudável para se ser um bom desportista escolar?



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Sábado, 01.11.08

Vim a Lisboa num instante. E tirei as minhas dúvidas. Umas voltas rápidas ao El Corte Ingles e ao Oeiras Parque tiraram-me as dúvidas que ainda tinha. É oficial: o Natal, para o comércio, começa a 1 de Novembro. Não há ocorrência mais lamentável do que esta estupidez. Os funcionários públicos recebem o subsídio de Natal para o final deste mês. Os das empresas privadas, os que recebem essa pérola do estado social, que os há e muitos que nem lhe vêem o cheiro, receberão lá para meados de Dezembro. Qual é a ideia deste pessoal? Vi muita gente a passear e a vigiar gulosa mas melancolicamente os objectos à venda. Eles consomem com os olhos, agora que já não podem consumir mais com o crédito. Não comprarão. Algo não bate certo naquelas ruas de consumo para onde melancolicamente emigraram os tempos livres da classe média portuguesa. O comércio gastará mais electricidade. As vendas não aumentarão por causa disso. É a crise.



publicado por Jorge Ferreira às 20:08 | link do post | comentar

Sábado, 14.06.08

Agora são os rebocadores que, à boleia dos camionistas, querem alterar os preços pagos pelas seguradoras, os quais não contemplam certamente as alterações no custo dos combustíveis. Será que Sócrates vai pôr o Orçamento do Estado a suportar o diferencial, sempre a custo zero, claro, como despudoradamente nos garante a pantomina oficialeira para telejornal ver?



publicado por Jorge Ferreira às 16:53 | link do post | comentar

Terça-feira, 10.06.08

"Não deixa de ser irónico que ao fim de mais de dois anos com o PCP a tentar promover conflitos sociais sejam os pescadores e os camionistas que, fugindo ao controlo do "partido do proletariado" tenham protagonizado os conflitos mais graves vividos nos últimos anos, senão mesmo na última década. Ainda por cima, em vez de os trabalhadores serem liderados pela "vanguarda do proletariado" são conduzidos pelos patrões, com os quais são solidários e cujos lucros defendem como condição para a sua sobrevivência".

 

O Jumento.



publicado por Jorge Ferreira às 17:34 | link do post | comentar

 

 

Esta fotografia fui "pilhá-la" ao blogue de Pedro Rolo Duarte. Não sei porquê, mas apeteceu-me lembrar a história.



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Sábado, 19.04.08

O teste para medir uma qualidade sociológica ímpar: ser ou não ser um "homem do norte".


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Terça-feira, 11.12.07
"Um Estado que exige, mas não cumpre, que cobra e não paga, mesmo quando condenado em tribunal, e que nem o básico – a justiça e a segurança – assegura. Mas que, mesmo assim, está sempre disposto a dar lições de moral sobre os perigos de tudo, desde o endividamento (em que é o maior especialista) ao saco plástico e à globalização. "
José Manuel Moreira, via O Insurgente.


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Sexta-feira, 07.12.07
Portugal deve ser o país do mundo onde mais se investiga. Todos os dias a comunicação social nos informa de que uma multiplicidade de entidades públicas se dedicam ao meritório esforço de investigar. Investigam-se empresas, cidadãos, negócios. Um sortido de polícias, instituições, reguladores, fiscais, dedicam-se a saber da vida alheia no sentido de zelar pelo cumprimento da legalidade, aliás, neste momento uma espécie de ciência oculta quase indecifrável para os técnicos do Direito, quanto mais para o cidadão comum, dada a profusão de leis, rectificações, correcções, versões com que o Estado brinca aos legisladores.

Exemplos não faltam todos os dias. Sobreiros, submarinos, financiamento de partidos, jogadas na bolsa de valores, furacões, apitos de cores várias, bancos, restaurantes, feiras, negócios, autarquias, gangs, máfias, mafiazinhas e mafiazonas, terroristas, bombistas nocturnos, carjackers, os próprios polícias, tudo em Portugal é passado a pente fino. Para o ano, também os fumadores.

Mas os investigadores são imparáveis. Querem sempre investigar mais. Por isso, até os serviços de informações querem agora poder fazer escutas por causa do terrorismo (dizem eles, embora eu não esteja muito convencido que o Alqaedistão passe por aqui). Os investigadores transformam-se perversamente em glutões investigatórios. A investigação é uma espiral patológica de necessidades.

