Quarta-feira, 15.07.09

Vai um, vão dois, vão três. Vão todos os que que o maralhal quiser. E o pessoal a pagar.


tags:

publicado por Jorge Ferreira às 11:24 | link do post | comentar

Segunda-feira, 15.06.09

O número de abortos continua a aumentar em Portugal. Os partos diminuem. Um país de futuro com certeza. E como anda o aborto clandestino? Há estudos, há inquéritos? Há denúncias? As esquerdas estão de parabéns...


tags:

publicado por Jorge Ferreira às 18:24 | link do post | comentar

Terça-feira, 03.02.09

Curiosamente quem presta informações sobre as estatísticas do aborto é alguém que se apresenta como responsável pelo Programa Nacional de Saúde Reprodutiva. Deve ser a brincar certamente. Mas deve ser consolador para os socialistas verificar que há pelo menos uma previsão que bate certo com este Governo: a previsão dos abortos que foi feita antes da legalização está quase alcançada. Pena que se trate de uma previsão meio macabra.


tags: ,

publicado por Jorge Ferreira às 19:27 | link do post | comentar

Segunda-feira, 02.02.09

" Uma das maiores chagas sociais e um dos maiores problemas de saúde pública em Portugal é a persistência do aborto clandestino, ao qual milhares de mulheres são obrigadas a recorrer todos os anos, correndo riscos graves para a sua saúde física e também psíquica, muitas vezes tendo como dramática consequência a própria morte. Somos felizmente um país razoavelmente desenvolvido, onde há serviços de saúde modernos, tecnicamente bem equipados, com bons profissionais, onde a interrupção da gravidez – seja qual for a razão que levou a mulher a fazê-lo – pode ser feita com todas as condições de higiene e segurança, sem riscos que possam comprometer a saúde futura das mulheres. É desumano e inaceitável que, dispondo destes recursos nos hospitais, não se permita às mulheres portuguesas que deles beneficiem, quando decidem pôr fim a uma gravidez indesejada, sujeitando-as a métodos primitivos e brutais. Para acabar com esta violência, completamente desnecessária e inútil, não há outra maneira que não seja descriminalizar e permitir a interrupção voluntária da gravidez até às 10 semanas em instalações de saúde com condições para a sua realização, protegendo a saúde da mulher e pondo ao seu dispor os melhores e mais modernos recursos da medicina. No dia 11, votar SIM é, também, votar pela modernidade.", João Semedo, deputado do Bloco de Esquerda.

"Abortos ilegais por dois mil euros. Clandestino. A Clínica Mulher funcionava ilegalmente em Matosinhos e foi encerrada pela PSP, que deteve uma enfermeira e uma auxiliar de limpeza, apanhadas em flagrante delito."

Um dos argumentos mais repetidos do sim no referendo da despenalização do aborto era o de que era necessário acabar com o aborto clandestino. Os partidários do não ll´~a iam retorquindo conforme podiam que a despenalização do aborto não acabaria com o aborto clandestino. Os do não tinham razão.

(Foto)



publicado por Jorge Ferreira às 17:07 | link do post | comentar

Segunda-feira, 30.06.08

Alheado como tenho andado das coisas mais ou menos terrenas, leio no João Gonçalves que Cavaco Silva se terá declarado católico praticante à saída de uma audiência com o Papa. Por mim, nada a opôr. Enoja-me a hipocrisia de as pessoas terem de fazer de conta que são o que não são para exercer certas funções, das quais pode ser, por exemplo, a de Presidente da República. Mas já acho muito estranho que o país tenha ficado sem saber como votou Cavaco Silva no referendo sobre o aborto. Coisas estranhas.



publicado por Jorge Ferreira às 18:37 | link do post | comentar

Quinta-feira, 26.06.08

A notícia é inacreditável. O Estado decidiu atribuir um subsídio, a que chama de “maternidade”, às mulheres que tiverem abortado e tiverem de ficar uns dias sem trabalhar por causa disso. É chocante que o Estado pague a quem aborta. É ridículo que chame a esse pagamento subsídio de maternidade, logo a pessoas que renunciaram à própria maternidade. Este PS anda de cabeça perdida por causa da crise. E, agora, sabemos que além da cabeça perdeu a vergonha. É para isto que o PS quer o dinheiro dos impostos de quem trabalha: para subsidiar a abortagem.

 

(publicado na edição de hoje do Democracia Liberal)

 


tags: , ,

publicado por Jorge Ferreira às 23:14 | link do post | comentar | ver comentários (2)

Terça-feira, 19.02.08
Caro Tiago Barbosa Ribeiro, o exemplo da realidade tramada, como outros casos de aborto clandestino até às dez semanas que já se sabe que ocorreram, só foi por mim invocado como exemplo de que a liberalização do aborto não acaba com o aborto clandestino. Nem aqui nem em lado nenhum. Apenas isso. Como o fim do aborto clandestino foi argumento central na campanha do sim, bem sei que a par de outros, aí está a realidade a desmentir o argumento.


publicado por Jorge Ferreira às 23:22 | link do post | comentar

Quinta-feira, 14.02.08
"Mas algo de substancial foi alterado: nenhuma mulher voltou a ser julgada pela prática de aborto. Nem teve de o praticar em condições indignas.", Tiago Barbosa Ribeiro, no Kontratempos.
"Engoliu cinco comprimidos e introduziu outros tantos na vagina. "Sabe o que me vai acontecer?", pergunta, num tom assustado, a aluna da Escola Profissional da Torredeita, em Viseu. O país inteiro sabe que interrompeu uma gravidez de 20 semanas com Cytotec, um fármaco indicado para úlceras gástricas e duodenais. Enquanto se contorcia de dor, ali, na residência estudantil, alguém ligou à GNR.", Público.
Sem comentários.