Ora, com isto, gasta a República incontáveis milhões, que saiem de onde, adivinhem os leitores?... Pois claro, do orçamento do Estado! E o dinheirinho do orçamento, vem de onde, adivinhem os leitores? Pois claro, do nosso bolso. A Nação trabalha afanosamente na ilusão de que está a contribuir para o cumprimento da lei, pagando as logísticas e os ordenados de um exército de investigadores. São cidadãos, como todos os outros, a quem pagam para vasculhar a vida alheia. E que precisam de computadores, de papel, de canetas, de ar condicionado, de casas com telhado, de gabinetes, de carros, de colegas, de testemunhas.

Aqui chegados, cumpre perguntar: e então os resultados? Sim, os resultados? De tanta energia deve haver algum resultado concreto. Pois. O problema é que o Estado não tem capacidade para atingir os resultados. Os milhares de coimas por pagar, os milhares de processos instruídos pela ASAE a que o Ministério Público não consegue dar resposta, as milhares de impugnações judiciais a que os Tribunais reservam as gavetas da Sra. D. Morosidade Judicial de Portugal (por favor, não vão à lista telefónica, que a morada e o respectivo número são pagos pelo Estado e, naturalmente, confidenciais).

Resta então o quê? A quadrilhice. Desde logo a quadrilhice jornalística, comercialmente bombástica, mas na prática inconsequente. Depois, a quadrilhice do boca-a-boca, a boataria, um desporto popular gratuito que é de borla e ajuda a passar o tempo.

Resultados é que não há. Chama-se a este fenómeno impunidade e a impunidade é o vírus da legalidade. É assim que vivemos e nada me garante que não é assim que como povo sábio seja assim que nos sentamos e nos sentimos felizes para sempre. Nunca nenhuma lei proibiu os chico-espertos. É por isso que os encontramos nas estradas, nas repartições, nas lojas e até como deputados. Abençoado país.
(publicado na edição de hoje do Diário de Aveiro)


publicado por Jorge Ferreira às 00:24 | link do post | comentar

A sociedade democrática moderna está a criar um nova fractura que ameaça ser responsável por enormes e potencialmente graves conflitos sociais. Essa fractura é entre dois grupos sociais distintos: um grupo é o das pessoas que trabalham na órbita do Estado e das demais entidades públicas, ainda que por vezes estas assumam natureza jurídica privada. Falamos não só dos que trabalham directamente, mas também dos que dependem familiar e socialmente dos que trabalham directamente no sector público. O outro grupo é constituído pelas pessoas que trabalham e assentam a sua estrutura de sobrevivência no sector privado.

O que divide essencialmente estes dois mundos sociais é que o primeiro está habituado a ter garantia de emprego vitalício sem possibilidade de retrocesso e sem hipótese de o perder, enquanto o segundo grupo vive numa competição diária porque sabe que não tem emprego garantido e que pode facilmente perdê-lo ou mudar. Estes dois pontos de partida criam atitudes radicalmente diferentes no quotidiano dos dois grupos. Atitudes quanto ao modo como se encara a utilização dos recursos públicos, isto é da receita dos impostos, como encaram a produtividade, a competitividade, a eficiência e, sobretudo, os resultados do seu trabalho.

A esquerda assentou o modelo de Estado social numa premissa que se veio a revelar falsa: a de que o capitalismo só progredia, só aumentava e não perdia lucros e que o bem-estar social seria progressivo, legitimando a atribuição de cada vez mais direitos e regalias. A direita socialista também adoptou esta cómoda e convidativa perspectiva de vida. Os direitos foram aumentando, os deveres foram diminuindo e agora, que se comprova que é falsa a premissa ninguém se atreve a abdicar do adquirido ao longo de décadas de prosperidade contínua.

O resultado é o seguinte: enquanto os trabalhadores do sector público e do sector alegadamente privado em que o “patrão” é o Estado fazem greve, os trabalhadores do sector privado preferem o emprego à contestação, percebem na carne o que está em causa e escolhem o sacrifício de alguns direitos adquiridos em vez de arriscarem perder o posto de trabalho.

É esta fractura que não tem solução à vista dentro do sistema, visto que este é dominado por esquerdas e direitas socialistas que são autoras do modelo e que jamais serão capazes de o reformar. Terá de ser a dura realidade da economia a fazer os estragos sociais inevitáveis já que a competição eleitoral pelos votos não deixará os partidos do sistema falarem verdade e consequência.
(publicado na edição de hoje do Semanário)


publicado por Jorge Ferreira às 00:22 | link do post | comentar

Quarta-feira, 07.02.07
O espectáculo "Visita guiada", da bailarina Cláudia Dias, integrado no Festival Internacional de Dança "New Territories", em Glasgow (Escócia) foi cancelado pelo facto de a lei proibir fumar em público, anunciou hoje a companhia de dança RE.AL. Cláudia Dias cometeu o erro de incluir entre outros objectos um cigarrinho. Coreografia fatal. Não podemos fazer caricaturas de Maomé, não podemos falar de Maomé, não podemos dizer mal do véu, não podemos fazer humor com o Islão, não podemos fumar sem ter a cabeça para baixo numa sanita à mão, não podemos ter estilos de vida sedentários, não podemos ser obesos. Que raio de vida que nos estão a arranjar.