publicado por Jorge Ferreira às 11:37 | link do post | comentar | ver comentários (1)

Segunda-feira, 11.02.08
Faz hoje um ano que o aborto até às dez semanas de gravidez deixou de ser crime. O país passsou a ter um objectivo diferente: em vez de ser atingir um certo número de nascimentos, passou a ser atingir um certo número de abortos. Ou seja, passou a ser um país ainda mais atrasado do que aquilo que era. Já agora cumpre perguntar onde estão as medidas prometidas pelos socialistas para evitar os abortos. Esqueceram-se.

tags:

publicado por Jorge Ferreira às 11:24 | link do post | comentar | ver comentários (1)

Segunda-feira, 21.01.08
Desde há um ano que o aborto saiu de moda. Os políticos dormem descansados com o resultado do referendo. A esquerda fracturante engendra novas causas. Tudo está, pois, no seu lugar. Até o aborto clandestino continua no seu lugar. Muitos disseram e poucos ouviram durante a campanha do referendo que a liberalização do aborto até às dez semanas não acabaria com o aborto clandestino, como pretendiam os que defendiam a liberalização. Aí está. Quem quis ver, pôde ver ontem no telejornal da RTP 1, o ponto da situação. Os químicos, as casas, os desmanches, continuam o seu percurso, indiferentes ao Direito e indiferentes ao Ministério Público. A propósito: o Ministério Público ainda se preocupa com o crime de aborto, que é justamente aquele praticado em estabelecimento não autorizado ou o que é praticado após as dez semanas de gravidez?
Sobre o mesmo assunto, ver Gonçalo Moita, em O Cachimbo de Magritte.

tags:

publicado por Jorge Ferreira às 15:48 | link do post | comentar

Quarta-feira, 16.01.08
O Tribunal Constitucional tem na gaveta, aparentemente perdidos, dois pedidos de fiscalização da constitucionalidade: lei do aborto e lei da procriação medicamente assistida. O Paulo Marcelo denuncia e bem esta espécie de "Justiça de gaveta".


publicado por Jorge Ferreira às 15:01 | link do post | comentar

Terça-feira, 27.11.07
"La Guardia Civil ha detenido al director de las clínicas del grupo Ginemedex-TCB, Carlos Morín, que han sido registradas hoy de manera pormenorizada, en una operación dirigida por la Fiscalía y un juzgado de instrucción ante las sospechas de que se realizan de manera reiterada abortos ilegales." Só para lembrar aos esquecidos e aos distraídos que a liberalização do aborto não acaba com o aborto clandestino. E cá, vão as autoridades combater o aborto clandestino, vão perseguir e punir os responsáveis? Ou 'tá tudo em "ordem"?
(Via Desconcertante)

tags:

publicado por Jorge Ferreira às 23:31 | link do post | comentar

Sábado, 28.07.07
Aqui no Continente colonialista tudo o que Alberto João Jardim diga ou faça é lido e analisado à lupa do pior que Alberto João Jardim já disse e já fez. Mas no problema do aborto, quer parecer-me que o homem não está destituído de razão. O aborto livre até ás dez semanas deixou de ser crime em todo o território nacional. Na Madeira, enquanto não fôr independente, também. Questão diferente é saber se o Governo Regional é obrigado a pagá-los. Eu acho que não é. O que resultou do referendo foi a liberalização do aborto em estabelecimento de saúde autorizado. O aborto nos serviços públicos de saúde não foi referendado. Coisa bem diferente é obrigar o Governo Regional a pagar abortos nos serviços públicos regionais de saúde, matéria que entra já no domínio da autonomia até á luz das normas da Lei das Finanças Regionais que a esquerda aplaudiu (Artigo 12º: "A regionalização de serviços e a transferência de poderes prosseguem de acordo com aConstituição e a lei, devendo ser sempre acompanhadas dos correspondentes meios financeiros para fazer face aos respectivos encargos."). Parece que no Continente também vão existir largas porções do território onde os estabelecimentos públicos de saúde não vão fazer abortos. Então como é?


publicado por Jorge Ferreira às 16:50 | link do post | comentar

Sexta-feira, 20.07.07
Suprema hipocrisia é liberalizar o aborto até às dez semanas e dar incentivos financeiros para fazer filhos.


publicado por Jorge Ferreira às 11:33 | link do post | comentar | ver comentários (1)

Segunda-feira, 09.07.07
Chegou finalmente o grande dia. Doze hospitais do Norte de Portugal começam hoje a realizar abortos a pedido da mulher, apesar de a regulamentação da lei do aborto só entrar em vigor a 15 de Julho. Nós, por cá, somos assim. Há leis que vigoram anos sem nunca terem a sorte de serem cumpridas pelo próprio Estado. Há outras que começam a ser cumpridas antes mesmo de estarem em vigor. País bonito com tão exímia eficácia. Como eu gostava que tanta eficácia existisse na solução do problema das listas de espera nos hospitais. A ideologia faz milagres. A propósito: alguém sabe o que terá acontecido à célebre Clínica dos Arcos, tão lesta antes do referendo do aborto a anunciar que queria abrir o mais depressa possível em Lisboa?

tags: ,

publicado por Jorge Ferreira às 10:19 | link do post | comentar | ver comentários (1)

Sexta-feira, 06.07.07
Três hospitais portugueses já estão a praticar abortos a pedido da mulher, apesar de a regulamentação da lei da interrupção voluntária da gravidez só entrar em vigor a 15 de Julho, disse hoje o presidente da Comissão de Saúde Materna. Segundo Jorge Branco, os hospitais de Portimão, Garcia de Orta e a Maternidade Alfredo da Costa, em Lisboa, são as unidades que já fazem interrupções voluntárias da gravidez até às dez semanas."A pressão da população é muito grande. Desde que cumpram a lei não me parece que seja um problema", disse Jorge Branco à Lusa quando confrontado com o facto de a regulamentação da legislação só entrar em vigor dentro de alguns dias. Este médico é um tratado. Desde que cumpram a lei, excepto o artigo da mesma Lei que diz quando é que a Lei começa a aplicar-se. E tudo por causa da pressão da população. Se Correia de Campos começar a dar ouvidos a este médico, isto é, começar a dar ouvidos à pressão da população, arruma a secretária e vai-se embora da cadeirinha.


publicado por Jorge Ferreira às 18:37 | link do post | comentar

Quinta-feira, 21.06.07
(Desfibrilhador)

Todas as mulheres que decidam interromper voluntariamente a gravidez estarão isentas de taxas moderadoras no Serviço Nacional de Saúde, tal como qualquer outra grávida. É uma das medidas previstas na regulamentação do aborto livre resultante do último referendo. Os contribuintes pagarão assim duas vezes pelos abortos feitos no SNS.

Entretanto, em Portugal existem apenas cerca de 60 desfibrilhadores referenciados na rede de cuidados primários de saúde. De acordo os dados disponibilizados pela Carta de Equipamentos da Saúde (CES), disponível na internet, isso significa que apenas um cada seis centros de saúde (unidade central com respectivas extensões) dispõe deste equipamento que pode salvar vidas em caso de paragem cardíaca.

Definitivamente, cada vez é mais difícil e mais caro viver com saúde com o Governo de Sócrates. Ao invés, destruir vidas é fácil e o Estado, isto é, todos nós temos de pagar. Devia existir objecção de consciência para o contribuinte!


(publicado na edição de hoje do Democracia Liberal)


publicado por Jorge Ferreira às 18:55 | link do post | comentar | ver comentários (1)

Terça-feira, 19.06.07
Parece que andam para aí umas pessoas escandalizadas por os médicos exercerem o seu direito constitucional à objecção de consciência no que respeita a efectuarem abortos nos hospitais. Não tarda chegarão os fundamentalistas de serviço a chamar-lhes criminosos. E também andam escandalizads essas pessoas por os hospitais não terem meios para efectuarem abortos. Não entendo a escandaleira. Um dos argumentos do sim no referndo é que não se tratava de concretizar um direito ao aborto, caso em que obviamente os hospitais tinham a obrigação de os efectuar a solicitação das doentes (nos hospitais tratam-se doentes). Mas que se tratava apenas de não deixar prender as mulheres que os fizessem. Ora, então já está. As mulheres que os fixerem já não vão presas, mas não existe nenhuma obrigação nem dos médicos os fazerem nem dos hospitais terem meios de o fazer, porque não está consagrado na lei nenhum direito ao aborto. Ou o argumentário do sim era apenas uma patranha para caçar votos?

tags:

publicado por Jorge Ferreira às 14:34 | link do post | comentar

Sábado, 16.06.07
(Estaline)

Começa a ser sinistra a concepção sobre os direitos fundamentais dos cidadãos que os porta vozes do sistema vão lentamente expondo nas páginas, nas palavras, na opinião. Esta estalinista diferenciação que Fernanda Câncio estabelece entre o direito das mulheres abortarem e o não direito dos médicos à objecção de consciência, faz lembrar outros tempos, outros sítios, outros personagens. Só faltou a proposta final que se deduz de tudo quanto escreve: a um médico que decida defender a vida e invocar objecção de consciência para não fazer um aborto deve-se-lhe apontar uma pistola à cabeça para o obrigar a fazer o aborto. O que pensará Fernanda Câncio da cláusula de consciência dos jornalistas? Será contra?


publicado por Jorge Ferreira às 13:16 | link do post | comentar | ver comentários (1)

Quinta-feira, 12.04.07
Sobre Cavaco Silva e a lei do aborto. No Portugal dos Pequeninos.


publicado por Jorge Ferreira às 22:26 | link do post | comentar

Terça-feira, 10.04.07
O centro-esquerda, a esquerda e a extrema-esquerda rejubila com Cavaco Silva. Nada que eu não tivesse previsto. Para aproveitar a maré, decidi jogar esta semana no Euromilhões.


publicado por Jorge Ferreira às 22:31 | link do post | comentar

Quarta-feira, 28.02.07
Os idiotas úteis do Sim, por João Miranda, no Blasfémias. Mesmo na esquerda há uns mais iguais que outros.


publicado por Jorge Ferreira às 11:52 | link do post | comentar

Sexta-feira, 23.02.07
Leio no Pedro Guedes que o Hospital onde Sócrates fechou a maternidade, Elvas, remetendo as mulheres grávidas para la ciudad hermana de Badajoz, vai ser um dos que vão ser preparados para fazer abortos. Ora aí está simbólica, devastadora, paradigmática, pujante, radiosa, toda uma cosmovisão do Portugal moderno do século XXI. O défice do Serviço Nacional de Saúde não acha rentável nascer, mas já acha rentável abortar.


publicado por Jorge Ferreira às 10:36 | link do post | comentar

Sexta-feira, 16.02.07
O sim ganhou o referendo do aborto. A partir de agora e apesar da Assembleia da República não estar obrigada a legislar nesse sentido porque não votou a maioria dos eleitores recenseados, as esquerdas têm legitimidade política para fazer uma lei com uma norma a dizer que o aborto praticado até às dez semanas por opção da mulher em estabelecimento de saúde autorizado não é crime.