publicado por Jorge Ferreira às 17:21 | link do post | comentar | ver comentários (1)

Terça-feira, 06.02.07
Imagine o leitor que é um gestor de primeira linha de uma grande cadeia de distribuição europeia, responsável pelas lojas em Portugal. Imagina-se, porventura, que será distinguido como o gestor desse grupo que melhores margens comerciais e lucros consegue obter no conjunto de países europeus onde o grupo está implantado?

Pense bem: está em Portugal, um país declarado oficialmente de tanga desde 2002. O facto do classificador ter emigrado é a melhor prova da penúria pública. Onde habita um povo que todos os anos tem sido chamado a sacrifícios e mais sacrifícios, em nome da redução de uma despesa, a pública, que não há maneira de ser endireitada. Um país cujo povo, diz-se, está endividado por causa da casa, do carro, do computador, das férias. Um país onde os salários, dizem os sindicalistas que não visitam o seu posto de trabalho há vários lustros, descem em termos reais ano após ano. Onde os trabalhadores são acusados de não produzirem, as empresas de não gerirem, os políticos de se servirem… Pense bem: acha realmente plausível obter o prémio? Por outras palavras: acha possível um povo, num país assim, consumir o suficiente para fazer de si o campeão europeu dos lucros dessa rede de distribuição, vulgo supermercados?

Pois claro, a sua resposta, sensata, lógica e prudente deverá ser um óbvio não!

Engana-se, caro leitor. Teria fortes hipóteses de alcançar o almejado prémio. E não, não é filosofia nem prosápia. É mesmo verdade. Existem redes de distribuição europeias onde os gestores que mais vendem são os que estão em Portugal. E esta realidade não admite duas explicações, mas apenas uma: os portugueses são dos europeus que mais consomem. E, em consequência, dos que mais dinheiro dão a ganhar aos empresários da grande distribuição comercial.

Esta realidade aparentemente contraditória, tem sido objecto de reflexão. Um desses responsáveis avançou uma explicação, num encontro que recentemente manteve com outros empresários e responsáveis políticos da Nova Democracia.

Dizia ele que em Portugal todos os jovens têm um objectivo: serem proprietários aos 30 anos. De casa, de carro, de outros bens duradouros. Que esses jovens não admitem sequer a situação transitória dos arrendamentos. Onde antigamente a propriedade era o culminar de uma vida de trabalho, de progresso na carreira e nos rendimentos, hoje tornou-se um ponto de partida e não um ponto de chegada. Para alcançar essa posição de proprietários precoces, sem uma estrutura de rendimento que o permita verdadeiramente, têm necessariamente de se endividar junto da banca.

Tornam-se então ilusórios proprietários de coisa nenhuma. E é assim que aos 40 anos a classe média, de idade e de rendimento, se vê rodeada de dívidas por todos os lados. Para esse gestor, verdadeiramente surpreendido com os elogios que lhe são dirigidos pelos altos responsáveis do grupo pelos resultados que obtém no nosso mercado de 10 milhões de consumidores (as crianças são cada vez mais consumidores por interpostos pais…) essa geração endividada vinga-se dessa situação que ela própria criou, consumindo, consumindo até não poder mais. Usando para tanto o cartão de crédito como sucedâneo da moeda de circulação corrente e recorrendo, se necessário for, a mais e mais endividamento.

É uma teoria com evidentes pontos de contacto com a realidade. Mas que não augura um futuro sadio para o país. Conceber a vida sem esforço, onde tudo se pode resolver e obter instantaneamente e a crédito, é encomendar um caixão financeiro cheio de cores por fora, mas sinistro por dentro. É um futuro eternamente adiado. Esta situação complexa resulta de muitos e variados factores, muitos deles induzidos pela publicidade, pela programação televisiva dos quinze minutos de fama, pela falta de coragem política para enfrentar a situação e por gerações de promessas de sonhos fáceis que não resistem às primeiras 48 horas de Governo.

Este ciclo tornou-se vicioso, porque alimentado em campanhas eleitorais onde se mente para ter votos. Os portugueses tornaram-se campeões mundiais do desta vez é que é. E assim vai vivendo. Até um dia se fartar.
(publicado no nº 7 da revista Nova Vaga)


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JORGE FERREIRA
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