Parece simples não é caro leitor? Pois não é.

Logo nos dias seguintes ao referendo ficou claro que o PS não sabe o que fazer com a vitória que inegavelmente alcançou. Na segunda-feira veio Alberto Martins, líder parlamentar do PS, dar a entender que não haveria qualquer aconselhamento obrigatório para as grávidas que quisessem abortar. Na terça-feira, nas jornadas parlamentares do PS, essa ideia ficou ainda mais vincada em declarações de diversos deputados e do próprio Primeiro-Ministro. Para quem acompanhou a campanha de perto, é fácil constatar que alguns defensores do Sim mentiram com quantos dentes tinham na boca quando afirmaram que a resposta Sim à pergunta do referendo não implicaria o Sim ao aborto livre. Chamaram mentirosos a quem afirmava o contrário. Alguns, como Vital Moreira ou Maria de Belém Roseira, deram a entender que o aconselhamento seria contemplado na regulamentação da lei.

Constata-se agora que tudo não passou de uma mentira. Quem, de boa fé, respondeu Sim, na expectativa de que aí viria uma lei moderada, desengane-se, pois o que a maioria aprovou foi efectivamente o "direito ao aborto". Depois veio outra vez Alberto Martins dizer que ninguém fazia a Lei, só o PS. O PS parece uma criança a quem deram um brinquedo novo. O problema é que não sabe como pôr o brinquedo a funcionar.

A verdade é que existem várias questões em aberto por resolver. Vai-se despenalizar ou descriminalizar o aborto, mantendo a sua ilicitude? Vai-se dar a exclusiva opção de abortar à mãe ou vai permitir-se que o pai tenha opinião? Vai-se construir um tipo de crime novo punindo o acto conforme o lugar onde ele é praticado, sem consideração pelos “direitos” da mãe, mantendo-se teimosamente a ideia de que só não há crime nos “estabelecimentos de saúde legalmente autorizados”? Vai-se exigir uma qualquer motivação da mãe - “angústia”, “sofrimento psicológico” ou outra equivalente - ou não se exigirá qualquer razão, por frágil que seja?Vai-se exigir um período de aconselhamento e reflexão prévios - e vai-se fazer desse momento um espaço informativo meramente técnico, ou, pelo contrário, vai transformar-se esse momento numa ocasião de defesa da vida? Vai estabelecer-se algum equilíbrio entre as mães que abortam e as que querem ter os seus filhos, em termos de acesso a prestações sociais? O que vai o Estado fazer aos casais que querem ter filhos e não podem? Vai tratá-los como doentes e apoiá-los no Serviço Nacional de Saúde como irá passar a fazer com as grávidas?

A esclarecer tudo isto fugiram Sócrates, Correia de Campos, o PS e restantes esquerdas durante o debate de campanha. Não convinha. Agora está instalada a confusão.

Para agravar tudo isto, vem agora, agora, só agora, Cavaco Silva puxar dos galões presidenciais e exigir prudência e equilíbrio na Lei. O mesmo Presidente que nem uma intervenção pública se dignou fazer sobre o tema quando era o tempo de esclarecer e decidir, que nem uma mensagem prévia de apelo ao voto no referendo arriscou fazer. Tarde de mais para tanta preocupação, parece-me. É que o Presidente tem, dizem os sábios constitucionais, o enormíssimo poder da palavra. Com o seu silêncio no momento em que devia ter falado, Cavaco Silva não perdeu certamente o poder formal do veto, mas perdeu seguramente autoridade política e margem de manobra para fazer o que quer que seja.

(publicado na edição d ehoje do Diário de Aveiro)


publicado por Jorge Ferreira às 01:19 | link do post | comentar | ver comentários (2)

Quarta-feira, 14.02.07
Os portugueses que se deram ao incómodo de enfrentar a chuva e o vento no Domingo passado disseram maioritariamente que são a favor do aborto praticado nas dez primeiras semanas de gravidez por opção da mulher em estabelecimento de saúde autorizado. Não entendo, com tanta objectividade e transparência perguntativas qual a razão da confusão que grassa no PS sobre a nova redacção da Lei. Querem ver que ainda nos vão dar razão quanto à natureza batoteira, no mínimo insuficiente, da perguntinha?
Ver também aqui e aqui.


publicado por Jorge Ferreira às 20:43 | link do post | comentar | ver comentários (2)

" (...) que conceito de "modernidade" e "progresso" autoriza a fazer dos concelhos mais rurais, envelhecidos e analfabetos do Sul - aqueles em que o "sim" teve os melhores resultados -, a vanguarda do "progresso" e da "modernidade"? Para perceber esta estranha mentalidade, teremos de recuar ao século XIX. As esquerdas em Portugal acreditaram sempre que a "modernidade" consistiria numa simples versão laicista da homogeneidade católica do Antigo Regime: onde antes todos eram "católicos", todos um dia seriam "homens de esquerda" (inclusive as mulheres...). Foi o que aprenderam com Auguste Comte. O "progresso" iria consistir no triunfo total do secularismo socialista, tal como a história antiga teria consistido na expansão da igreja cristã. As direitas seriam uma espécie de índios americanos, condenadas a desaparecer perante as caravanas e comboios da esquerda. Foi assim que Afonso Costa, em 1910, se convenceu de que podia acabar com o catolicismo em "duas gerações". O que aconteceu a seguir é conhecido. Mas, pelos vistos, houve quem não tivesse aprendido nada. As esquerdas portuguesas dão-nos as boas-vindas ao século XXI com as ideias do século XIX."
Rui Ramos, no Público


publicado por Jorge Ferreira às 19:34 | link do post | comentar

Terça-feira, 13.02.07
Alberto Martins, um ex-militante do MES, assim uma espécie de Bloco de Esquerda dos anos setenta que inundou o PS a tempo de poder ocupar cargos electivos no Estado e a que também pertenceu o Dr. Sampaio, veio esclarecer o sentido da interpretação socialista do Sim ao aborto livre. Só o PS é que mexe na Lei, mais ninguém. Só o PS é que faz a Lei, mais ninguém. Ele é a Lei. A Lei é ele. Melhor afirmação do Estado absoluto, capturado por uma maioria absoluta arrogante, não há.


publicado por Jorge Ferreira às 22:03 | link do post | comentar | ver comentários (2)

Segunda-feira, 12.02.07
O Bloco de Esquerda quis em tempos obrigar por Lei os médicos objectores de consciência a encaminhar as mulheres que quisessem abortar para um médico que não fosse objector de consciência. Estranha objecção de consciência. Será que o Bloco defende que se um cidadão fôr mobilizado para a tropa e fôr objector de consciência deve indicar outro cidadão que não se importe de disparar umas balas para ir no lugar dele?


publicado por Jorge Ferreira às 18:34 | link do post | comentar

"Ao longo destes oito anos, as mulheres que optaram por abortar não tiveram acompanhamento ou aconselhamento visando convence-las do erro da sua opção. Hipócrita e politicamente desonesta foi pois a posição de políticos que apelando ao Não apontaram o caminho de alternativas ao aborto. Temos o direito, e até o dever, de lhes perguntar: mas se existem, ou existiam, alternativas que razão impediu a sua adopção. Ou será que só o IVA para as fraldas, como tão enfaticamente foi referido por alguns conselheiros deste e do anterior presidente do CDS, é que mereceu destaque nos governos de Durão Barroso/Portas e de Santana Lopes/Portas? A vitória do Sim é pois também a tradução da inexistência de políticas alternativas, credíveis e palpáveis, por parte de governos constituídos por partidos maioritariamente defensores do Não. Paulo Portas e até Marques Mendes deveriam ter a noção de que sofreram uma pesada derrota, porque foi graças à sua ineficiência que os adeptos do Sim puderam convencer muitos portugueses. "
Manuel Monteiro, no Democracia Liberal


publicado por Jorge Ferreira às 16:32 | link do post | comentar

Ler a última entrada, de autoria de Rui Tabarra e Castro.


publicado por Jorge Ferreira às 15:31 | link do post | comentar | ver comentários (1)

Eu sei que o amigo Jumento vem aqui ler regularmente. Eu sei, portanto, que ele sabe, que não existem por aqui adeptos do ilusionismo. Não se me aplica, pois, a sua prosa digestiva. Nas sebentas da Faculdade aprendi que as teorias ecléticas, normalmente coimbrãs, serviam para vender livros, mas muito pouco para esclarecer os problemas. Eu sou mais Rennies.


publicado por Jorge Ferreira às 12:34 | link do post | comentar

Vale a pena ler sobre o novíssimo país do Sim, em que já se podem extirpar os pequenos ratos, os pintos e os restos do período livremente, Miguel Castelo Branco, Filipe Nunes Vicente, João Gonçalves e António Torres.


publicado por Jorge Ferreira às 12:06 | link do post | comentar

Domingo, 11.02.07
Pode haver concordância com vários pontos de vista. O Tomás Vasques acertou várias esta noite.


publicado por Jorge Ferreira às 22:31 | link do post | comentar

António Guterres.


publicado por Jorge Ferreira às 21:46 | link do post | comentar

"Não vamos sonhar de que vai acabar o aborto clandestino". Percebi que é alguém que votou Sim e que agora sabe que pode dizer a verdade e percebi também que é alguém da família de Pinto da Costa.


publicado por Jorge Ferreira às 21:27 | link do post | comentar

O ministro da Saúde está a prometer para fazer abortos um Serviço Nacional de Saúde de que infelizmente os portugueses com as outras doenças não podem dispôr.


publicado por Jorge Ferreira às 21:24 | link do post | comentar

Esta é uma noite à Luís de Matos. De repente, de uma cartola referendária, saíram vários e lindíssimos coelhos. Um coelho: apesar de não o terem posto na pergunta, os defensores do Sim agora querem todos aconselhamento prévio obrigatório para quem quiser abortar. Segundo coelho: Portugal passou a ter apenas numa noite um novo Serviço Nacional de Saúde. Terceiro coelho: afinal, dizem todos os do Sim, o aborto clandestino NÃO vai acabar. Eu sempre achei que a esquerda é especialista em ilusionismo. Pena que o seja também em ilusionismo eleitoral.


publicado por Jorge Ferreira às 21:19 | link do post | comentar

Cavaco Silva deu um péssimo exemplo cívivo e político nesta campanha. Furtou-se a tomar posição pública sobre uma matéria de interresse político e social relevante. E nem sequer um acto público de incitamento ao voto foi capaz de praticar. Quem tem memória sabe que Cavaco Silva não gosta de referendos. Sucede, porém, que a República usa-os e quando assim, enquanto o Presidente fôr este, é a República que fica momentaneamente sem Presidente. Lamentável. O João Gonçalves concorda comigo.


publicado por Jorge Ferreira às 19:48 | link do post | comentar

Este referendo tinha uma dupla pergunta: uma, explícita no boletim de voto, sobre a liberalização do aborto. Outra, escondida, sobre o interesse do povo português pelo instituto do referendo. Parece que a resposta à pergunta escondida não é animadora. A maioria significativa dos portugueses não se deu ao trabalho de ir votar e é a terceira vez que acontece. Mesmo assim, prefiro que se altere a lei, para retirar o requisito de vinculatividade actualmente existente, do que se elimine a utilização do referendo. Já agora, ainda existem eleitores fantasma nos cadernos eleitorais. Na era da informática e do Plano Tecnológico não é aberrante que isto aconteça?


publicado por Jorge Ferreira às 19:42 | link do post | comentar

Sexta-feira, 09.02.07


Bolgue do Não.

tags:

publicado por Jorge Ferreira às 14:18 | link do post | comentar | ver comentários (2)

Depois de amanhã, pela segunda vez em nove anos, vamos votar para saber se o aborto continua a ser crime, salvas as excepções já previstas no artigo 142º do Código Penal, ou se, pelo contrário, a mulher passa a ter o direito, de exercício absolutamente livre, bastando a sua opção, de abortar até às dez semanas, em estabelecimento de saúde licenciado.

Eu voto não.

A vida humana intra-uterina é digna de toda a protecção jurídica e a sua violação, como a da vida em geral, é crime. E continuará a sê-lo. Se ganhar o não, tal como sucede hoje. Se ganhar o sim, a partir das dez semanas. A injunção moral da norma incriminadora, tão abjurada pelos partidários do sim, subsistirá a partir das dez semanas. O que os partidários do sim não conseguem é explicar qual o misterioso facto que justifica a abolição dessa injunção moral até às dez semanas.

Diga-se, aliás, em abono da verdade, que todas as normas penais incriminadoras reflectem e exprimem uma moral, pelo que é absurdo o argumento que se deve votar sim porque supostamente o direito penal deve ser amoral, no sentido de que não deve projectar nenhuma consideração de natureza moral. Esta que está em discussão é de uma humanidade básica. Basta ouvir o que tem sido dito por vários partidários do sim acerca da vida humana intra-uterina. Melhor que eu eles fizeram uma feroz campanha pelo não. De pequeno rato a pinto, de coisa a um resto de período, de tudo se foi ouvindo acerca do feto. O problema é que a humanidade não vale só para quem aborta, deve também valer para um terceiro que, definitivamente, não pediu para existir.

Qual a diferença de um feto com nove semanas e seis dias e de outro com dez semanas e um dia? Ninguém explicou. Ninguém sabe. Como resolver com o sim o problema do aborto clandestino que subsistirá? Ninguém explicou. Ninguém sabe. E ninguém explicou porque a resposta à primeira pergunta é nenhuma e à segunda é não resolve. O que significa que as razões do sim subsistirão mesmo que o sim ganhe.

A opção que se coloca é a meu ver clara: ou se entende que a vida humana intra-uterina é digna de tutela penal e essa tutela terá de ter uma consequência penal ou então, desaparecendo essa tutela terá de desaparecer a consequência. O que não faz para mim sentido é a bizarria de querer criar um crime em teoria e um não crime na prática, por outras palavras um não na urna e um sim no Parlamento. O que retira conteúdo útil ao referendo é levar os cidadãos a votar numa solução, a qual depois não se aplica.

Duas palavras finais. O PS, o PSD e o CDS deviam ter vergonha de nada terem feito nos últimos anos para aplicar o que dizem ser necessário fazer para evitar o aborto. Todos estiveram no Governo, todos tiveram maiorias parlamentares e fizeram rigorosamente nada. Nem sequer foram capazes de estudar a realidade do aborto clandestino para se conhecer a verdadeira dimensão do problema. Por isso soam muito mal as lágrimas de crocodilo sobre a prevenção que esses três partidos agora choram.

Se o sim ganhar no domingo os partidários do não têm a estrita obrigação de continuar a lutar pela realização de novo referendo a realizar o mais tardar até 2016, que foi o tempo que durou o resultado do último referendo. Da mesma forma que os partidários do sim não descansaram enquanto não conseguiram realizar um novo referendo que desse a resposta que eles queriam que o outro tivesse dado.
(publicado na edição de hoje do Semanário)

tags:

publicado por Jorge Ferreira às 10:31 | link do post | comentar

A campanha do referendo do aborto chega hoje ao fim. É verdadeiramente esclarecedor sobre a oposição do CDS e do PSD que o Governo tenha conseguido escapar pelos pingos da chuva durante estes meses todos a esclarecer coisas básicas sobre o dia seguinte, se o Sim ganhar. Como vai ser a Lei? Como vai ser a regulamentação da Lei? O Serviço Nacional de Saúde garante ou não a satisfação da procura que vai haver? E se não satisfizer como resolve o Governo o problema? Deixa criar listas de espera até às 11, 12, 13, 14, 15, 16, 17, semanas de gravidez? Atribuirá prioridade aos abortos em detrimento do tratamento e de cirurgias relativas e verdadeiras doenças? Vai pagar às clínicas privadas que se substituírem ao SNS? Ninguém sabe, porque o Governo calou-se e ninguém o obrigou a falar.

Talvez porque o Governo esteja com medo do dia seguinte.
(publicado na edição de hoje do Democracia Liberal)


publicado por Jorge Ferreira às 10:30 | link do post | comentar

Quinta-feira, 08.02.07
A PJ em Salvaterra de Magos.
Al Gore em Lisboa.
Promulgação da Lei das Finanças Regionais por Cavaco Silva.
Reunião de emergência da Comissão Política do PSD Madeira.
Neve no Reino Unido dificulta ligações aéreas com Portugal.
Instituto de Meteorologia prevê chuva e vento no domingo.
AR discute proibição de embalagens demasiado grandes ( sim, não é ...).
Lojistas querem falência do Freeport de Alcochete.
E acho que ainda vai haver mais.

tags:

publicado por Jorge Ferreira às 10:59 | link do post | comentar

Terça-feira, 06.02.07
O Sim não gosta que se discuta a pergunta. É sinal de que se deve fazê-lo. O que não se quer discutir normalmente é porque não convém. Mais um excelente contributo para perceber as armadilhas da pergunta. Só cairá quem quiser. Por Luís Teixeira e Melo, no Democracia Liberal.

tags:

publicado por Jorge Ferreira às 13:28 | link do post | comentar

Segunda-feira, 05.02.07
"Eu defendo que Cavaco Silva devia informar os cidadãos sobre se vota sim ou se vota não no referendo. Não vejo em que é que isso diminuiria a função ou o titular. Pelo contrário, a falta de posição é que diminuirá a dimensão política do titular. E não se argumente com a ideia tão portuguesinha que o Presidente da República o é de todos os portugueses, que deve unir e não dividir e que tomar posição é dividi-los. Essa é uma visão meramente paroquial das instituições e da democracia. "
Evidentemente, bem poderemos esperar sentados. Cavaco Silva foge de tomar posição como o Diabo foge da cruz.


publicado por Jorge Ferreira às 13:44 | link do post | comentar | ver comentários (1)

Domingo, 04.02.07
"A apenas uma semana do referendo sobre a despenalização do aborto, o «sim» continua à frente, mas a perder terreno para o «não», que já recolhe 43,7% das intenções de voto. O «não» encontra-se a 7,6 pontos percentuais do «sim», com 51,3%, revela uma sondagem hoje divulgada pelo Correio da Manhã. De acordo com a sondagem CM/Aximage, realizada entre 31 de Janeiro e 2 de Fevereiro, a campanha dos defensores do «não» tem sido a mais eficaz, já que no espaço de duas semanas as intenções de voto no «não» subiram 13,9 pontos percentuais, ao passar de 29,8% para 43,7%." Aqui.

tags:

publicado por Jorge Ferreira às 20:23 | link do post | comentar | ver comentários (2)

Sábado, 03.02.07
Depois do pequeno rato, do pinto e da coisa, o Sim volta a mostrar o seu verdadeiro e desumano rosto: o embrião como se fosse um bocado de período preso. Força apoiantes do Sim! Ainda têm oito dias, não descansem de dizer estas inanidades até ao último segundo antes do referendo.

tags:

publicado por Jorge Ferreira às 18:33 | link do post | comentar

Sexta-feira, 02.02.07
"Aparentemente, só existe dinheiro para a aplicação imediata do aborto a pedido, seja no SNS ou através da subsidiação de clínicas privadas com o dinheiro dos contribuintes: Não há dinheiro para reforma nas urgências".

André Azevedo Alves, no Blogue do Não.

O certo é aborto Não, urgências Sim.

tags: ,

publicado por Jorge Ferreira às 23:23 | link do post | comentar

"É possível que a arrogância e os apelos demagógicos que têm caracterizado uma boa parte da campanha pelo “Sim” estejam também a contribuir para o crescimento do “Não”, mas creio que o factor principal está a ser mesmo a tomada de consciência de cada vez mais eleitores de que um voto no “Sim” equivale, na prática, a um cheque em branco para a implementação de uma política de abortos a pedido. Uma política de liberalização total e subsidiação do aborto em que serão as concepções mais radicais de extrema-esquerda a prevalecer."

André Azevedo Alves, no Blogue do Não.

tags:

publicado por Jorge Ferreira às 10:53 | link do post | comentar

O PS pôs o país a discutir pela milésima vez a liberalização do aborto, quando e como quis, perante a ineficiência cúmplice e acéfala da oposição da alegada direita, que embarcou alegremente no engodo. E é assim que há dois meses que não se fala no espaço público de quase mais nada, para gáudio da extrema-esquerda e satisfação de Sócrates, que lá continua a sua vida. A liberalização do aborto não é seguramente uma urgência nacional, embora seja assunto de espectáculo e de distracção geral garantida.

O ministro da Economia continua a ser o patinho feio do Governo, sempre a desfazer com método insuperável a teia mediática que o Primeiro-Ministro, com insuperável competência vai urdindo, para pôr o país a discutir o que lhe convém e não o que convém ao país.

A RTP, empresa de televisão do Estado, conseguiu também o impensável. Mobilizar o país para uma votação recreativa e inconsequentemente anacrónica, sobre qual terá sido o maior português de sempre, onde mistura portugueses literalmente desconhecidos com muitos outros tão comparáveis entre si como José Mourinho, Luís de Camões e a obscura ministra de Educação de Santana Lopes.

Parece que não gostámos de ser confrontados com a verdade: a de que os portugueses amam no inconsciente Salazar e Cunhal. Será de utilizar o ditado do político de Sta. Comba Dão, que em política o que parece é? Não sei. Talvez não. Mas não deixa de ser bizarro ver ir a votos os dois maiores adversários da democracia do século XX português. E lá andam colunistas e intelectuais a discutir as pessoas, os critérios, a seriedade da votação, a mobilização das militâncias, o envio de sms’s a atrair incautos a votar nas duas figuras, a psiquiatria da Nação. E Sócrates lá vai fazendo o seu caminho.

O PSD e o CDS parece só terem um assunto que os preocupa. Deitar os respectivos líderes abaixo o mais depressa e com o maior espectáculo possível. Para quê? Para romperem com o bloco central dos interesses? Não. Para mudarem o seu projecto político com a finalidade de mobilizar o país para substituir Sócrates? Não. Para construírem um projecto político diferente, alternativo e mobilizador? Não, visto que concordam com o essencial do sistema de que são paizinhos desvelados. Apenas para garantir que as listas de deputados em 2009 vão ter lá os seus nomes para mais quatro anos de paz parlamentar e sossego pessoal. As cadeiras, sempre as cadeiras.

Para cúmulo, a Câmara de Lisboa entrou neste espectáculo. A situação da CML é o espelho simbólico do fracasso do PS, do PSD e do CDS a nível nacional. É uma miniatura condensada, um episódio compacto, como os que as televisões costumam passar aos fins de semana das telenovelas venezuelanas, da vida política portuguesa. E promete.

No meio disto tudo a esperança no futuro é difícil, mesmo que venham investimentos indianos e chineses aproveitar a mão de obra barata portuguesa. Mas é essencial lutar por ela. É, aliás, nestes momentos, que é mais necessário.
(publicado na edição d ehoje do Semanário)


publicado por Jorge Ferreira às 10:49 | link do post | comentar

JORGE FERREIRA
Novembro 2009
Dom
Seg
Ter
Qua
Qui
Sex
Sab

1
2
3
4
5
6
7

8
9

20
21

22
23
24
25
26
27
28

29
30


ARQUIVOS

Novembro 2009

Outubro 2009

Setembro 2009

Agosto 2009

Julho 2009

Junho 2009

Maio 2009

Abril 2009

Março 2009

Fevereiro 2009

Janeiro 2009

Dezembro 2008

Novembro 2008

Outubro 2008

Setembro 2008

Agosto 2008

Julho 2008

Junho 2008

Maio 2008

Abril 2008

Março 2008

Fevereiro 2008

Janeiro 2008

Dezembro 2007

Novembro 2007

Outubro 2007

Setembro 2007

Agosto 2007

Julho 2007

Junho 2007

Maio 2007

Abril 2007

Março 2007

Fevereiro 2007

Janeiro 2007

Dezembro 2006

subscrever feeds
tags

efemérides(867)

borda d'água(850)

blogues(777)

josé sócrates(537)

ps(339)

psd(221)

cavaco silva(199)

pessoal(182)

justiça(180)

educação(150)

comunicação social(139)

política(137)

cds(126)

crise(121)

desporto(120)

cml(116)

futebol(111)

homónimos(110)

benfica(109)

governo(106)

união europeia(105)

corrupção(96)

freeport de alcochete(96)

pcp(93)

legislativas 2009(77)

direito(71)

nova democracia(70)

economia(68)

estado(66)

portugal(66)

livros(62)

aborto(60)

aveiro(60)

ota(59)

impostos(58)

bancos(55)

luís filipe menezes(55)

referendo europeu(54)

bloco de esquerda(51)

madeira(51)

manuela ferreira leite(51)

assembleia da república(50)

tomar(49)

ministério público(48)

europeias 2009(47)

autárquicas 2009(45)

pessoas(45)

tabaco(44)

paulo portas(43)

sindicatos(41)

despesa pública(40)

criminalidade(38)

eua(38)

santana lopes(38)

debate mensal(37)

lisboa(35)

tvnet(35)

farc(33)

mário lino(33)

teixeira dos santos(33)

financiamento partidário(32)

manuel monteiro(32)

marques mendes(30)

polícias(30)

bloco central(29)

partidos políticos(29)

alberto joão jardim(28)

autarquias(28)

orçamento do estado(28)

vital moreira(28)

sociedade(27)

terrorismo(27)

antónio costa(26)

universidade independente(26)

durão barroso(25)

homossexuais(25)

inquéritos parlamentares(25)

irlanda(25)

esquerda(24)

f. c. porto(24)

manuel alegre(24)

carmona rodrigues(23)

desemprego(23)

direita(23)

elites de portugal(23)

natal(23)

referendo(23)

apito dourado(22)

recordar é viver(22)

banco de portugal(21)

combustíveis(21)

música(21)

pinto monteiro(21)

bcp(20)

constituição(20)

liberdade(20)

saúde(19)

augusto santos silva(18)

cia(18)

luís amado(18)

todas as tags